— Mãe, como está o tio Alberto?
— Está bem, meu filho. Vou ver se ele vem aqui neste final de semana.
— Sinto saudades dele. Tô querendo viajar, queria antes pegar umas dicas com ele.
— Ué, vai para onde?
— Estou querendo ir de carro até o Rio Grande do Sul com uns amigos.
— E não ia me contar?
— Claro, né. Só estou planejando. Queria ver com ele porque ele fez essas viagens doidas.
— Ele está bem sumido mesmo. Anda muito ocupado, meu filho. Mas vou ligar para ele.
— Certo.
Alberto marcou um churrasco na casa de Luiza, só eles mesmo, para passarem um tempo juntos.
Conversou bastante com Ricardo, brincou com o pequeno Hugo e conversou também com Luiza.
— E como você está? Estamos nos desencontrando no projeto. Já faz um tempo, né?
— Pois é, estou numa correria tremenda, mas estou mesmo precisando falar com você, estava com saudades.
— É verdade. Eu to vendo você nessa correria. Estou muito orgulhosa. Hugo acertou quando falava que você ia ser um grande homem.
— Que isso! Ainda não sou nada.
— E como está na loja?
— Está indo muito bem. Estamos fazendo grandes melhorias nela.
— Maravilha! Sabia que ia dar certo.
— Eu queria estar ajudando mais no projeto de recuperação do pessoal de rua...
— Você tem feito um excelente trabalho no acompanhamento pós recuperação. — cortou-o Luiza.
— Mas ainda sinto que não estou atuando tanto. Acho que esse é o projeto que mais tem potencial de dar certo. Sério, olhe o que podemos fazer... O espaço é grande, mas ainda não é tão funcional.
— Você tem razão.
Eles comeram e beberam um pouco.
— Vamos à praia? — disse Luiza.
— Agora!? Vamos, por que não?
Eles foram. Era um domingo à tarde. Chegaram lá, pediram uma cerveja e ficaram olhando o mar.
— Hugo adorava fazer isso. Ficávamos tardes e tardes aqui. Uma paz tremenda. Ele vinha aqui e conversávamos sobre filosofia, modos de viver e tudo mais. Eu tentava passar para ele que a vida é isso aqui. É simplicidade. E ele, bom, ele me motivou a viver uma grande obra. Ele era motivador, contemplativo e especial. — falou Luiza.
— Eu aprendi muito com ele.
Eles estavam lá sentados, os meninos brincando na areia, de futebol, enquanto veem um pastor passando e entregando um folheto com a palavra de Deus. Chega neles e fala:
— Não temam, meus amigos, pois nosso espírito é eterno. Ainda que o machuquem, não poderiam atingir o mais importante em nós, que é...? — ficou esperando a resposta, como um professor espera um aluno completar a pergunta.
Alberto não acreditava no que ouvia...
— Nossa alma?
— Exato! Não podem. Fiquem em paz.
E entregou—lhes um folheto com os dados de sua igreja.
Alberto ficou um tempo ainda meio estático. Luiza não sacou na hora, mas Alberto entendeu de cara que deveria falar com aquele pastor.
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A HISTÓRIA DE UM OUTRO ALGUÉM
SpiritualQuantos de nós não chegamos ao ponto de sentirmo-nos cheios? Isso mesmo, cheios, saturados, cansados, sem tempo, dinheiro ou ideias? Existe um momento em nossas vidas que estamos buscando nossa base, nossa estrutura e é exatamente neste momento que...