XXI - Becker em ação.

3.1K 269 399
                                    


Parei a música, já sem folego algum. Billie tirou os cabelos do rosto e sorriu. Seu sorriso me confortava, apesar de toda confusão alheia a nós. Me aproximei e segurei em sua mão. Nunca tive tanta certeza de uma coisa.

-Quer ser minha namorada? - Mordisquei os lábios. - Uma namorada NÃO secreta.

Ela jogou a cabeça para trás e gargalhou. Dei de ombros e toquei em sua bochecha. Elas estavam pegando fogo. Por vários motivos.

-Claro. - Ela segurou em minha cabeça e beijou meus lábios com certa força. Depositando vários outros beijos.

-Eu te amo. - As palavras simplesmente saíram da minha boca. O que só aumentou os beijos e o sorriso de Billie.

Ela beijou a ponta do meu nariz e se foi. Coloquei os dedos sobre minha boca e um sorriso escapou.

-Namoradas... - Mordi o lábio inferior, jogando a cabeça para trás.

A porta se abriu de uma vez.

-Você vai voltar para o ballet. - Tereza disse docemente. - Encontrei sua professora... Segunda feira.

-Não vou não. - Cruzei os braços, encarando-a. - Não vou fazer isso sem o...

-Você vai sim. Ou te mudamos de escola...- Ela terminou de abrir a porta e entrou violentamente para dentro. - Estou cansada de você achar que é dona de si. Você dorme debaixo do meu teto, você come minha comida e veste o que eu te dou. - Ela apontou o dedo para mim. - Você já me humilhou o bastante por hoje Samanta Elizabeth.

-Acha que eu beijo garotas para te atingir Tereza? - Levantei os braços.

-Acho que está passando por uma crise. - Ela se aproximou, fazendo-me recuar. - Você não é assim Sam... Você é uma garota doce... Gentil... Esforçada... - Seus olhos lacrimejavam. - Vamos conseguir superar as coisas...

-Não é uma crise mãe... - Lagrimas se formavam em meus olhos. Nada doía mais que a negação e rejeição dos pais.

-Isso é uma fase. - Ela piscou algumas vezes, parecia que havia surtado. - Você vai começar a seguir regras, acho que te deixamos livre demais. Porque você não pode ser igual ao seu irmão?

-Morto? - Ela arregalou os olhos e cambaleou para trás, como se tivesse sido apunhalada. - Queria que fosse eu no lugar dele, não é? - Engoli em seco. - Me desculpe por não ter sido eu naquele caixão...

-Cala sua maldita boca. - Ela gritou acertando meu rosto em cheio. Arregalei os olhos e cambaleei para trás, com a mão onde fui atingida. Tereza colocou a mão na própria boca. Podia ver lágrimas escorrer de seus olhos. Pisquei algumas vezes e a olhei com tanto pesar. Eu nunca tinha olhado para alguém daquela maneira. Papai apareceu na porta, pareceu horrorizado.

-O que você fez? - Ele disse preocupado. - Tereza?

-Sai daqui. - Eu berrei. Ela recuou, cambaleando para trás. - SAI DO MEU QUARTO. - Bati a porta em sua cara, trancando-a de fora.

-Samanta. - Ela dizia batendo na porta.

Fechei meus olhos e respirei fundo. Resgatei meu celular do bolso e mandei mensagem para Billie. Adentrei meu closet e puxei várias roupas, as enfiando dentro da mochila. Eu mal conseguia enxergar, já que as lágrimas me impediam. Abri a porta de uma vez. Ela estava parada ali ainda, com meu pai a tentando puxar.

-Filha. - Ela tentou segurar em minhas mãos. As desvencilhei rapidamente.

-Não toca mais em mim. - Eu rosnei, descendo as escadas rapidamente. Edgar e Tereza desceram em meu encalço.

O azul dos teus olhos  (Billie Eilish)Onde histórias criam vida. Descubra agora