-Porque tá tão obcecado por essa música? - Eu disse ouvindo-o tocar o ukulele. Ele sorriu e parou. Eu estava cortando alguns papeis para enfeitar seus convites de aniversário.
-Acho que ela é sobre você. - Ele atraiu meu olhar. - Ouça-a. Interprete-a. Eu gosto de como ela soa também... - Ele resgatou uma das minhas mãos e me olhou profundamente. - Pode canta-la para mim?
Eu assenti e sorri. Edgar voltou a dedilhar o instrumento e eu a canta-la, ainda cortando os papeis. Dessa vez eu prestava atenção em cada verso que saia da minha boca. Meus olhos estavam marejados, mas eu não deixei que ele percebesse.
-Eu te amo filha. - Ele sorriu. - Tessa está vindo para cá?
-Não, hoje eu disse que ficaria com você. - Eu já havia chegado da escola, o dia foi com menos lágrimas. Billie havia conversado com todos normalmente. Eu havia dito que aquilo não poderia interferir na amizade dela com o grupo. Era sua decisão e eu não poderia crucifica-la por se priorizar.
Eu me descobri ao seu lado, e teria que fazê-lo sem ela. Estava doendo mais do que o previsto. Eu sabia que uma hora que as férias chegariam ao fim e eu teria que lidar com aquela situação, fingir que está tudo bem. Soltei um longo suspiro. Terminei de cortar e comecei a observa-lo.
-Vocês duas estão... - Ele fez uma carinha sapeca me fazendo empurrar sua perna com a ponta do pé. Ele se referia a Tessa.
-Não. - Dei de ombros. - Acho que ela é hetero.
-A Sam... - Ele fez um tom de voz fino e afeminado, imitando-a. - Ela é tão... - Continuou. Ele começou a rir e a tossir.
-Não faça tanto esforço. - Eu disse rindo, mas preocupada.
-Eu vi Billie sair daqui ontem... - Ele tentou não ser invasivo. Eu suspirei e sorri.
-Nós conversamos, ela pediu desculpas... Nada de mais, somos amigas. - Dei de ombros. - Estou feliz em vê-la com todo o sucesso...
-As coisas vão ficar bem meu amor. - Ele deu-me uma piscadela. - Faça um grande favor e pegue uma sorte para seu velho e doente pai.
-Nossa quanto drama para um sorvete. - Comecei a rir o fazendo sorrir.
-Claro que eu não adotaria uma lhama. - Disse indignada. Comecei a rir com a suposição. Era noite de jogos na casa do lago. Eu não iria, mas fui praticamente obrigada a ir. Minha mãe ficaria de olho em meu pai, o que me deixou mais tranquila. Um dos motivos para minha hesitação tinha nome e sobrenome. Billie Eilish.
-Como não? - Ela fez uma voz infantilizada. - Lhamas são tão fofas. - Rolei os olhos e tornei a beber o conteúdo alcoólico do meu copo.
-Eu só não quero ter uma. - Eu disse, sentindo minha barriga doer de tanto rir. Isso se chama maturidade. Eu não odiava Billie, muito pelo contrário. Eu odiava ama-la.
-Elas são engraçadas. - Sophie disse, já alcoolizada. - Eu amo vocês. - Ela disse melodramática. - Vamos jogar "EU NUNCA".
-Não. - Eu joguei a cabeça para trás, sentindo um calor absurdo. Talvez fosse o álcool agindo.
-Eu começo. - Thomas disse, aumentando o tom de voz. - Eu nunca beijei a Samanta.
Uma risada estridente e vergonhosa saiu da minha boca. Todos na roda beberam.
-Espero que tenham apreciado. - Eu disse erguendo o copo e depois bebendo.
-Quando vocês se beijaram? - Sophie disparou para Thomas. Billie pigarreou, bebendo seu suco. Ela nunca colocava álcool na boca, chegava a ser irritante.
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O azul dos teus olhos (Billie Eilish)
FanficSe uma noite fosse o suficiente para simplesmente mudar sua vida por completo? Samanta teve sua vida virada de cabeça para baixo em uma única noite. Depois de um ano dessa noite em especial sua vida estava começando a voltar ao normal, até um belo p...