Conflitos Internos

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Ponto de Vista - Lucas

Eu ainda ficava muito sem graça na presença de Carlinhos. Estar perto dele me causava tantas sensações diferentes que eu achava praticamente impossível conseguir disfarçar esses sentimentos na frente das pessoas. Quando ele me abraçou mais cedo junto com Gabriela, senti um arrepio tão grande percorrer o meu corpo que involuntariamente, acabei me afastando. Não vou mentir que ainda tentava a todo custo ignorar esses sentimentos, era difícil demais pra eu ter que aceitar que, talvez, eu realmente pudesse ser gay. Essa constatação martelava dentro da minha cabeça o tempo inteiro e a única vontade que eu tinha era de me enfiar dentro de um buraco e sumir. Olhar para Carlinhos era reviver toda aquela cena dos nossos beijos outra vez. Eu queria tanto beijá-lo novamente, mas eu tinha tanta vergonha de assumir isso que eu preferia ignorar. Quer dizer, eu tentei ignorar até vê-lo beijando Nathalia na minha frente. Não sei dizer o que me deixou mais irritado, a cena, ou o fato de estar sentindo tanto ciúme de um cara que eu só queria conseguir esquecer. Quando entrei na cozinha e encontrei Thamara, eu nem disse nada, só a beijei. Eu sabia que ela gostava de mim e que era errado usá-la dessa forma, mas eu estava com raiva. O fato foi que beijar Thamara só piorou as coisas pra mim, porque além de eu não sentir nada por ela além de carinho, meus pensamentos traidores seguiam diretamente numa única direção. Eu queria estar com Carlinhos e eu precisava de coragem para admitir isso. Depois que ele saiu da cozinha, eu conversei com Thamara e pedi desculpas por tê-la beijado daquela forma. Assumi que estava afim de outra pessoa e que não poderia retribuir os seus sentimentos por mim. Obviamente que Thamara ficou arrasada, mas eu torcia muito para que a prima de Carlinhos fosse feliz. Eu também queria ser feliz. Peguei uma cerveja na geladeira e voltei para o quintal juntamente com o restante do pessoal para curtir o churrasco.
Carlinhos conversava com o babaca do Roninho que assim que me viu, já abriu aquele sorriso zombador pro meu lado.
-E aí Abelardo, beleza?
- Vai se fuder Roninho, não vem encher o meu saco que hoje não estou com a menor paciência pra você. - minha resposta grosseira causou uma série de reações alvoroçadas nas pessoas a nossa volta, principalmente, chacotas direcionadas a Roninho por ter levado um fora de um cara mais novo como eu.
Tomei duas caipirinhas de limão que o Carlinhos me deu e senti a minha alma ficar mais leve. Descobri que o álcool tinha esse poder incrível sobre mim.
O churrasco depois disso seguiu tranquilo, muito pagode, dança, cantoria e zero pegação. Pelo menos não da minha parte, nem a do Carlinhos que se manteve perto de mim o tempo inteiro. Em nenhum momento tocamos mais no assunto do beijo com as meninas e eu estava feliz com isso.
- Preciso falar com você… - disse Carlinhos em meu ouvido. Bebi mais um gole da caipirinha e sorri pra ele.
- Pode dizer, cara.
- Aqui não dá Lucas, está muito barulho. - ele olhou para as pessoas dispersas à nossa volta e depois voltou seu olhar pra mim. - Eu vou no banheiro e você me encontra lá, está bem? - eu simplesmente acenei com a cabeça no modo automático. O que será que ele queria falar comigo? Eu sempre fui muito curioso. Esperei Carlinhos sair, vi que ninguém estava nem aí pra nós dois e sai logo em seguida. Carlinhos estava me esperando na porta do banheiro. Assim que me aproximei, ele abriu a porta e me puxou lá pra dentro, trancando a fechadura. Em seguida, me encarou.
- Desculpa cara, mas não aguento mais esperar pra fazer isso. - ele disso isso e me beijou. Mas, não foi um beijo qualquer. Não foi um beijo calmo e tranquilo como da primeira vez. Carlinhos me beijou pra valer. Foi um beijo intenso e cheio de significados. Carlinhos me beijou com tanta vontade que eu senti como se estivéssemos no deserto e eu fosse sua única fonte de água existente na terra. Eu não sei nem explicar tudo o que eu estava sentindo. A única coisa que eu sei, é que eu deixei me entregar completamente àquele beijo, pois eu queria viver aquilo tanto quanto ele.

Para Todo Sempre CarluOnde histórias criam vida. Descubra agora