Decisão

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Peguei. Peguei mesmo. Eu já não estava suportando mais! Cada gole que o Lucas dava naquela caipirinha e, inconscientemente, passava a sua língua pelos lábios fazia a minha boca salivar. Eu nunca havia visto uma boca tão carnuda e tão convidativa na vida. Olhar para Lucas era uma verdadeira perdição. Aquele sorriso de menino, aqueles olhos castanhos que mudavam de cor na luz do sol, aquele corpo todo malhadinho...
Um sentimento de posse me invadiu e tudo o que eu precisava, era mostrar para aquele garoto que nada que ele fizesse para me afastar de sua vida iria adiantar. Eu não ia desistir mais dele, Lucas seria meu. Só meu.
- O... que foi isso? - ele pergunta se afastando lentamente de mim, com sua lábios mais vermelhos e inchados do que antes.
- Se você não entendeu, eu posso te mostrar de novo…
- Eu… Nossa! - Lucas passa a mão pelo cabelo e me encara, totalmente desconcertado.
- Eu não quero mais você pegando a minha prima Thamara. - falo de uma vez, num tom autoritário demais. Eu sabia que podia estar dando um tiro no meu pé sendo tão exigente desse jeito mas, eu simplesmente, não suportaria mais vê-lo beijando outras pessoas na minha frente.
Fiquei esperando Lucas me dar logo um “feche” com esse pedido, mas ao invés disso, ele apenas sorri ao me encarar.
- Tudo bem. - responde ele, tranquilamente. - Eu já terminei com ela mesmo... - eu abro a minha boca com a resposta na ponta da língua para argumentar caso ele tente dizer que eu não mando na vida dele e que não tínhamos nada um com o outro, mas me lembro que não havia treinado nenhuma resposta para o caso dele concordar com o meu pedido. Pela primeira vez, fui pego de surpresa e fiquei sem saber o que dizer. Abri e fechei a boca algumas vezes, antes de conseguir pronunciar alguma palavra.
- Er... Hã... Já, é? - eu parecia um idiota. Ainda sorrindo, Lucas concorda com a cabeça, olhando nos meus olhos.
- Sim. - ele disse sim?
- E eu não quero que fique mais com nenhuma outra mulher também. - resolvi testar, já que ele parecia tão flexível.
- Se isso servir pra você também, por mim, sem problemas.
- Você está de zoação comigo, cara?
- Por quê?
- Lucas não tem graça. - digo, chateado. Eu não gostava desse tipo de brincadeira.
- Tá doido, Carlinhos?
- Se isso for algum tipo de brincadeira sua com a minha cara, eu vou me irritar… - Lucas cruzou os braços e se encostou na parede atrás de si.
- E por que eu brincaria com uma coisa dessas? - questiona com um sorriso de canto de boca.
- Lucas…
- Carlinhos, eu não vou te dizer que as coisas serão fáceis comigo daqui pra frente, porque não serão. Eu ainda estou muito perdido com isso tudo que está acontecendo entre a gente, ainda não estou tranquilo e nem um pouco confortável. Eu não sei quanto tempo vai levar até eu me acostumar com as essas sensações malucas que você causa em mim. Eu ainda não me sinto preparado para assumir esse lance pra ninguém, nem pra me entregar a você de uma maneira mais profunda. Eu tenho medo, tenho vergonha, tenho receio e um grande bloqueio que me impede de ir mais além do que os beijos que estamos trocando. Só que eu também não posso mais fingir que não existe nada entre nós, quando a verdade é que eu penso em você o tempo todo. Eu achei que fosse levar numa boa esse lance de ficarmos com mulheres, mas quando te vi beijando a Natália, doeu. E no meio de tantas dores que já temos que enfrentar, essa é uma que podemos evitar. Não faço a menor idéia do que vou dizer para os meus irmãos, nem para minha família quando perceberem que não estou aparecendo mais com mulher na porta de casa. Eu sei que não vai ser fácil, mas, de uma coisa eu tenho certeza, eu não gosto e nem quero dividir o que eu tenho com você, com mais ninguém. - Lucas despejou tudo de uma vez, me deixando em choque. Fiquei sei lá quanto tempo só olhando para a cara dele, tentando processar aquelas palavras.
- O que isso quer dizer, cara?
- Que se eu pegar você com outra pessoa enquanto estiver comigo Carlinhos, eu te mato.
- Você está me dizendo que aceita ficar comigo, só comigo? É isso? - eu não conseguia acreditar.
- Eu estou dizendo que estou disposto a ver onde essa nossa história vai dar.
- Isso significa que a partir de agora você é meu namorado? - Lucas pensou um pouco para responder e sorriu sem graça.
- Acho que sim.
- Você tem certeza que não vai acordar arrependido amanhã depois que as caipirinhas saírem do seu sangue, né? Não, porque eu não vo… - Lucas não me deixou falar e calou a minha boca com um beijo. Sim, ELE me beijou. Eu ainda achava que estava dentro de um sonho, minha cabeça girando com tantas informações ao mesmo tempo e meu coração pulava tanto que mal cabia no peito.
- Não, Carlinhos. Eu não vou acordar arrependido amanhã… - disse ele finalizando o beijo com um selinho. - Eu quero mesmo ficar com você cara, mas você terá que ter muita paciência comigo. Eu ainda sou muito novo nesse lance de ser gay.
- Lucas, antes do seu corpo, eu quero tocar o seu coração e não importa pra mim o tempo que vai levar até você se sentir preparado para se entregar completamente, eu vou te esperar. Eu espero a minha vida inteira por você se for preciso, cara. Não precisamos ter pressa, vamos viver um dia após o outro. A única coisa que interessa pra mim, é saber que você está comigo nessa e que a partir de agora não importa o que aconteça, seremos somente eu e você. - Lucas estava chorando e eu também. - Cara, nós vamos enfrentar tudo isso juntos, nós vamos viver tudo isso juntos e JUNTOS, nós vamos VENCER também! Eu e você, você e eu. Eu por você, você por mim… Topa? - Lucas respirou fundo antes de responder.
- Topo.
E com uma felicidade que não cabia em meu peito, segurei as mãos de Lucas e o puxei para os meus braços. Eu finalmente, poderia chamar aquele cara de meu. Meu, meu, meu… Todo meu. Eu sabia que tínhamos um longo caminho a seguir pela frente ainda, mas eu usaria todas as minhas forças para que nada, nem ninguém nesse mundo, fosse capaz de tirar Lucas da minha vida, agora que eu o tinha só pra mim.

Para Todo Sempre CarluOnde histórias criam vida. Descubra agora