No dia seguinte, Gerard e eu levamos uma suspensão do Padre Patrick que duraria três dias.
– Vocês se beijaram em um corredor do colégio e não estavam em seus dormitórios no horário previsto! – ele reclamou. – Vocês acham que esse é o plano de Deus para nós?
– Você reclamaria assim se fosse um casal heterossexual? – cruzei os braços, com raiva. Se meus pais soubessem, nem sabia o quanto ia apanhar.
Gerard e Patrick responderam em uníssono:
– Sim.
Então eu não pude reclamar tanto, depois que Gerard defendeu a atitude do padre. Mandaram uma carta para o senhor e a senhora Way, e mandaram uma para meus pais também. Enquanto o ônibus não vinha para desovar-nos em nossas respectivas casas, eu joguei xadrez com Jonas Smith.
– Frank, eu… nós podemos conversar? – ele moveu um peão. Eu o olhei; Jonas parecia tão apreensivo.
– É claro. O que houve? – cavalo à minha esquerda. Ficou bem perto do peão dele.
– Meus pais. – ele suspirou e segurou um bispo. Não o movimentou, no entanto. – Eles sabem que eu sou gay.
– Caralho. – foi o que eu pude dizer. Todos do colégio talvez pensassem que eu era viado 24/7, mas ao menos meus pais não sabiam. Não sei quais seriam as consequências se eles soubessem.
– Eles vão me tirar do St. Jude. – e moveu o bispo. – Disseram que antes de eu entrar aqui eu era um garoto bom e temente a Deus, e agora sou um transviado abusado. Mas acho que eles esquecem que é só aqui que eu tenho amigos.
Não consegui ajudar além de mover um peão.
– O meu pai… – ele começou. Depois de tempos transando e conversando, sabia bem como era a relação de Jonas com o pai. E é claro que eu odiava aquele homem mesmo sem tê-lo visto. – Ele me contratou uma puta no último fim de semana. Disse que é para eu virar homem. Eu fiquei tão doente, Frank. Porra, eu não consegui fazer nada. A moça disse que eu não precisava, podíamos fazer barulho e depois sair meio amarrotados, que ela entendia minha situação. Provavelmente não fui o primeiro gay que ela atendeu.
Ele moveu o bispo novamente, e pôs meu cavalo em sua linha de ataque.
– Muitas vezes os pais falam e não fazem. Sabe, eu não acho que eles vão te tirar do colégio. – movi o cavalo em perigo.
– Eu não posso sair daqui. – ele disse, levemente desesperado, e catou meu bispo. Eu não tive muita opção a não ser catá-lo com a torre. – Eu não sei viver fora daqui. E se o meu pai me pôr num colégio de meio período? Ele vai me bater pelo resto do dia? Eu vou poder jogar xadrez? Eu vou poder continuar sendo católico, mesmo que todos me achem um pecador?
Eram muitas perguntas que eu não sabia como responder. Suspirei.
– Eu sinto falta de quando você ficava nervoso com algo e a gente fodia pra relaxar.
– Nem tudo se resolve com sexo, Iero. – ele coçou o cavanhaque (aquele montinho de pelos que eu achei estranho na cara dele) e moveu um peão. – Mas eu também sinto falta daquele tempo.
Há duas semanas atrás, esse diálogo provavelmente acabaria com nós fechando o tabuleiro e indo para qualquer canto mais isolado para transar. Mas não sea mais a mesma coisa; eu gostava de Gerard, Jonas tinha seus problemas que lhe faziam roer as unhas e analisar desesperadamente seus movimentos possíveis no xadrez, e era estranho pensar que não éramos os mesmos.
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The Radio Guy Hates The Actor
FanficTinha esse garoto que estudava no colégio católico que o meu, o Gerard Way. E eu não gostava dele. Até aí comum, eu não gosto de muita gente. Mas aconteceu uma coisa. E essa coisa gerou muitas outras coisas diferentes que explicam por que acontece o...