Ao fim da suspensão, Gerard e eu estávamos mais próximos que nunca. Em apenas um daqueles dias não nos vimos, mas no resto foram beijos, abraços e carícias enamoradas. Parecíamos perdidos de amor, e eu até me sentia realmente perdido enquanto nos braços de Gerard, me esquecendo temporariamente quem eu era e onde estávamos, acreditando piamente que eu era o namorado do Gee e onde eu estava era, obviamente, com ele. Não importava tanto onde, mas eu sabia que a minha melhor versão estava ali, no melhor lugar do mundo.
Os olhos de Gerard também entregavam bastante ele. No tempo que passamos em sua casa, apenas ouvindo música e jogando dominó na sala, ele me olhava como se eu fosse o Taj Mahal, ou alguma outra maravilha. Ele me admirava calado, e se eu perguntasse um "o que está olhando?", ele balançava a cabeça e não respondia. Por mim, tudo bem ele não responder. Eu sabia que ele olhava pra mim do mesmo jeito que eu olhava pra ele.
– Você conhece a metáfora do afogamento? – perguntei, no último dia de suspensão. Estávamos deitados no gramado do quintal da casa dele, com uma toalha embaixo da gente, eu com a cabeça no peito de Gerard e sentindo seu braço me envolver, enquanto me distraía com os botões de sua camisa. O sol poente batia em nós e deixava nossos corpos com uma luz alaranjada, mas era morno e bom.
– Não sei. Me conte.
– Você deve saber, a paixão e o afogamento são muito parecidos. Os dois te imergem em algo que te sufoca, mas que ao mesmo tempo está dentro de você o tempo todo. E então você morre. Acho que morrer é o ápice dessa metáfora, sabe? Porque você se afunda em alguém até a morte, e tá tudo bem. A água estava dentro de você mesmo quando você não tava se afogando. O amor estava ali antes da pessoa. Mas mergulhar no amor é bom para constatar isso.
– Amar é como se afogar.
– É. É igualmente avassalador. E desesperador. Mas no fim é pleno. Em um dos dois é porque você morre, e no outro é porque você é correspondido, ou não. No meio do mar, ou a pessoa que você ama foge com uma bóia ou se afoga contigo.
– No meio de uma tempestade eu não tentaria lutar. – disse Gerard. Ele parecia sincero. – Uma tempestade no mar. Se eu estivesse me afogando contigo, eu não me importaria. Se a gente afundasse e se perdessem nossos corpos na areia, ah… foda-se. Eu teria você.
Tirei os olhos do peito de Gerard e olhei seus olhos claros. E tive que me aproximar. – Você não se importaria de encarar uma tempestade?
– Contigo? Não.
– Bem, – pus uma mão em seu rosto, sentindo a barba dele crescer novamente, e deixei meu rosto perto do dele para então sussurrar: – tá começando a chover.
E ele me beijou, necessitado. Meus dedos alcançaram seus cabelos e puxaram levemente, fazendo Gerard inclinar o rosto em meu favor, e eu pude sentir seu suspiro meio gemido dentro de minha boca. A boca de Gerard era sincera; buscava pela minha, gemia em satisfação, não queria esconder nada. No geral, Gerard parecia sincero comigo, e aquilo era ótimo. Mas obviamente eu não pensava naquilo sentado em seu colo, sentindo uma mão possessiva em minha cintura e a outra ainda em meus cabelos. Poderia ter sido um beijo doce. Mas éramos adolescentes e estávamos apaixonados, e eu logo me sentei em seu colo, e logo nossos rostos estavam quentes e nossos corpos pedindo por mais, mas não atendemos nossos pedidos carnais. Não ainda. Ainda não era o momento, ali, no gramado da casa dele, durante uma suspensão. E a gente só sabia disso.
– Eu quero me afogar com você, Frank. – ele sussurrou depois que o beijo se rompeu, me abraçando. E eu fechei os olhos com aquele abraço; a sensação de pertencimento.
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The Radio Guy Hates The Actor
Fiksi PenggemarTinha esse garoto que estudava no colégio católico que o meu, o Gerard Way. E eu não gostava dele. Até aí comum, eu não gosto de muita gente. Mas aconteceu uma coisa. E essa coisa gerou muitas outras coisas diferentes que explicam por que acontece o...