Festa da ex

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Ponto de Vista - Carlinhos

- Oxi... Nada a ver você querer ir na festa da sua ex namorada, Lucas. - bufo, irritado.
- Mas Carlinhos, a Bruninha é minha amiga, poxa! - Lucas retira o seu caderno da mochila e se senta com ele na minha cama. - E outra, ela é irmã do Bubu e você foi convidado também...
- Tá, mas não gosto daquela oxigenada perto de você. - ele ergue os olhos de sua tarefa escolar e me encara com um revirar de olhos.
- Você não gosta de NINGUÉM perto de mim, Carlinhos.
Não era bem assim, vai... Tá, era. Mas, eu não tinha culpa! Todo mundo que se aproximava do Lucas parecia querer devorá-lo de alguma forma. Ele era o cara mais bonito da cidade e o meu namorado, porra.
- Não exagera. - me defendo, sem querer dar meu braço a torcer.
- Não? Faz três meses que estamos juntos e você já me fez cortar relação com quase metade da cidade por causa de ciúmes. A outra metade, são as pessoas que eu ainda não conheço…
- Tudo bem então, Lucas. Você vai na festinha da sua ex namorada e eu vou num rolê com a Elisa, fechou? - provoco num tom tranquilo, enquanto mexo no meu celular.
- Há tá! Vai sonhando… - diz ele de cara amarrada, me fazendo rir.
- Ué? A Elisa é minha amiga também, qual é o problema?
- Você é tão chato às vezes, sabia? - Lucas abaixa a cabeça para escrever em seu caderno.
- Você é muito nerd, cara.
- Não sou nerd, eu só preciso manter minhas notas em ordem para garantir a minha bolsa. É o meu último ano e essa semana são as provas finais…
- Aí, saber que você é bolsista foi uma decepção tão grande na minha vida, sabia? - ele tira os olhos do caderno e me encara outra vez. - Eu estava todo feliz achando que tinha arrumado um playboy rico pra encostar meu pau na sombra e quando eu já estava apaixonado, descobri que você só estuda lá por causa do trabalho da sua mãe na escola.
- Não seja por isso, cara. Você pode trocar de namorado agora mesmo, se quiser. O que não falta é playboyzinho rico lá no meu colégio pra você investir… - diz ele, com falso desdém.
Já fazia quase três meses que nós estávamos juntos e que o meu coração continuava batendo mais forte sempre que ele estava perto de mim. Depois daquele churrasco na casa do Victor, Lucas e eu intensificamos ainda mais a nossa “amizade”. Ele vinha aqui em casa quase todos os dias após o colégio e ficávamos no meu quarto passando um tempo juntos e discutindo sobre os nossos projetos de vida. Era muito fácil fazer planos com Lucas, ele comprava quase todas as idéias que eu tinha.
Eu nunca tive alguém que me apoiasse tanto sem me julgar ou me chamar de maluco. Lucas nunca me desmotivou pra nada e eu adorava compartilhar todas as minhas loucuras com ele. Para mamãe, Lucas era meu amigo. As únicas pessoas que sabiam do nosso relacionamento, por enquanto, era Paulo e Andréa. Lucas ficou um pouco envergonhado ao saber disso, mas não brigou comigo. Ele disse que se eu confiava neles, ele também confiaria. Com um sorriso bobo no rosto, caminhei até minha cama e envolvi Lucas em um abraço por trás de seus ombros.
- Não dá... Não tenho recursos para investir em mais ninguém, esgotei todos eles com um certo moreno dos lábios carnudos e da bunda grande... - falo beijando sua bochecha. - Pensa num cara que me deu trabalho? - Lucas sorri daquele jeito doce e eu involuntariamente, acabo sorrindo junto com ele.
- O bom de ser homem é que a gente sabe que pra conquistar o coração de um cara não pode se fazer de fácil…
- Então quer dizer que você se fez de difícil um ano todinho só pra me conquistar?
- Talvez... - ele brinca, fazendo charme.
- Pois saiba que você só perdeu o seu tempo sem mim, porque eu já estava na sua desde o primeiro dia que eu te vi com essas coxas grossas à mostra, desfilando naquele shortinho apertado do time de futebol. - Lucas sorriu envergonhado dessa vez.
- E ai? Nós vamos ou não na festa da Bruna? Só acho que vai ficar estranho nós não irmos, a galera toda vai e as pessoas podem desconfiar…
- Aí... Tá bom, Lucas... - solto um suspiro derrotado. - Só, por favor, preste mais atenção nos meus sinais dessa vez, ok? Na semana retrasada o Roninho achou que eu estava tendo um ataque epilético de tanto que pisquei o olho e balancei o pescoço pra você me notar...
- Eu morro de medo de alguém pegar a gente junto nessas escapadas que a gente dá, Carlinhos…
- Ninguém vai pegar a gente, lindo… - sorrio com malícia. - Vai dizer que você não gosta dessa adrenalina toda e da sensação de perigo? - Lucas sorri de volta.
- Eu gosto é de você. - meu coração quase falha uma batida.
- Fala de novo?
- O quê? Que eu gosto de você?
- Sim…
- Mas você sabe que eu gosto de você, Carlinhos…
- Dá licença que esse é o meu momento e eu gosto de ouvir? - Lucas alarga ainda mais o sorriso.
- Você é tão besta, sabia? - ele pega o caderno em seu colo e me dá uma cadernada no ombro. - Agora pára de me atrapalhar que eu preciso terminar essa matéria! Já está ficando tarde e eu tenho que voltar pra casa… - eu odiava toda vez que ele ia embora. Não escondi minha careta de insatisfação.
- Essa é a pior parte do dia…
- Mas Carlinhos, rapaz… - Lucas se virou na cama pra me olhar. - A gente passou quase o dia todo juntos…
- E daí? Eu demorei tanto tempo pra ficar com você que agora que é meu namorado, eu quero estar contigo toda hora. Não me julgue!
- Tá aí uma coisa que eu nunca imaginava.
- O quê?
- Que você com essa pose toda de “eu sou o fodão de Penedo” fosse um cara romântico…
- Eu só sou um cara apaixonado, Lucas. - assumo, deixando-o sem graça. Lucas ainda ficava com vergonha de muita coisa entre a gente. Ele era bem retraído, principalmente, em relação aos nossos toques. Nos beijávamos muito, não vou mentir, mas nossas mãos eram bem controladas em nossos corpos. Lucas ou a deixava estacionada na minha cintura ou no meu peito. Às vezes, ele me abraçava pelo pescoço também e acariciava minha nuca durante o beijo. Era bem gostoso.
- Como vamos fazer na sexta?
- Eu combino com seu irmão e passo na sua casa…
- O Emanuel me perguntou essa semana sobre a ausência de garotas na minha vida…
- E você falou o quê pra ele?
- Eu falei que estou afim de uma pessoa e não quero me queimar com ela ficando com outras.
- Não deixa de ser verdade.
- Ele só não sabe ainda que essa pessoa é você.
- Mas eu sei e pra mim já é o suficiente. - rindo, Lucas balança a cabeça e se levanta da cama.
- Eu preciso ir Carlinhos… - ele diz enfiando o caderno de volta na mochila e a colocou nas costas. - A gente se fala mais tarde… - Lucas dá dois passos em direção a porta e eu o chamo.
- Ei cara! Não está se esquecendo de nada não?
- O quê? - cruzo os meus braços no peito e olho pra ele fazendo um bico engraçado com a boca. Lucas gargalha e caminha até mim.
- Palhaço… - ele diz, antes de me beijar do jeitinho que eu queria.
Eu abraço Lucas e retribuo seu beijo pensando que já fazia quase três meses que eu me sentia o cara mais feliz desse mundo.

Para Todo Sempre CarluOnde histórias criam vida. Descubra agora