— Quero que você escreva uma coluna em nosso jornal.
— Não sei se posso aceitar.
— Por que não? Você tem assunto, tem visão, está no auge.
Quem o chamava era o novo produtor da emissora que antes teve conflito com ele.
— Vamos, o processo foi coisa antiga, as coisas mudaram. O repórter indicou você, ele mudou muito depois de sua conversa.
Alberto estava tentado a ir.
— Preciso pensar.
Jason Franco estava publicando uma revista quinzenal e também chamou Alberto para publicar pelo menos uma vez por mês.
Foi chamado para falar em alguns outros lugares, se tornou polêmico, mas era argumentativo sem ódio. As pessoas começavam a raciocinar sobre o que ele dizia.
Aceitou escrever para a revista e para o jornal. Escrevia textos motivacionais, apresentava ideias de como ajudar a comunidade, ensinava como podia agir, como as pessoas podiam ajudar às outras.
Aos poucos conquistou um espaço na mídia e crescia sua fama no Rio de Janeiro.
Na loja, Alberto tentava voltar aos costumes que antes eu introduzi, com artistas, alegria e muito amor. Mariana se adaptava bem e já quis procurar uma casa para morar. O garoto não se incomodava com a presença dela na casa, aliás, estava gostando muito. Era uma batalha constante contra si mesmo manter-se firme diante às tentações de ver uma mulher daquela de pijama solto dormindo perto dele, no mesmo quarto. Já havia comprado uma cama nova para a menina. Tanto ele quanto Júlio César tratavam-na muito bem.
Ela ficou muito orgulhosa ao saber o tamanho da popularidade que Alberto tinha no voluntariado e que os livros faziam sucesso, principalmente ao ler o primeiro e ver o tema. "Estou no lugar certo. Deus mandou um anjo na minha vida" — pensava ela. Aos poucos demonstrava a vontade também de ajudar os outros. Tinha a ideia de ir a prostíbulos e poder ajudar as meninas de lá, oferecer o que Alberto ofereceu a ela. Conversou com ele que disse que poderiam sim tentar.
— Vamos, eu, você e Júlio César.
Marcaram e seria semana que vem.
Alberto falou com Raphael sobre abrir a loja para cursos. Pensou em dar aula de culinária e, com os artistas, promover um verdadeiro centro cultural. Ele não iria dar as aulas, mas as pessoas mais antigas.
Raphael disse que ele tinha liberdade para cuidar daquela loja e que poderia sim abrir, desde que não gerasse prejuízos.
Na semana seguinte foram os três à um prostíbulo em Realengo. O lugar era bem simples, parecido com o de Mariana. Tinha apenas um mobiliário melhor e era melhor frequentado, opinião que ela mesma proferiu ao entrar com os dois.
Alberto se segurava: "olhos de Jesus" — pensava, mas era difícil com tantas mulheres atraentes e provocantes. Júlio César também era outro que olhava com desejo. Puxou Alberto e disse discretamente: "que diabos viemos fazer aqui mesmo? Cara, vamos falar o que para essas mulheres?".
Alberto estava sem ideias.
— Mariana, como vai ser?
— Deixa comigo.
Eles sentaram e rapidamente veio uma mulher e sentou no colo dela.
— Hum, adoro sexo com mulheres.
Júlio César babava.
— O que uma menina tão linda veio procurar aqui, hein?
Ela riu.
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A HISTÓRIA DE UM OUTRO ALGUÉM
SpiritualQuantos de nós não chegamos ao ponto de sentirmo-nos cheios? Isso mesmo, cheios, saturados, cansados, sem tempo, dinheiro ou ideias? Existe um momento em nossas vidas que estamos buscando nossa base, nossa estrutura e é exatamente neste momento que...