XXXVI - Sangue

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Chord Overstreet - Hold On (OBRIGATORIO OUVIR NESSE CAPITULO)

Fechei meus olhos, eles estavam pesados. Eu os sentia ardendo.

-Sam... - Billie dizia, mas eu estava paralisada na entrada do hospital. Fechei os olhos e um flash veio em minha cabeça, me fazendo abri-los novamente. Minhas roupas, minhas mãos e meu rosto estavam completamente sujos de sangue.

-Você está bem? - Uma enfermeira se aproximou.

-Ela estava com a outra menina. - Um dos paramédicos a explicou. Eu tremia da cabeça aos pés.

-Vamos sentar. - Billie me conduziu até os bancos da sala de espera.

Fechei os olhos, aquela lembrança me veio na cabeça.

Flashback on.

-Sophie. - Eu subia as escadas aos berros. Billie não havia conseguido entrar, estava tudo trancado, mas eu tinha a chave. Me apoiei nos corrimões para que eu não caísse. Andei desesperadamente até seu quarto. Meu coração praticamente parou ao vê-la estirada no chão. Meu coração estava tão acelerado que eu pensei que pararia. - Não...

-Eu liguei para a emergência. - Billie apareceu na porta. - Meu Deus. - Caminhei cegamente até Sophie, jogando-me no chão ao seu lado, eu havia escorregado em seu sangue.

Ela ainda respirava, fracamente. Rasguei um pedaço de minha blusa e amarrei em seu pulso. A puxei para seu colo. Eu mal a enxergava, já que as lágrimas me atrapalhavam a fazê-lo. Tentei cobrir o outro ferimento, para que ela parasse de sangrar. O azulejo branco do banheiro estava manchado de sangue. Seu sangue.

-Não faz isso comigo... - Eu pedia enquanto a puxava ainda mais para meu colo. Seu corpo estava frio e seu cabelo molhado. A banheira também estava suja.

Flashback off.

-Quem é a acompanhante de Sophie... - Não deixei que ele terminasse. Me levantei e caminhei até o médico.

-Sou eu... - Eu disse rapidamente. Não havia conseguido parar de tremer. O olhar do homem era triste.

-Preciso dos pais dela... - Soltei uma risada sem humor, em meio ao choro.

-Eles estão viajando, não consigo falar com nenhum deles. Ela só tem a mim.

-A nós. - Billie e Thomas ficaram ao meu lado. Eu nem havia o visto chegar.

-Ela perdeu muito volume sanguíneo, está em coma induzido.

-Ela vai ficar bem? - Foi o que consegui perguntar.

-Vamos fazer tudo o possível para mantê-la viva. Quando ela for para o quarto vocês podem vê-la. - Ele disse antes de sair. Minhas pernas falharam e eu simplesmente cedi, ajoelhando no chão com a mão no rosto. Billie e Thomas fizeram o mesmo, envolvendo-me em um abraço.

-Eu tentei tanto... - Funguei. - Das outras vezes ela tomava alguns remédios da mãe dela, me ligava chorando e pedindo ajuda. Eu corria lá, fazia ela vomitar e tudo ficava bem. - Abri meus olhos e encarei minhas mãos. Estavam ásperas e repuxando por conta do sangue seco. Thomas e Billie também choravam. Sophie estava com problemas e os pais dela a negligenciaram. A deixaram de lado. Eu tentei e fiz o que pude, sempre estive lá por ela, até mesmo brava...

-Samanta? - Pude ouvir a voz familiar da mãe de Sophie, aparentemente o hospital havia conseguido falar com ela. Me desvencilhei dos dois e me levantei em fúria.

-Isso é culpa sua. - Eu apontei o dedo para Suzane, mãe de Sophie. Os olhos dela estavam lacrimejando. - Sua filha grita por ajuda e só a gente escuta. Vocês não dão a mínima. - Eu dizia, sendo segurada por Billie. - Você é uma mãe de merda. - Ela colocou a mão na boca e se encolheu. - Sophie virou uma alcoólatra e vocês deram roupas de marca, ela sempre andou depressiva. Tentou tantas vezes suicídio... E só eu fui socorre-la, você ignorou a porra da sua filha.

O azul dos teus olhos  (Billie Eilish)Onde histórias criam vida. Descubra agora