6. Bob, shame and changes

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Vamos voltar ao ponto "Gerard Way é odioso" e tentar ligar isso a "pessoas são odiosas" futuramente, okay? Espero que esteja ok, porque a semana à qual vou me referir foi a mais estressante da minha adolescência.

Tudo começou na sexta.

Sei, é tarde demais para um começo, mas foi quando eu comecei a ficar à beira de um colapso nervoso. Depois de ter falado na quarta que Gerard gostava de mim, ele passou a me olhar torto pelos corredores, sussurrar com Alicia e com Mikey, e nenhum dos dois me contava alguma coisa, mas eu sentia as orelhas arder, sabendo que ele falava de mim. Na quinta feira, eu tinha o rádio para administrar, e falei sobre coisas neutras antes de sair da cabine e ter que encarar o professor de Física me explicando que colar não era o adequado (no último teste, eu havia sentado atrás de Mikey e copiado todas suas respostas, o ruim era que um terço delas não estava certo. Mas com certeza seria pior se eu tivesse feito o teste sozinho), e que mentir ainda era uma falta grave. Perguntei se ia pro Inferno, e ele disse que eu podia pedir perdão a Deus na próxima missa. Achei uma boa ideia. Quase ao fim daquele dia, ainda teve Bob conversando comigo despreocupadamente na arquibancada do rinque de hóquei, e Gerard olhando de longe como se estivesse triste. Mas não o tipo certo de triste. Era como se estivesse triste por mim.

Já na sexta, a coisa foi mais complicada. Estavam saindo à tarde Mikey, Alicia e Gerard, e enquanto Pete e eu nos despedíamos deles, alguém disse que Raymond disse que precisava conversar comigo.

Eu fui para onde me foi indicado, obviamente. Chegando lá, era mesmo Ray que queria conversar comigo, mas ele estava diferente. Mais… sério. Quase um padre.

– Sentaí, Frank. – ele falou. Estávamos numa sala de aula de uma das turmas de ginásio, que estava vazia por conta do horário. Eu me sentei, e encarei Ray com desconfiança.

– Desembucha.

– Eu queria falar sobre você e o Bob… – começou. Quase bati nele; será que todos do meu círculo social gostavam daquele tema?!

– O quê?

– Eu vejo o comportamento de vocês, Iero. Como vocês ficam perto um do outro… e eu sei que você gosta dele. Mas ele não gosta de você.

– E quem disse que eu gosto dele?

Ray suspirou, como se estivesse cansado.

– Você mesmo. É como se você precisasse de alguém por quem se apaixonar, e Bob se transformou nessa figura. Mas ele não gosta de você desse jeito. E esse fim de semana talvez não seja tão bom.

– Você tá errado. – cruzei os braços. – Eu nunca disse que era gay pra ficar me apaixonando por homens!

Essa era a principal questão: eu não era gay. Não, eu gostava de garotas! Eu pensava em algumas garotas quando me masturbava. E pensava em alguns garotos também, mas eram majoritariamente garotas, o que não me deixava gay, eu acho. Eu gostava de Bob, e isso deixava tudo mais gay, mas fora isso não havia nada que pudesse implicar na minha sexualidade duvidosa; nada.

– Eu não disse que você é gay, Frank. – disse Ray, calmamente. Odiava quando ele ficava tão calmo. – Eu disse que você queria ter algo com Bob porque quer provar algo a si mesmo: que você pode se apaixonar.

– Ray, eu tô falando sério. – eu precisava me mostrar sério para provar meu ponto. – Não tem nada de errado entre eu e Bob, e nada de ruim vai acontecer.

É, o universo gostava de mostrar como eu sempre tava errado.

Sábado, eu estava bem com minha imagem depois de vestir aquela camiseta branca por baixo daquele colete de couro e calças pretas (exatamente, aquelas que caíam e eu usei em Julho na casa de Mikey), e em meu quarto Jonas dormia ruidosamente e Pete já havia saído para o treino. Fui uns 40 minutos depois dele, dando tempo para o time se arrumar e não parecer muito afobado, e cheguei na arquibancada pouco depois do início do treino em grupos. Bob passou patinando em minha direção, e deu um tchauzinho com a mão enluvada. Parecia bastante satisfeito com a minha presença, o que me fez sorrir abertamente.

The Radio Guy Hates The ActorOnde histórias criam vida. Descubra agora