21. an american whore living an American Dream

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As minhas roupas ainda estavam amarrotadas no chão do quarto e minha bunda doía quando eu acordei. Eram dez da manhã. Pelo menos havia dinheiro.

Estava difícil conciliar o emprego e a escola. Com 17, numa escola pública concluindo o ensino médio de manhã e dando o cu por dinheiro à noite, eu tinha que priorizar o que era prioridade. E é horrível dizer, mas comer ainda é mais gratificante que estudar. E eu tinha uma gama diversificada de clientes. Uma mulher que me amarrava e me batia, um homem com bigode engraçado que gostava que eu fingisse ser um porco enquanto me fodia, entre outros tipos peculiares. Dava bastante certo.

Vocês devem estar se perguntando como eu fui de garoto do rádio a puta novaiorquina, e tudo bem, eu respondo.

Eu cometi um crime daqueles.

97 foi um ano cheio. Apanhar todo dia e ficar preso num quarto empoeirado durante os últimos meses do ano, sem comida direito e pouca água também com certeza não era meu plano inicial. Eu falava com os amigos por telefone durante cada vez menos tempo. Saí do grupo do RPG por conta das faltas consecutivas. Fiquei um pouco mais magro e definitivamente doente. Meus cabelos caíram no meio da cabeça e não voltaram a crescer em 98, então eu passei a máquina #0. Me deu um ar rebelde; eu gostei.

Já no início/metade de 98, pouco depois de terminar com Gerard e ter o ano letivo iniciando, minha mãe me disse que havia destrancado minha matrícula no St. Jude.

"Eu não posso concordar com o seu pai nessa. Você precisa estudar, Frank. Tem um futuro promissor."

"Mas o que ele vai fazer quando descobrir que você fez isso?", perguntei. Eu sempre tive medo por ela.

"Eu nunca faço nada por você, filho. Me deixa fazer pelo menos isso."

Eu voltei pro colégio numa segunda feira, arrumado e sorridente. A semana discorreu otimamente. Gerard e Alicia haviam se formado, mas eu finalmente estava feliz e entre as pessoas que eu amava. Apesar de estar uns meses atrasado, havia sido aprovado. Último ano. Estávamos todos muito bem. Não respondi nenhuma das muitas perguntas sobre o que estava acontecendo em casa. Mas sábado tive que voltar.

Meu pai estava discutindo com Linda quando eu cheguei. Berrando com ela e lhe acertando tapas. Aquilo me subiu sangue à cabeça, porque mesmo que a minha mãe não me ajudasse quando era comigo, eu sentia que ela queria ajudar. E mesmo que ela fechasse os olhos a cada porrada que eu levasse, eu não podia fazer o mesmo quando se tratava dela. Larguei minha mala no quintal e entrei em casa possesso, a camisa do uniforme quase totalmente aberta e o peito inflado de ar.

"Solta ela!" berrei, e Frank se virou na minha direção. Ergueu uma sobrancelha.

"Quem você pensa que é pra…"

Não dei tempo pra ele terminar; soquei seu nariz. Céus, eu queria fazer isso há tempos. Agarrei seu terno e fui puxando o desgraçado pra fora de casa. Ele agarrou meus pulsos e tentou me parar, mas já estávamos com quase a mesma força. Lembro de já ter dito isso antes, mas pra quem está no meio da briga ela sempre é mais encantadora do que pra quem vê de fora.

E foi uma luta épica.

Um embate entre dois gladiadores, um baixinho e outro enorme, o baixinho com as mãos presas e o enorme desferindo socos e berros, o público atento. Os vizinhos fofoqueiros, no caso. Minha mãe chorando. Ela sempre chorava. E aquilo me deixava triste.

Bruno havia aparecido no quintal também, e tentava acalmar a mamãe. Eu brigava ainda, e estávamos quase caindo na rua, eu e papai. Ela veio e conseguiu nos alcançar, pedindo por calma. Não sei direito se fui eu quem acertou um chute nela ou se foi Frank, mas sei que alguém chutou.

The Radio Guy Hates The ActorOnde histórias criam vida. Descubra agora