Confissão

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Eu estava puto. Lucas havia me dado outro “feche” na porta do banheiro e aquilo me irritou mais do que eu queria. Eu venho tentando esquecer esse menino desde a festa na casa de Vitor quando o vi beijando a Bruna e nada está dando certo. Já fiquei com várias meninas e até com outro cara, pra tirar o moreno da minha cabeça e não adiantou. Lucas estava dominando cada parte dos meus pensamentos de um jeito inexplicável e eu não conseguia me livrar disso.
Tentei não transparecer a minha raiva na frente dele, mas agora eu queria mesmo era extravasar.
- Carlinhos olha o que a gente trouxe pra você… - Natália, Sarah e Érica me rodearam no salão, com Natália segurando uma bandeja de salgados na minha frente. Óh céus! Era só o que me faltava.
- Experimenta pra você ver que gostoso… - Sarah pegou um salgado da bandeja e enfiou na minha boca. - Come mais um… - a infeliz nem esperou eu mastigar, para tentar me empanturrar com outra coxinha.
- Calma, caralho! - esbravejo mostrando a minha boca cheia. - Que saco! - Essa devoção de Sarah por mim, dava nos nervos. Que menina chata da porra! Elisa me falou que ela até chorou quando soube que estávamos juntos. Irritado, sai andando e deixei as três pra trás. Claro que elas não iam me deixar em paz. Elas seguiram atrás de mim igual carrapato. - Será que dá para as três sombras me dar um tempo?
- Credo, Carlinhos. Você está muito nervoso. - Cheguei em Vitor que estava abraçado com a amiga da Adriana, uma garota da escola particular que eu tinha arrumado esquema pra mim.
- Vocês viram a Adriana? - perguntei precisando urgente pegar alguém para desestressar. Mesmo que esse alguém, não fosse quem eu queria.
- Ela disse que ia no banheiro e não voltou mais.
- Vou procurá-la, valeu. - percorri a festa toda e nada da Adriana. Nem com diarréia alguém demoraria tanto tempo no banheiro. Fui até o banheiro das meninas, mas estava vazio. Eu sei que ela não foi embora porque a amiga dela estava com Vitor e elas chegaram juntas. Eu estava quase xavecando outra garota pra compensar, quando a encontrei. Adriana estava numa parte mais afastada da festa de xamego com ninguém menos que Lucas. Só podia ser pegadinha com a minha cara. É lógico que Lucas sabia que eu estava de esquema com a Adriana, eu mesmo fiz questão de falar pra Babau, porque sabia que a língua grande dele não guardaria essa informação para si. Adriana era da sala do Lucas e eu queria dar uma provocada, não vou mentir. Eu estava só acompanhando de longe toda a situação, quando Lucas sorriu daquele jeito conquistador para a menina e a beijou. Eu não podia acreditar… O filho da puta além de me dar um fora, ainda pega MINHA mina? Era muita cara de pau mesmo. Sem pensar duas vezes, me aproximei do casal e pacientemente, esperei eles terminarem de se beijar.
Quando vi a Bruna beijando o Lucas, rapidamente fui embora. Não estava preparado para enfrentar aquela cena, fiquei puto, chateado e decidi me afastar de Lucas para botar a cabeça no lugar. Mas agora, eu estava puto de uma maneira diferente. Da outra vez, a iniciativa havia sido de Bruna, hoje foi de Lucas. Ele beijava a boca da garota com ferocidade como se quisesse devorar a menina. Não pude deixar de me imaginar ali no lugar dela e Lucas me beijando daquele jeito. Eu estava puto, mas porque estava com inveja. Quando finalmente a tortura acabou e os dois abriram os olhos, entrei em cena.
- Oi Adriana que bom que te encontrei… - ela ficou pálida.
- Ca-Carlinhos… - Oh não se preocupe comigo, só passei mesmo pra me certificar que estava viva.
- Carlinhos, eu…
- Adriana querida, não gaste sua saliva para se justificar comigo não, viu? Meu papo agora é com esse cara aí do seu lado… - Lucas apenas me encarava com um sorrisinho de satisfação, sem dizer nada.
- Mas…
- Vá minha filha, vá! Ande ligeiro que a sua amiga está te esperando… - envergonhada, Adriana saiu correndo, deixando Lucas e eu, a sós.
Depois de um longo minuto de silêncio, olhei pra cara dele. - Vai ficar pegando os meus esquemas agora? - falo indo direto ao ponto.
- Eu não reparei no seu nome tatuado na testa dela.
- Lucas... Não me teste...
- Qual é Carlinhos? Está nervoso porque ela preferiu a mim e não você? - na verdade, eu estava nervoso porque ele preferiu à ela e não a mim, mas não ia dar esse gostinho pra ele. Sou mais eu.
- Você vai se enganar até quando? Está mais do que óbvio pra mim o que está rolando aqui…
- Não sei do que você está falando…
- Ah não sabe? - Lucas balançou a cabeça negativamente e eu dei dois passos em sua direção. - Tem certeza? - era possível ouvir os batimentos cardíacos dele daqui. A corrente elétrica que percorria meu corpo, com certeza, chegava até ele.
- Pára com isso, Carlinhos.
- Isso o quê?
- De fazer isso que você está fazendo comigo, não tem graça.
- E o que eu estou fazendo com você, Lucas?
Lucas me encara com aqueles lindos olhos castanhos e inconscientemente, passa a língua pelos lábios. Ele fazia muito aquilo no modo automático, sem perceber o quanto era sexy.
- Você quer confundir minha cabeça. Eu preciso que você pare com isso, Carlinhos. Por favor…
- Foi por isso que você soltou a mão da Bruna aquele dia na praça quando passou por mim? - Lucas ficou surpreso com minha pergunta, provavelmente, não imaginando que eu tinha o visto. Eu sentia a presença de Lucas a quilômetros de distância, eu nem estava mais ficando direito com a Elisa aquele dia, mas fiz questão de contar uma piada no ouvido dela no momento que senti ele chegar. Lucas estava completamente desconfortável com minha presença. Não era loucura da minha cabeça, ele também sentia alguma coisa por mim.
- Carlinhos eu…
- Sou hétero, já sei... Blá, blá, blá... - interrompo-o debochadamente, concluindo a sua frase. - Lucas você é feliz?
- Hein? - ele franze o cenho em confusão.
- Só me responda isso mano, você se considera um cara feliz do jeito que é hoje? - Lucas titubeia um pouco na resposta, mas concorda com a cabeça.
- Sim.
- Então, é isso o que importa. - ameacei virar às costas, mas Lucas me segura pelo braço. Foi a primeira vez que a gente teve algum tipo de contato manual. O choque em minha pele ao seu toque foi quase que instantâneo. Lucas também sentiu, pois automaticamente, retirou a mão de mim. Ficamos nos encarando em silêncio por não sei quanto tempo, apenas estudando a fisionomia um do outro. Lucas brilhava na luz da lua. Seus lábios ainda vermelhos e inchados por causa do beijo que trocou com Adriana pareciam implorar por minha boca.
- Eu só queria te dizer que se eu fosse gay, você seria a minha única opção. - e logo após me dizer essas palavras, Lucas vira as costas e vai embora, me deixando completamente atordoado.

Para Todo Sempre CarluOnde histórias criam vida. Descubra agora