Cuidando do que é meu

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Ponto de vista do Lucas

Eu beijei Carlinhos como nunca havia o beijado antes. Lógico que nós sempre nos beijávamos com muita intensidade, carinho e amor. Mas, dessa vez, eu estava tão nervoso por alguém ter tentado tirar ele de mim, que eu só queria que ele esquecesse aquele projeto masculino de paquita da Xuxa e pensasse em mim. Eu queria devorá-lo. Carlinhos não se afastou, até que o ar fosse necessário entre nós. Nossa respiração estava ofegante quando nos distanciamos e ele me encarou em surpresa.
-O que foi isso Lucas?
- Um beijo, ué...
- Que beijo foi esse?
- Foi ruim?
- Não, claro que não, foi… diferente. - eu me sentia diferente também.
- Eu… Só quis te beijar.
- Tudo isso foi por causa do Bruno? Porque se foi me avisa que eu vou pedir pra ele dar em cima de mim o dia inteiro.
- Doidiça, Carlinhos. - falei, bravo. Lembrar do paquito já me deixava nervoso.
- Ei, eu estou brincando seu bobo… - disse me abraçando. - Eu só não te arranco outro beijo igual a esse agora, senão terei grandes dificuldades em sair desse quarto com você e daqui a pouco, com certeza, Zoelma virá atrás de nós. - Carlinhos me deu um beijo carinhoso na testa e segurou minha mão. - Vamos minha neguinha ciumenta… - larguei a mão dele e dei um soco em seu braço.
- Aqui a neguinha ciumenta, oh. - falei pegando no meu pau. Carlinhos me olhou e riu.
- Ooolhaaa, o garotinho perfeitinho da vovó fazendo gestos obscenos para o namorado. Que absurdo, isso! - ainda rindo, Carlinhos abriu a porta do quarto e me deu passagem. - Só não se esqueça bonitão, que esse gesto vindo de você nunca será uma ofensa, mas sempre um prazer. - Carlinhos disse isso, enchendo a mão por cima da minha bermuda pegando meu saco. Acabei dando um grito inesperado, pelo susto que levei.
- Tá doido, Carlinhos? - Olhei para os lados no corredor conferindo se não havia ninguém passando.
- Pretinho vem cá… - Carlinhos me abraçou pelo ombro enquanto descíamos a escada. - Nós precisamos conversar seriamente sobre esses seus gritinhos, amor… - disse num tom zombador. - Desse jeito não dá pra te defender quando te chamarem de viado, macho…
- Vai a merda, Carlinhos! - eu estava me desvencilhando do seu abraço, quando Zoelma e o marido apareceram.
- Aí estão vocês, meus amores! Está tudo bem? Eu estava te procurando para irmos ao cais.
- Desculpa Zo, nós precisamos conversar um pouco mas, já está tudo resolvido.
- Que ótimo! Então vamos, os meninos já foram. - Zo não fez mais perguntas e nos pediu para segui-la até o carro.

Chegamos no cais e a galera estava dividida. Uma parte andando de Jetski, as meninas estavam tomando sol na proa da lancha e tinha uns caras preparando bebidas na parte interna. Coloquei meu óculos de sol e procurei pelo loiro, só pra ficar de olho mesmo se ele ia tentar se engraçar pro lado de Carlinhos de novo.
-Vai ficar fiscalizando o cara agora? - disse Carlinhos se divertindo ao meu lado.
- Você está adorando isso né, seu cretino?
- Tô mesmo, não vou mentir… - ele subiu numa parte vazia da proa e sentou lá de frente para o mar. - É bom saber que você se importa comigo… - sentei-me ao seu lado, encarando aquele mar lindo também.
- É claro que eu me importo com você, Carlinhos. - estiquei minhas pernas, apoiando as costas na parte almofadada. - Eu achei que já tivesse ficado claro isso pra você.
- É diferente quando você fala que se importa e quando você demonstra com atitudes, Lucas.
- E eu não demonstro sempre? Eu enfrento o mundo todos os dias para ficar do seu lado, Carlinhos.
- Lucas de novo você está entrando na questão “o mundo” quando eu estou falando única e exclusivamente de “você”.
- O que você quer dizer com isso?
- Lembra o que Zoelma falou aquele dia no restaurante? Sobre você se preocupar com o que todo mundo pensa e não com o que você quer? - eu concordei. - Quando você diz que enfrenta o mundo todos os dias pra ficar comigo, isso quer dizer que apesar de toda a dificuldade que eu sei que você passa por causa da sua família, não é algo que você faz por nós especificamente dito, isso é a sociedade que exige de você, não eu. - olhei para Carlinhos, magoado. - Agora, quando eu te vejo fiscalizar os passos de um cara que está afim de mim, só porque está com ciúmes ou quando você me beija do jeito que me beijou naquele quarto agora a pouco, completamente entregue, eu sinto que você está fazendo isso com o seu coração, entendeu? Somente por mim e por você e eu amo isso, sim... - fiquei em silêncio, apenas absorvendo as suas palavras. Carlinhos se levantou dando um tapinha no meu joelho. - Vou ali ver se a Zo está precisando de ajuda. Se você for nadar no mar, evita aquela área onde os jets estão passando para não se machucar, tá bom? - acenei com a cabeça, peguei meu celular e continuei ali, sozinho, deitado na proa da lancha, observando as pessoas se divertirem de Jet Ski enquanto eu mesmo estava afundado em meus próprios pensamentos.

Para Todo Sempre CarluOnde histórias criam vida. Descubra agora