Capítulo 55

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Passados alguns meses, Alberto voltou ao seu antigo trabalho para dar uma palestra. Estava terminando de escrever seu novo livro e falou muito sobre profissões.

— Eu acho que todo chefe deveria saber fazer e conhecer o dia a dia de seus subordinados. Eu trabalhei aqui e era muito cobrado com prazos às vezes impossíveis e me revoltava simplesmente porque o chefe não sabia do meu trabalho a fundo. Se ele visse o que a gente passava aqui, trataria a gente melhor. Vemos num programa de TV em algumas empresas que o chefe se passa por um novo funcionário e ali ele vê o que seus operários passam. Acho isso super importante.

"Independente disso, nós, funcionários, devemos sempre fazer nosso melhor. Eu reclamava aqui, via como obrigação e não trabalhava com amor. Um tremendo erro. Se realmente não me encaixo, o melhor é tentar arrumar outro emprego, ir atrás do meu sonho, no entanto, sei que às vezes é impossível no momento. Então, tenho que melhorar as condições onde eu estou, começando pelo clima no ambiente de trabalho. As relações podem sempre serem melhoradas, deixando o respeito e disciplina em alta ainda.

Eu fazia trabalhos sociais aí fora e aqui eu reclamava de trabalhar. Tremenda contradição.

Todo serviço é importante. Eu vi isso no evento que fizemos de inauguração do espaço de recuperação de moradores de rua. Um garçom das águas, como ficou conhecido, foi o destaque e sua função era só servir água. Ele fez tão bem que foi o mais elogiado".

Depois dessas palestras, Alberto sentou-se com Jason, Júlio César e Isabel para uma ideia que tivera antes, mas que agora iriam pôr em prática.

— Sentei-me com Raphael na cadeia. Ele está muito arrependido, sofrendo fortes perturbações. Oremos por ele. No entanto, ele me deu um start para começarmos um projeto que há muito tempo nós falamos. Quero tentar tocar os políticos, assim como ele foi tocado.

— Como assim? — perguntou Isabel.

— Ora, vamos deixar o povo falar. Quero fazer diversas reportagens como você já fez – apontou para Jason – e tem arquivos guardados, de hospitais precários, pessoas em dificuldades, escolas caindo aos pedaços, falta de comida em creches e por aí vai. Se um político é acusado de roubar dinheiro de creche, a gente faz ele ver o que isso causa e por aí vai. Vamos passar essas fotos, entrevistas e vídeos onde eles tiverem.

— Excelente ideia. Mas acho que eles não vão nem se importar, sabe. A gente já vê tanto isso nos jornais e eles sabem o mal que fazem.

— A gente tenta.

Estéphane ainda estava foragida, ninguém tinha notícias dela.

Os pais de Luiza ficaram com a guarda de Ricardo e Hugo, mas Alberto era quem realmente convivia com eles. Muitas vezes Ricardo dormia na casa dele e Huguinho também.

Isabel apaixonava—se cada dia mais por ele e já estavam namorando firme por um longo tempo.

Alberto era romântico quando queria. Ela lembra-se de duas ocasiões em que sentiu sua paixão reacender.

Certa vez Alberto comprou um buquê de flores para entregar a ela por ser seu aniversário. Na mesma hora viu um jovem menino, aparentemente tinha uns doze anos, que queria comprar uma rosa, mas, ao ver o preço, descobriu que não poderia pagar.

— Essa rosa que você vai comprar é para quem? — perguntou Alberto.

— É o aniversário da minha mãe.

Alberto tirou uma rosa do seu buquê de 12 rosas e entregou ao menino.

— Dê a ela com todo seu amor.

A HISTÓRIA DE UM OUTRO ALGUÉMOnde histórias criam vida. Descubra agora