Capítulo 27

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Luiza estava desconsolada. Havia discutido com Raphael que novamente demonstrou insinuações com ela. Algo sutil, mas que foi agravado pelo assombro que se encontrava pela morte de Renato.

Ela se sentia sozinha e eu foquei minhas intenções a ela que, por vezes, chorava nos cantos da casa. Estava sem sonhos, sem razão para viver a não ser nossos filhos. Uma pessoa sem sonhos não espera mais muita coisa da vida.

Certo dia Ricardo pegou sua mãe chorando no quarto e, mais uma vez inspirado, disse algo que mudaria muito sua atitude:

— Mãe? O que houve?

Ela tentou limpar as lágrimas e disfarçou, mas não adiantaria.

— Nada, meu filho, estou bem.

— Eu tô vendo você chorando. Conversa comigo. Algo que eu fiz? — perguntou o menino preocupado.

— Claro que não, meu filho.

— Eu volto para igreja, não fique triste, mãe.

— Não estou triste por causa de você.

— É por causa do tio Renato?

— Também. Sabe, desde que seu pai morreu as coisas nunca mais foram as mesmas. As lojas, que são o que pagam nossas contas e caprichos, não são mais as mesmas; Todos os projetos que seu pai iniciou não vingaram, ainda mais agora pela morte de Renato. Raphael também está bem diferente — falou olhando para o nada e passando a mão na cabeça de Ricardo — eu estou diferente. Alberto se foi e sinto—me sozinha.

— O que mais você gostava no meu pai?

Nessa hora ela olhou para seu filho e, refletindo, disse:

— Acho que esse jeito dele querer ajudar a todos. Sabe, ele nunca negou nada que podia fazer. Essa resistência dele eu tinha orgulho. Começava as coisas mesmo sem ter certeza que iria dar certo, mas começava. Se ninguém o seguisse, ele ia assim mesmo. Era exemplo.

Ricardo orgulhava—se de mim e eu, perto deles, chorava de emoção.

— Alberto falou algo bem parecido. — disse feliz.

— Alberto... seu pai achava, e eu também acho que ele será seu "seguidor", levará à frente seus projetos. Eles passaram muito tempo juntos. Alberto é um rapaz muito bom.

— Mãe, em relação a esse projeto de meu pai, você sabe como ele queria fazer exatamente, não é?

— A gente conversou sim, bastante. Eu o ajudei desde o início.

— Vejo o quanto você é forte, mãe. O que impede de seguir em frente com o projeto? Já posso ajudar muito com meu irmão. Sei o quanto você é capaz.

Ela o olhou com olhos marinados e não disse nada enquanto só pensava. Ele continuou:

— Meu pai iria querer isso. Acho que só você pode tocar o local.

Ela chorou bastante e pensando bem e sentindo uma energia muito forte, intensificada pela que eu mandava, recultivou forças e animou-se.

— O jogo vai virar, meu filho. A vida passa rápido demais para chorarmos inertes.

Ricardo e eu alegramo-nos.

A HISTÓRIA DE UM OUTRO ALGUÉMOnde histórias criam vida. Descubra agora