Ele estava bonito. Não, bonito não, bonito é muito pouco; ele estava sensacional. Inacreditável.
Gostoso.
Merda, Gerard Way era lindo pra caralho. E ele estava diferente ali, segurando a alça de sua bolsa carteiro; em pouco parecia com o aspirante a ator que eu conheci. Primeiro que seus cabelos estavam curtos. Segundo que estavam brancos, como se ele tivesse passado tempo demais com o descolorante na cabeça. Terceiro que havia uma barba meio ridícula de rala na sua cara. As mudanças eram muitas. Ele tinha um bigode torto que eu achei até charmoso. E não usava nenhuma peça de roupa preta. Vestia um suéter verde (pera, ele roubou de mim esse casaco?) e calças rasgadas. E calçava coturnos. Engraçado o Gerard de coturnos. Não parece fazer o estilo dele.
Ele estava parecendo um homem. Pior; um homem bonito, decidido, forte e quase formado em Belas Artes. E eu?
Eu sera um italiano careca com uma 38 na mochila.
Não devemos ter nos olhado por mais de três segundos.
– Eu vim aqui para ajudar vocês. Faz um ano e meio que estou na Juillard e creio ter aprendido algo que possa responder as perguntas que vocês tiverem. E, se eu não souber as respostas, certamente o Prof. Mohawk saberá. – Gerard disse, as mãos unidas na frente do corpo. Nervoso? Tímido? Apreensivo?
– Bem, Gerard, já que estamos aqui, que tal você explicar o trabalho para a turma?
– Ah, bem. É o seguinte: – ele pegou um pedaço de giz quebrado e apontou para o quadro. – Vamos trabalhar com esculturas gregas, certo? O que nós sabemos sobre isso?
– Que elas vieram da Grécia? · chutou um aluno. Gerard abriu um sorriso lindo.
– Com certeza. Além disso…
Ele explicou sobre os ideais de beleza da Grécia Antiga, nos orientou sobre o que iríamos reproduzir (ou reler, como disse ele) e imitou o Discóbolo segurando uma folha de papel como a nossa.
– Vocês percebem que o corpo do atleta está levemente voltado para trás? Percebem como podem ver seu peito?
O professor Mohawk nos assistia, encantado, sentado em sua cadeira. Provavelmente estava feliz por termos aula de Artes. Filho da puta. Por que porra ele trouxe Gerard aqui? Não consigo prestar atenção como deveria. Apesar de ter captado umas coisas, Gerard Way andando de lá pra cá numa sala se aula ajudando meus colegas de classe com suas dúvidas com certeza me desorientava. Os dois tempos de aula passaram rapidamente e eu estava ainda desenhando o Discóbolo quando todos já haviam terminado. Demorei a perceber que não estava desenhando porra de escultura nenhuma, e sim um Gerard sem camisa segurando um disco.
Pelo menos o nariz ficou bom.
– Iero? A aula acabou. – avisou Mohawk. Era o intervalo do café da manhã, com certeza ele estava ansioso para sair e comer algo na sala dos professores.
– Tô terminando. – disse, ainda rabiscando. Nunca gostei de interrupções.
O professor até pareceu a fim de perturbar, mas Gerard soltou um
– Pode ir, professor. Eu posso auxiliar ele durante o intervalo.
– Mas você já está liberado, Way.
– E daí? Significa que eu posso ficar aqui, não?
Eu quis mandar ele ir embora. Mas me contive porque, talvez, eu quisesse ficar sozinho e ter aquela conversa com Gerard. Talvez a gente precisasse daquilo.
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The Radio Guy Hates The Actor
FanficTinha esse garoto que estudava no colégio católico que o meu, o Gerard Way. E eu não gostava dele. Até aí comum, eu não gosto de muita gente. Mas aconteceu uma coisa. E essa coisa gerou muitas outras coisas diferentes que explicam por que acontece o...