Capítulo 16

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Alberto chegou ao RJ e ficaria na casa de Luiza. Ela fez questão; Luciana ficou com ciúmes, mesmo ele explicando que ela era como uma mãe para ele. Ele não se importou e foi assim mesmo.

Luiza o recebeu no aeroporto e Alberto surpreendeu-se com Hugo por ter crescido tanto.

Foram jantar numa pizzaria em Sulacap, na famosa "Vila Italiana". Comeram uma deliciosa pizza feita no forno à lenha e conversaram bastante. Luiza perguntou sobre Luciana e sobre a rotina de Alberto que agora estava trabalhando. Ele contou os pormenores e demonstrou uma certa tristeza por não estar mais fazendo os trabalhos sociais.

— É assim mesmo, Alberto, é difícil. Eu também estou apenas cuidando dos dois aqui.

— Já é um valioso trabalho. — disse ele.

— Não fique assim, comece aos poucos. Amanhã vamos ver Renato, ok?

— Claro! Vim para isso. Também estava com saudades de vocês.

Alberto passou o restante da noite brincando com os meninos.

No dia seguinte foram ver Renato. Ele estava mal, a saúde debilitada, mas com o espírito resignado, aceitando sua condição. Podia falar bem pouco; ficou alegre por ver Alberto.

— Jovem Alberto! Bom te ver.

Ele estava mais magro.

— Renato, o que houve com você?

— Uma pequena doença. Ficarei bem. Como está lá em Brasília? E sua página, muito sucesso? — deu um leve sorriso.

Alberto contou como estava e Renato entendeu.

— Não relaxe com as coisas de Deus, garoto. — falou com um sorriso no rosto — Deus te ama!

Conversaram mais um pouco e se despediram.

— Muito obrigado pela visita. Vai ver o projeto se tiver tempo. Estamos aos poucos recuperando algumas pessoas. A maioria está trabalhando na casa.

Alberto já ia saindo e Renato pegou sua mão.

— Alberto — olhou sério em seus olhos —, se algo acontecer comigo, cuide de Luiza e dos meninos. Você é um ótimo menino, Hugo falava muito bem de você. Luiza sente-se bem com sua presença.

Alberto olhava-o com lágrimas nos olhos. Sentia-se mal por ter ido embora e foi desabafar enquanto começava a chorar.

— Renato, por favor, me desculpe. Não devia ter ido embora assim — continuava desabafando —, me sinto um covarde. Desculpe mesmo.

— Que isso, Alberto. Você tem sua vida para cuidar. Dê-me um abraço. Nós todos gostamos muito de você aqui. Ajudou-nos bastante. Tudo ficará bem.

Quando voltou para casa Luciana já queria vê-lo. Fez um curto interrogatório ao qual Alberto respondeu impaciente. Ele estava ainda pensativo em relação a voltar a agir. Olhou suas últimas discussões na página: política, brigas em estádios e a forma mais adequada de educar uma criança. Nenhuma chegava a um consenso, mas isso é normal e esperado. O que o deixou curioso foi ver que o mundo, ou o Brasil, estava totalmente dividido. Esquerda e direita se manifestavam em sua página atacando um ao outro sem direito a raciocínio. Tais coisas o deixavam tão nervoso que não tinha paciência para discutir. Antes, essas pessoas precisariam de educação, bom-senso e raciocínio, muito raciocínio.

Pensou em voltar a debater, mas já considerava tempo perdido a forma como era feito em sua página. Discussões na internet as pessoas falam sem travas, falam sem respeito e muitas não estão realmente interessadas no assunto, falam qualquer coisa só para divertirem-se.

Ocupou-se em mudar a página. Anunciou que iria fazer uma nova, desta vez mais séria e respeitosa. Pensou também em fazer grupos como o que fiz com Raphael no Rio:

presencial. Conversou com os mais frequentes e viu ser impossível com eles, pois eram quase todos de fora. Foi então ver quem era de Brasília e os frequentes eram poucos: apenas 3.

"Pode ser" — pensou.

Marcou um encontro com eles e disse querer fazer algo diferente. Algo prático, não só ficar conversando, como faziam no grupo, mas ajudar as pessoas, ajudar o país.

Luciana via tudo com olhos distantes. Achava linda a atitude de seu namorado, mas não se apegava tanto. Preocupava-se em ocupar seu tempo livre estudando livros e escrevendo.

Foi então que Alberto conheceu Maria, Reinaldo e Jonas. Os três que participavam de seu grupo.

— Então, o que vamos fazer? — perguntou Jonas, um rapaz magro e alto, determinado em palavras, mas fraco de ideias.

— Quero mudar algumas coisas. Montar um grupo de ajuda efetiva. Não sei bem o que fazer ainda, mas quero fazer.

Discutiram alguns pontos sem saber direito o rumo a seguir.

Três dias depois de Alberto ter voltado, Júlio César o ligou:

— Poxa, não acredito que veio aqui e não falou comigo.

— Júlio César, que saudade! Pô, a correria foi intensa. Fui visitar Renato, ele não está bem.

— Fiquei sabendo. E aí, como você está?

Os dois trocaram papos furados e Júlio César disse estar bem amigo de Jason Franco, o repórter. Disse inclusive que diminuía seu trabalho na loja de fantasias para trabalhar com ele em alguns projetos dele.

— Incrível! — falou Alberto entusiasmado — sinto muito a falta de vocês.

— Queríamos você aqui, ia ser um grande aliado em nossos projetos.

— Quero saber mais disso aí.

— Qualquer hora eu te conto melhor. Estou um tanto ocupado agora. A próxima vez que vier me chame para sair.

— Pode deixar, estou pensando em voltar logo logo aí.

Luciana ouviu bem essa parte e não gostou. Ela mostrou-se ser bem ciumenta e, apesar de ser amável, linda e um tanto de outras qualidades, era um pouco possessiva. Uma pequena discussão se deu e mais uma vez Alberto quis sua liberdade. 

A HISTÓRIA DE UM OUTRO ALGUÉMOnde histórias criam vida. Descubra agora