Capítulo 18

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Alberto estava animado com sua viagem ao RJ. Motivara-se a voltar a fazer algo, mas surpreendia-se como se estressava quando brigava com Luciana. Depois da última discussão ficou dois dias sem falar com ela. Quando foram reatar ele desabafou:

— "Lu", eu preciso de espaço. Sinto que sou mais que um técnico administrativo ou um futuro psicólogo. Eu quero mais e isso envolve muito o Rio de Janeiro. Eu amei aquele lugar e o que fiz lá.

— E as pessoas de lá também né. — cortou—o Luciana.

— Sim, também. Amo muitas pessoas lá, mas não dessa forma. Não precisa ter ciúmes de mim. Eu amo só você desse jeito.

Ela não estava convencida disso.

Meu querido aprendiz passou um mês inteiro refletindo o que poderia fazer. Já tinha falado com pessoas que realmente participava de seu grupo e queria "usá-las", motivá-las a começar algo mais concreto. Planejou uma espécie de palestra para apresentar a eles numa região. Mas o que ele realmente queria? Aprendeu comigo e já tinha, em seu íntimo, vontade de definitivamente mudar a vida das pessoas. Uma ajudinha? Muito bom, mas queria fazer mais, fazer a diferença. Analisou então muitos problemas que todos reclamavam dia a dia : transporte, sujeira nas ruas, falta disso e daquilo, assaltos e tudo mais. Queria ajudar gente de qualquer lugar e qualquer classe.

Alberto então se encontrou com o grupo pessoalmente de sua página. Não iriam debater questões nem desenvolver assuntos polêmicos como faziam na internet. Era algo mais prático.

— Bom dia pessoal. Vemos aqui muitos problemas no mundo. Nós já debatemos sobre um bocado deles. Mas só debater não muda-os. Ajuda-nos a entender que uma coisa é errada, ajuda a entrarmos num consenso de que isso pode ser mudado e aquilo deve ser mudado. Então, eu vou lhes contar um pouco de minha história no RJ...

Contou o que foi fazer ali, falou do projeto, de algumas ações. Foi um discurso realmente motivador.

— Esse cara, Hugo, ele que me colocou nisso tudo. Foi assassinado, mas sei que ele está conosco aqui — eu senti vontade de abraça-lo —, o que eu quero é fazer um grupo desse aqui. Quero trabalhar com a necessidade das pessoas. Não é fazer caridade. É desenvolver esta cidade. Não é ajudar só aos pobres, mas ver o que todos precisam e fazermos. Claro que o pobre precisa mais, mas não devemos focar só nele. Quero levar cidadania a todos. Será um grupo enorme, até que não seremos mais um grupo, mas aprenderemos que isso faz parte de nossas vidas e que passa a ser algo normal.

As pessoas estavam gostando da ideia. Eram só mais 3, não entendiam muito bem o que fariam e na verdade nem Alberto sabia muito bem, mas gostavam de sua motivação.

— Como seria, Alberto? Faríamos o quê? — perguntou Jonas.

— Eu selecionei uns temas para estudarmos. Confesso estar ainda meio perdido, mas com a ajuda de vocês eu acho que poderemos nos achar — pegou uma folha rabiscada e olhou enquanto falava — transporte público, invasões em todos os lugares (falta de moradia), falta de conforto para quem espera nos hospitais, excesso de buracos nas ruas em Taguatinga e outros lugares; muitos moradores de rua; falta de estrutura em Sol Nascente, Estrutural e diversos outros pontos; falta de cultura gratuita.

— Entendi — falou Maria — como poderemos ajudar?

— Aí que está, amigos. Reclamamos todos os dias e esperamos do governo que algo melhore. O mundo será evoluído, sim, nós podemos esperar ele melhorar, outras pessoas agirem, mas o que nós podemos fazer para que isso aconteça? Ficamos sentados sem fazer nada, apenas esperando. Vamos todos os dias para nosso trabalho e nos acomodamos a ele da forma que é sem perguntarmos como ele poderia melhorar.

A HISTÓRIA DE UM OUTRO ALGUÉMOnde histórias criam vida. Descubra agora