12. Faggot, Fucked up, or Frank

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Gerard Way era um idiota. Mas o tipo de idiota bom.

Ele estava com o meu presente, e enrolou o tanto quanto pôde para me entregar assim que chegamos à sua casa. Conversou com seu pai, mostrou seus doces a Mikey, e quando disse que ia tomar um banho eu quase bati nele. "Você vai me dar o meu presente ou vai ficar de palhaçada?", perguntei. Gerard ergueu as sobrancelhas, e eu quase pude ouvi-lo me responder insolentemente, mas ele nada disse: apenas deu meia volta e abriu a porta de seu quarto.

Eu nunca tinha entrado no quarto de Gerard, então foi legal observar seus pôsteres de bandas nas paredes, um quadro negro com alguns nomes estranhos e horários ao lado (me pareceram nomes de remédios), e seus vinis e cassetes enfileirados numa prateleira prateada rabiscada com frases e desenhos não muito elaborados. Apenas a cama bagunçada, com o travesseiro fora da cabeceira, me sinalizava que aquele era o quarto de um jovem adulto quase problemático. Como dizia minha mãe (para me obrigar a arrumar as roupas de cama), uma cama diz muito sobre o seu dono.

– Sua cama tem cheiro de tinta guache. – eu disse, invadindo o espaço pessoal de Gerard e tomando a liberdade de sentar na cama dele.

– E isso é ruim? – ele procurava algo dentro de seu guarda roupa cinzento desde que entramos, e parecia animado por ter encontrado quando fechou a porta do móvel.

– De jeito nenhum. – eu sorri para ele. E ele sorriu para mim. E foi engraçado de alguma maneira, porque nós rimos.

Depois, ele se sentou ao meu lado e me entregou uma pasta de papel pardo, e disse um "É aí dentro que está o seu presente." Seria legal se fosse um cheque, pensei, mas provavelmente não era. Ainda assim, não tinha muito peso. Fiquei tentando adivinhar o que era durante 30 segundos antes de finalmente abrir a pasta.

Eu não poderia ter ficado mais surpreso.

Era um desenho feito à lápis. No desenho, eu sorria como minha mãe e tinha um escorpião tatuado no pescoço, como vivia dizendo aos quatro ventos que queria fazer. Vestia uma roupa de superherói, com capa e tudo o mais, e tinha um "F" vermelho no peito enquanto sobrevoava um cenário que parecia feito de bixcoito, de tão pequeno que era. Mas eu reconheceria aquela cruz em qualquer lugar.

– Eu estou na St. Jude!

– Sim, você está!

Eu não conseguia parar de sorrir. Algumas partes do desenho estavam coloridas (como o F, meus cabelos azuis e a cruz amarela), mas boa parte era preto e branco. Um preto e branco bonito, que parecia a porra de uma foto. Eu não sabia que meus olhos eram tão claros. Muito menos que Gerard ficava por aí me desenhando. Tentei não pensar nele com um lápis na mão enquanto me encarava, então, eu me lembrei das aulas de Artes (nas quais eu sempre me fodia) e perguntei:

– Claro e escuro ou luz e sombra?

Gerard riu.

– Luz e sombra. Como diabos você não reprovou em Artes?

– Eu tive sorte. – dei de ombros.

– Mas diga, você gostou do presente?

Demorei a responder. Olhei o desenho, depois um Gerard apreensivo, e sorri de lado.

– Depende. O que significa o F?

Depende. Pode ser bicha, ou fodido… ou sei lá, você pode pensar que é um F de Frank.

Eu ri como um bobo, e então Gerard riu também. Eu não era um grande amante das artes mas, merda, era um desenho meu, e aquilo era legal pra caramba. Será que fora aquele desenho que Gerard escondera de mim durante semanas? Ou ele sempre estava desenhando? Eu nunca havia reparado. Mas, depois de perceber que Gerard reparava um bocado em mim, ou pelo menos o suficiente pra desenhar minha cara num papel, decidi que repararia mais nele.

The Radio Guy Hates The ActorOnde histórias criam vida. Descubra agora