Lindsey Ballato estudou no St. Jude, internou-se num convento e saiu de lá três anos depois, quando percebeu que não conseguiria seguir todas as regras necessárias para se tornar uma freira. Fez um curto curso de maquiagem artística, e depois voltou a Jersey, para o colégio que contribuíra para que tudo começasse. Como uma ex-noviça de 24 anos, baixista de banda de estúdio e motorista de kombi ela era boa; mas como maquiadora ela era excelente. E era como maquiadora da equipe de teatro que ela punha chifres em Jamia Nestor.
Segunda feira, 3 de Novembro, e nós sentados tomando café da manhã. Novamente o nós havia mudado; agora Gerard tinha voltado à mesa, Alicia parecia ocupada ainda, eu, Mikey e Ray éramos vitalícios, Jonas Smith às vezes se sentava conosco, Jamia nem sempre ia ao refeitório, e assim ficávamos. Naquele dia estavam todos menos Jonas, comendo mingau enquanto eu bebia café e Gerard bebia água, quando Jamia apareceu. Nós nunca rimos tanto.
Era uma bela cena. A franja caía num olho, mas não cobria o chifre do lado direito da testa. O esquerdo estava desprotegido, alaranjado, apontando para a frente como chifres de um antílope. Quando nos viu rindo, ela sorriu, e eu sabia que estava tudo bem. Porque, de qualquer jeito, eu me lembrava de que sua família havia saído do Texas após Jamia ter sido expulsa de três escolas (mas ela não me contou o motivo), então ainda havia um certo medo de ela explodir de repente e começar um massacre. Quando se juntou à nós na mesa, ainda rindo, deu um tapa na testa de Gerard.
- Ai! - ele não conseguia parar de rir.
- Você tá rindo? Eu podia te cegar com essa colher! - Jamia não conseguia ficar indignada o suficiente. Segundo ela me contara, Gerard e Alicia estava ocupados trabalhando com o diretor da equipe de teatro numa peça que prometia ser interessante, tanto que até Lindsey, que tinga brigado com o padre por algum motivo, havia conversado com Alicia e sido chamada para trabalhar naquilo. Seria o primeiro papel de destaque de Jamia numa peça, e ela estava tão animada que eu não conseguia dizer pra ela que não fazia nenhuma diferença, porque a equipe de teatro era uma piada. No início, Gerard parecia tentado a chamar um garoto do 8º ano que parecia ter um talento exponencial, segundo ele, para ser o Diabo da peça. Mas foi convencido que não seria ele quando a maquiadora pôs os olhos em Jamia e disse "Bem, é ela quem eu vou maquiar". Não entendo muito dessas coisas, mas acho que agora Jamia tem um talento exponencial.
- Você não vai cegar. Eu sou o protagonista da peça!
- Aham, é você sim. - ela riu. - Mas adianta se você morre?
Ray deu um tapa no braço de Jamia. - Eu quero assistir a peça!
- Não faz diferença. Eu só disse que ele vai morrer, não disse como ele vai morrer.
- O Gee morre na peça? Vou até tentar assistir.
- Você iria assistir de qualquer jeito, garoto do rádio. - Gerard deu um tapa na minha testa, rindo. - É o seu trabalho.
Ficamos conversando até o fim do curto intervalo, e rindo dos chifres de Jamia como idiotas, quando tivemos que ir cada um para suas aulas. Enquanto andava com Mikey, vi que ele ria de mim por algum motivo. Tentei relevar, mas é meio difícil ignorar um amigo rindo de você.
- O que é? - aquilo estava me deixando puto.
- Você chamou meu irmão de Gee. - respondeu, e continuou rindo. - O Gerard vai falar disso o dia inteiro.
Eu não entendi. Melhor, preferi não entender.
•••
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The Radio Guy Hates The Actor
FanficTinha esse garoto que estudava no colégio católico que o meu, o Gerard Way. E eu não gostava dele. Até aí comum, eu não gosto de muita gente. Mas aconteceu uma coisa. E essa coisa gerou muitas outras coisas diferentes que explicam por que acontece o...