XXVIII - Chamando meu nome.

3.2K 257 312
                                    


Estávamos em volta de uma grande fogueira no quintal de Sophie. Eu havia relutado em ir, mas acabei cedendo. Meus pais e o grupo não me deixaram em paz.

Billie segurava um ukulele e cantava sua música. Todos balançavam de um lado para o outro e cantavam junto, até mesmo eu. Era impossível não ficar encantada por sua voz. Eu havia deixado me levar por suas palavras na biblioteca, eu a amava e estava começando a ficar impossível simplesmente ignorar... Soltei um longo suspiro e encostei minha cabeça no ombro de Sophie, que me abraçou de lado e beijou o topo da minha cabeça.

-Quer uma cerveja? - Sophie me soltou e se levantou. Balancei a cabeça negativamente.

-Eu quero. - Noah e Thomas soaram juntos, me fazendo rir. Me levantei do tronco frente à fogueira e caminhei até a fonte nos fundos, eu adorava ver a vista dali para um lago. Abracei meu próprio corpo. Os dias não estavam sendo fáceis, longe disso. Cada dia era um passo lento e curto.

-Você está bem? - Noah se aproximou, ficando ao meu lado.

-Tentando ficar... - Me virei para encara-lo. - E você? Parece cansado...

-Estou treinando dia e noite, preciso de uma bolsa de estudos...

-Não sei se vou para a faculdade ano que vem... Não posso só ir embora e fingir que nada está acontecendo. - Confessei. - Minha mãe precisa trabalhar...

-Até o final do ano seu pai está bem. - Ele colocou a mão em meu ombro. Vaguei meu olhar pelo quintal, parando em Billie. A observei por cima do ombro de Noah. Ela tocava algo engraçado e brincava com Thomas. Billie fez uma careta e soltou um "fuck". Não consegui conter meu sorriso, ela sempre o fazia quando errava ou aleatoriamente. - Ainda gosta dela? - Noah havia seguido meu olhar, me fazendo encara-lo assustada.

-Não. - Menti descaradamente, o fazendo rolar os olhos.

-Não minta para mim. - Encarei o chão.

-Não estou mentindo Noah. - Eu estava.

-Samanta, larga de ser otaria. - O encarei, rindo. - Vou te fazer a pergunta mais uma vez...

- Eu a odeio, por me fazer ama-la tanto assim... - Confessei, sem que ele perguntasse de novo. - Eu não consigo só superar. Sei que ela vai me magoar, mas eu não consigo superar... - Eu sentia um peso enorme sair de meus ombros. Eu não havia falado isso nenhuma vez em voz alta. - Eu sou masoquista.

-Acho que é reciproco... - Desviei o olhar novamente para Billie, que nos olhava ternamente, ela sustentou meu olhar por algum tempo. - Vamos voltar para lá.

Noah foi primeiro e sentou-se no tronco que eu estava sentada, antes. Sophie sentou-se ao lado dele. Me sobrou um lugar ao lado de Thomas. Me sentei, sentindo o calor agradável da fogueira. Thomas estava no meio, Billie estava do seu outro lado. Em quase uma sintonia Noah e Sophie se levantaram e saíram. Thomas continuou conversando com Billie. Resgatei meu celular do bolso e mandei mensagens para Tereza, queria saber como meu pai estava. Levantei o olhar e percebi a ausência de Thomas, restando somente eu e Billie... Noah... Rolei os olhos e pude ouvi-la dedilhas o instrumento e depois parar. Passamos um tempo em silencio, tempo esse, necessário, para que eu juntasse toda a minha coragem. Billie se levantou, colocando o ukulele onde estava sentada. Me levantei de uma vez, atraindo sua atenção, assustada.

-Podemos...

-O que você quer? - Ela soou triste, não havia rispidez em seu tom de voz, cruzou os braços e se virou para mim. Eu podia ver seu rosto perfeitamente. Ela estava com um rabo de cavalo bagunçado. Fechei as mãos em punhos.

O azul dos teus olhos  (Billie Eilish)Onde histórias criam vida. Descubra agora