27. A really nice day in Jersey, with french fries, love and pizza

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Depois de comer, pagar a conta e me dar um beijo de despedida, Gerard me deixou a duas quadras de onde eu morava, pois fiquei receoso de ele perder a moto num assalto e também descobrir meu endereço. Seria intimidade demais ele saber onde eu morava. Sem chance disso agora. Então, enquanto andava para casa, encontrei Corey fumando numa esquina. Ele disse "oi, Italiano" e eu grunhi uma resposta.

Corey era o outro puto daquela área. Pior, ele foi o primeiro puto daquela área e me ajudou numas coisas quando eu decidi dar o cu pra viver. Era um cara loiro, alto, olhos verdes e porte atlético, não muito musculoso. Com seu corpo e o corte de cabelo tigelinha, Corey era o twinkie quase perfeito. Seu rosto com a barba despontando e a boca com uma curva que fazia sua expressão amarga eram as únicas coisas que denunciavam que ele tinha mais de 20 anos. 26, para ser exato. Quando eu era carne nova no pedaço, consegui conquistar parte de seus clientes, mas pagava uma taxa a ele quando isso acontecia. Depois de um tempo eles voltaram pro Corey, e eu tinha uma gama de pagantes mais ampla que a dele. Quando ele me perguntou qual era o segredo, apenas disse que alguns gostavam de morenos e não loiros. Ele entendeu como uma afronta e o coleguismo e parceria que tínhamos se dissolveu. De qualquer jeito, ele sabia que estava ficando velho pra continuar na vida. Eu sabia que a profissão tinha prazo de validade, e por isso mesmo fiz de tudo para conseguir ao menos concluir o Ensino Médio. Mas Corey não tinha terminado o colegial. Corey sabia apenas contar o dinheiro e escrever seu próprio nome. Só Deus sabe o que esse homem passou.

– A fim de um cigarro, Italiano? Ou já está ocupado? – ele disse, a voz rouca e cansada. No trabalho, sua voz rouca era um charme adicional, com certeza, mas nem sempre ele estava usando a voz sensual. Aquele era um dos casos onde ele estava só sendo um homem magro usando touca numa esquina e fumando. E visivelmente bêbado. Não me importei.

– Por favor. – disse, estendendo a mão. Corey me deu um cigarro mentolado e sorriu ao acender pra mim.

– Tudo certo? Você parece cansado.

Poderia dizer o mesmo para ele.

– Tudo bem sim. Eu só… – traguei com vontade, sentindo a fumaça tóxica invadir meus pulmões. – coisa demais no colégio.

– É bom isso? Estudar?

Dei de ombros.

– É útil.

– Você sabe, eu tô pensando em voltar. Estudar com os adultos pra conseguir o diploma. Não dá pra viver de sexo pra sempre.

– Não dá mesmo.

– Mas você ainda tem muito pela frente. Eu… eu que fui otário e deixei a vida passar.

– Que nada, Corey. Nunca é tarde pra aprender. Não é o que dizem?

– É. Sabe, Italiano, eu lembro dos seus primeiros meses aqui. Desajeitado, comigo pagando suas contas, um favor que você nunca vai precisar pagar foram as aulas que eu te dei. Não posso negar que você é uma das putas mais importantes do bairro. E eu te considero um amigo. Você sabe disso, não é?

– Você também é meu amigo, Corey. – disse, sem saber se era verdade. Ele era um amigo? Onde ele queria chegar com esse assunto?

– Por isso essas passagens de avião. Você sabe, segunda feira é feriado na cidade e, bem, sexta você viaja.

– Por que você…?

– Jersey. Eu tô te mandando de volta pra Jersey. – ele concluiu, ainda caçando algo no bolso. Pegou as passagens de avião e me entregou. Essas merdas eram caras.

– Corey?

– Não fui eu quem pagou, só estou entregando. Aliás, ele mandou dizer… Michael Way mandou um olá.

The Radio Guy Hates The ActorOnde histórias criam vida. Descubra agora