Alberto foi à pequena cidade encontrar-se com Francisco. No início sentiu certa resistência em ir. Era longe e sinceramente não se sentia mais fraco, mas logo se lembrou de mim e de seguir sempre os sinais e resolveu partir o quanto antes.
— Grande Alberto, vejo que está bem melhor, está até mais gordinho.
Alberto riu.
— Sinto-me muito bem mesmo, Francisco. O senhor foi providencial.
— Sou só o intermédio, meu filho.
A casa espírita estava cheia. Em torno de quarenta pessoas lotavam o local, ficando algumas na porta esperando.
— Você vai me desculpar, mas preciso atender toda essa gente. Se quiser descansar da viagem, fique à vontade, a casa é sua.
— Tudo bem. Na verdade eu vejo é que de repente eu posso ajudar, quem sabe?
O senhor olhou contente.
— Claro, seria ótimo. Se me permite a licença.
O senhor foi lá dentro e pegou um esfregão, luvas e um balde.
— Seria muito útil se pudesse nos ajudar com a limpeza. Os banheiros estão sendo constantemente usados e nós estamos bem atolados. — disse o senhor com um sorriso acolhedor.
Alberto tentou disfarçar o desconforto, mas sua expressão já era visível. Ele pensou em ajudar levando a palavra àquelas pessoas, fazendo parte das reuniões, algo mais "importante" como pensou. Limpar banheiros? Não tinho pensado nisso. Não dessa vez.
— É, é... tá, imagino que esteja precisando bastante mesmo. Tem alguém que costuma limpar e que vai estar lá?
— Todos nós limpamos, filho — disse com uma gargalhada —, mas hoje estamos bem atarefados.
E foi, sozinho, limpar os dois banheiros da casa e dois do quintal.
Ficou o restante do dia limpando o banheiro que ia sujando continuamente com os visitantes.
O almoço foi uma galinhada, a janta, uma sopa de legumes colhidos no quintal da casa.
Dormiram cedo, mesmo com certo incômodo de Alberto. No dia seguinte o senhor recebeu mais gente de manhã. Alberto estava agoniado porque tinha pouco tempo para ficar ali e até agora o velho não tinha nem comentado sobre a mensagem nem nada. Era domingo e terça era feriado emendado com segunda, fazendo um bom final de semana prolongado.
O domingo passou sem muita conversação e, de noite, já com as estrelas no céu, o senhor chamou Alberto com uma carta na mão.
— Eu vou entregar essa carta para você ler, mas antes preciso falar algumas coisas.
— Estou aqui e não tenho pressa, meu amigo.
— Esse seu amigo espiritual gosta muito de você. Hugo está acompanhando seus passos, não duvide disso. Ele está com uma ligação forte comigo, por isso as mensagens chegam tão bem, sem muito esforço para ele. Além disso, ele acredita que essas viagens que você faz são importantes para você. Esse modo simples como vivemos aqui, segundo ele, é uma forma de fazer você lembrar da simplicidade deste povo.
— Mas também sou simples. Não tenho muito dinheiro, vivo para...
— Acredite que será importante para você. Mudando de assunto, ele me falou de um problema que você está passando. Aliás, esse foi o motivo desta carta. Depois de você ler eu vou, se você quiser, tentar te ajudar com isso.
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A HISTÓRIA DE UM OUTRO ALGUÉM
SpiritualQuantos de nós não chegamos ao ponto de sentirmo-nos cheios? Isso mesmo, cheios, saturados, cansados, sem tempo, dinheiro ou ideias? Existe um momento em nossas vidas que estamos buscando nossa base, nossa estrutura e é exatamente neste momento que...