Alberto estava irado. Ela havia morrido mesmo. Ele ficou parado, mudo. Raphael esperava uma reação agressiva dele enquanto ele mesmo chorava muito.
Alberto levantou—se e foi até Estéphane.
— Alberto! — gritou Raphael.
A polícia foi chamada. A ambulância chegou e foi ver Luiza.
Felipe estava tentando tomar conta da situação.
— Alberto!?
— Me solta – disse para Raphael que foi até ele. — O que você fez? Você... você matou mesmo todos eles?
As pessoas foram saindo, estavam assustadas. Algumas olharam os dois, mas iam sendo afastadas por Júlio César, Jason e Felipe.
— Desculpe-me, eu mudei, você viu. Eu senti.
— Não acredito. Nunca pensei que você chegasse a esse ponto. Que merda!
Alberto andava e Raphael ia atrás.
— Não dá para acreditar.
Os dois se olharam e Alberto quis bater nele. Raphael não tinha reação.
— Eu... — gritou – eu... saia daqui! — bradou Alberto.
Estéphane apareceu e Alberto tremeu de raiva ao vê-la.
— Sua bruxa. O que você fez? Você armou para mim, o que fez com Raphael? Luiza... Luiza não merecia. E Hugo?
— Não se esqueça de Renato... aquele foi fácil. — ela gargalhou.
Ela olhou sério para ele. Seus olhos não eram mais os debochados de sempre, eram algo como triunfantes e sérios.
— Minha vingança finalmente está completa. Os que mais amou estão mortos e agora você é um lixo.
— Vingança? Do que está falando?
— Você não se lembra de mim, não é?
Alberto ficou confuso. Era Estéphane, ele sabia. Ela estava diferente, mas ele sabia que era ela.
— Claro que lembro, Estéphane.
Ela riu alto.
— Já faz um bom tempo que venho atrás de você. — ela olhou bem no centro de seus olhos. — Deve se lembrar de mim queimando viva, não? Olha para mim, seu covarde!
Alberto teve um estalo. Aos poucos sua mente foi tendo lampejos de memória e latejava. Ele caiu com os joelhos no chão. Ela continuou:
— Você me quis morta. Me traiu e fez eu perder tudo o que eu tinha, inclusive a vida.
Alberto colocou as mãos na cabeça. Seus olhos estavam fechados, mas ele via. Ele enxergava à sua frente a mulher que mandou queimar viva há mais de 800 anos.
"Você será uma rainha..." — lembrava das promessas. "Venha, quero mais quatro mulheres. Tragam—me mais quatro" — lembrava das traições. "Levem essa cobra daqui"— lembrava de puxar ela pelos cabelos e humilhá-la na frente de todos. "Joguem—na na fogueira" — lembrou—se do macabro e horrível espetáculo em praça pública, comandado por ele.
Gritou e chorou.
— Covarde! Eu vou te matar. Você é um fraco, sempre foi. Cheguei até você. Graças a mim e a seu amiguinho, Hugo está morto. Depois foi Renato, aquele lixo e agora Luiza.
Alberto estava sendo auxiliado por mim e por muitos outros espíritos de luz naquele momento decisivo. Ele viu o que aconteceu e na mesma hora foi tomado de um remorso incrível. Ela falava, mas ele não mais ouvia. Ajoelhado estava e ficou. Curvou-se e orou a Deus numa súplica de arrependimento, pedindo perdão por ter sido alguém tão ruim.
"Perdoe-se. Olhe para frente". Essa mensagem por vezes aparecia em sua mente por meu intermédio.
Seu braço, sua marca que tinha, queimava. Estava inchada e ele via com medo.
Aos poucos foi tendo uma retrospectiva, passando rapidamente por algumas outras vidas até chegar nessa com todo o ensinamento que foi aprendendo até chegar onde estava, grande, forte e cheio de força para lutar pelos mais fracos. Ele entendeu que não era mais o mesmo e que estava no caminho.
— A cruz. A cruz – gritou ele – ela não é invertida para mim. Eu sou de Jesus Cristo e peço perdão a você, Estéphane, por todo o mal que fiz você passar. Suplico seu perdão e vejo que o mal que há muito tempo eu causei a você está impregnado até hoje em sua mente ainda fraca.
Ele pegou a mão dela.
— Eu te amo, como Jesus nos ama e digo que você vai se libertar. Esteja comigo neste momento de paz, Estéphane, e vamos caminhar para Deus.
Ele gritou isso de olhos fechados e com toda a força que tinha em seu peito. Estéphane se assustou com tal reação. Não esperava um pedido de perdão. Tinha pensado outras coisas, como ver ele dominado ou ele esbravejando com ela, mas nunca imaginou um pedido de perdão. Uma pequena chama de amor acendeu em seu coração, no entanto, ainda estava sob forte perturbação e, gritando como forma de soltar a pressão que a confusão causara em sua cabeça, desferiu-lhe um golpe com as unhas no rosto, que o fez cair no chão.
Ela pegou um punhal e, no momento que ia atacar o pescoço de Alberto, viu o pequeno Hugo olhado-a de longe e chorando, perto de Júlio César que gritava para Alberto tomar cuidado.
Ao ver os olhos da criança, Estéphane recuou. Nessa hora, ela quedivagou em um passado distante. Sua alma reconheceu o pequeno Hugo. A bruxaestava grávida antes de ser morta e a criança, sim, a criança que nasceriaseria Huguinho. Ela chorou, sua mão tremeu e deixou cair o punhal. Na mesmahora saiu correndo quando viu que os policiais chegavam.
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A HISTÓRIA DE UM OUTRO ALGUÉM
SpiritualQuantos de nós não chegamos ao ponto de sentirmo-nos cheios? Isso mesmo, cheios, saturados, cansados, sem tempo, dinheiro ou ideias? Existe um momento em nossas vidas que estamos buscando nossa base, nossa estrutura e é exatamente neste momento que...