Chegaram ao Rio de Janeiro com uma esperança de renovo. A menina mal se despediu. Saiu da casa só, deixando um bilhete que não seria mais "funcionária" daquele lugar. Pegou suas poucas peças de roupa, seus documentos e foi de vez, sem nenhuma segurança.
Alberto apresentou seu apartamento, disse que ela poderia ficar ali, mas que precisaria antes conversar com Júlio César. Ela ficou temerosa "dois homens, eles vão querer algo". Tudo para ela tinha a ver com sexo, mas não disse nada.
— Mas ela... que história louca, Alberto, ela é prostituta e você quer trazer para cá? Apaixonou, foi?
— Claro que não! — Alberto riu — Ela era prostituta, não é mais. Olha, eu entendo se não aceitar, mas quero ajudar-lá.
— É loucura, mas vamos ajudar.
No caminho de volta para o Rio os dois se conheceram bem melhor. A menina contou mais de suas histórias, falou que se arrepende de ter entrado para esta vida, mas foi ela que fez ela juntar um pouco de dinheiro e se manter.
Alberto só ficava pensando em como ajudaria a moça, onde ela dormiria, como arranjar trabalho e pensava em quão lindos eram seus olhos. Toda vez que sua mente pensava coisas referentes a sexo ele bloqueava. Olhava em seus olhos, mas às vezes não olhava para nada, pois Francisco já dizia: "Se acha que não vai conseguir olhar pros olhos dela e imaginar outra coisa, com olhos para ela sem desejo, então se afaste, desvie o olhar e pense em outra coisa. Ore." Contou sobre seus livros, projetos e seu trabalho.
A menina se impressionou, disse que nunca conhecera ninguém assim e que sentia-se feliz dele ter ido naquela casa.
— E, aliás, o que você foi fazer lá? Sexo não foi...
Ele explicou seu treinamento, todo o esforço que fez para não se deitar com ela.
Alberto fez mais algumas perguntas, se ela usava drogas, coisas mais pessoais e ela respondeu que já tinha usado, só maconha, mas parou.
Depois de Júlio César ter liberado a casa e da longa viagem, eles foram deitar.
— Você dorme no quarto, eu fico na sala.
— Não, por favor, eu fico em qualquer lugar.
— Então fique no quarto. — disse sorrindo.
— Não, é sério, a sala está ótima para mim.
Ele a convenceu.
— Então durma na cama comigo. É de casal, não precisa dormir no sofá. — ela disse.
O sofá de Alberto realmente não era e não parecia ser confortável. Tinha inclusive um certo buraco do lado esquerdo.
— Não se preocupe, já dormi em lugares piores... Ele riu.
— Eu insisto.
Ele foi. Dormiu no lado dela e a noite foi um mar de tentações. Ela não fez para provocar, mas não estava acostumada com tanto cavalheirismo.
Dormiram um do lado do outro, como um casal. Alberto teve muitos sonhos.
Passou a semana se ambientando. Alberto a levou para conhecer diversos lugares, apresentou à Luiza, às outras pessoas.
Levou uma punição e uma bronca em seu serviço por ter faltado avisando em cima da hora. Teve de dobrar dois dias.
No próximo final de semana Raphael organizou a festa. Era na grande casa, com piscina. Fez uma recepção um tanto quanto cara. Regada a muita bebida, a festa foi para toda a loja e amigos de amigos. Acabou sendo algo em aberto ficando claro quando o próprio Raphael não reconhecia mais muitos de seus convidados.
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A HISTÓRIA DE UM OUTRO ALGUÉM
SpiritualQuantos de nós não chegamos ao ponto de sentirmo-nos cheios? Isso mesmo, cheios, saturados, cansados, sem tempo, dinheiro ou ideias? Existe um momento em nossas vidas que estamos buscando nossa base, nossa estrutura e é exatamente neste momento que...