Entramos na área da piscina e Zoelma logo fez questão de nos apresentar para todo mundo. A maioria das pessoas ali, tinham praticamente a nossa idade e eram amigos da filha de Zoelma e do namorado dela. Assim que chegamos, naturalmente, percebi os olhares das garotas pra cima de Lucas. Era sempre assim, mas eu jurei pra mim mesmo que dessa vez, eu não iria me irritar. Logo elas iriam se tocar que o boy já tinha dono, fariam aquela cara de incredulidade por um cara tão bonito ser gay, iriam cochichar uma com as outras sobre o assunto e depois, correriam atrás de outro pau pra se engraçar. Esse lugar era maravilhoso demais para eu me estressar com essas pequenas coisas.
_-Meninos, aquela ali é a minha filha e o meu genro… - Zoelma apontou para o casal que estava abraçado em cima de uma bóia, dentro da piscina. O cara cumprimentou a gente com um sinal de jóia e a menina nos deu um tchauzinho animado. As outras pessoas, eu não fazia idéia dos nomes. Apesar de Zo ter falado, eu já tinha esquecido tudo. Cumprimentamos todas as garotas com beijos no rosto e os caras com um aperto de mão. Senti um dos caras apertar minha mão com um pouco mais de força, mas não dei muita importância. Zo pediu para almoçarmos e curtimos a piscina, porque mais tarde ela nos levaria para dar uma volta de lancha. Sim, ela tinha uma lancha. Uma lancha que com certeza eu ia esfregar na cara de Roninho. E daí que não era minha? O importante era ostentar. Semana passada aquele invejoso comprou uma bis nova e fez questão de ficar gongando comigo e com o Lucas, por minha moto ser velha.
_- Lucas, você vai querer comer agora? - eu estava morrendo de fome e aquele cheiro de churrasco estava me matando.
_- Não preto, ainda estou sem fome por causa daquele açaí que tomei no posto.
_- Você quer dizer o açaí que a minha camiseta nova tomou, né? - Lucas fechou a cara.
_- Vai ficar jogando isso na minha cara toda hora, agora? - falou emburrado e eu ri.
_- Não gato, logo você destrói alguma outra coisa e eu terei que mudar de assunto... - Lucas revirou os olhos e eu o segurei pelo braço. - Agora é sério Lucas, me escuta... - cheguei mais perto dele e cochichei em seu ouvido. - Pelo amor de Deus cara, não me quebra nenhum copo nessa casa, senão teremos que trabalhar a vida toda pra pagar…
_- Credo, preto! Eu não sou tão desastrado assim... - eu não ia discutir.
_- Só por precaução, fique longe de qualquer coisa que custe mais do que vinte reais… - Lucas ia me xingar mas, eu o interrompi. - Vou lá na churrasqueira pegar algo pra eu comer…
_- Eu te espero na piscina, ficarei conversando com a Zo… - antes de sair, olhei para Lucas mais uma vez.
_- Outra coisa, toma cuidado naquela piscina que eu já vi que a água está cheia de piranhas… - Lucas gargalhou.
_- Carliiinhos… - disse num tom de repreensão. - Deixe de ser ciumento rapaz, as meninas nem fizeram nada...
- Aqui só trabalhamos com verdades. - dei uma piscadinha pra ele e fui para churrasqueira. Lucas ficou rindo.
_- Então é você, o famoso Carlinhos? - perguntou o marido de Zoelma, sorrindo pra mim.
_- Famoso eu ainda não sou não, mas um dia vou ser… - brinquei, chegando perto dele.
_- Zoe tem falado bastante de você e do seu amigo nos últimos dias… - o marido de Zoelma não quis dizer a palavra “namorado” e eu percebi que foi para evitar nossa exposição na frente dos amigos de sua filha. Eu o agradeci por isso. Não que eu tivesse algum problema em dizer que Lucas era meu namorado, mas eu não via razão para ficar escancarando nosso relacionamento por aí, ainda mais para um monte de gente que eu não conhecia.
_- A sua esposa é uma mulher incrível…
_- Ela é mesmo… - disse orgulhoso. - E vocês caíram na graça dela, minha mulher trabalha muito com energias e ela disse que vocês dois têm uma luz muito rara de se encontrar por aí…- abaixei a cabeça sorrindo. Eu pensava a mesma coisa de Zoelma. - Você gosta de carne bem ou mal passada?
_- O boi não vindo vivo, pra mim tanto faz… - o marido de Zoelma riu alto.
_- Você é muito engraçado, garoto. - falou, servindo um pedaço de picanha no meu prato.
_- Ei, tio! Já tem alguma carne pronta ai? - um dos amigos da filha de Zoelma se aproximou de nós com uma bandeja na mão. - Aqueles folgados estão com fome e com preguiça de vir buscar, sobrou pra mim… - ele colocou a bandeja no balcão e colou do meu lado.
_- Eu já volto pra servir vocês, só um minuto… - o telefone do marido de Zoelma tocou e ele nos pediu licença para atender.
_- Ei cara, maneiro seu boné… - disse o garoto me encarando. O boné era de Lucas.
_- Valeu. - respondi, passando a carne na farofa, em seguida, enfiei na boca.
_- Você toma uma breja? - ele caminhou até o cooler que estava no chão, retirou de lá duas latinhas e estendeu uma pra mim. Eu não era muito apreciador de bebidas alcoólicas, mas aceitei para não fazer desfeita e porque estava com sede mesmo. Hoje estava um calor do cacete e uma cervejinha cairia bem.
_- Valeu, cara.
_- Seu nome é Carlos, né? - ele perguntou, se debruçando no balcão de frente pra mim.
_- Sim, mas a galera me chama de Carlinhos.
_- Eu sou o Bruno, amigo da Aminie. - Aminie era a filha da Zoelma. Bruno era alto, loiro, tinha os ombros largos de nadador e seus olhos azuis eram da cor da água da piscina. Ele era muito bonito, não vou negar. Claro que não se comparava a beleza de Lucas, mas Bruno era um cara que chamava atenção. Continuei comendo minha carne e comecei a me sentir constrangido quando percebi que o tal Bruno não parava de me encarar.
_- O que foi, hein? - perguntei, sem humor. - Tô cagado, mano? - eu não tinha paciência pra essas coisas. Odiava gente me encarando sem dizer nada como se tivesse um tolete de bosta na minha cabeça, me irritei. Bruno riu.
_- Desculpa, é que você é um cara bastante atraente. Não consigo parar de te olhar desde a hora que chegou com o seu amigo… - agora que eu estava me lembrando dele, Bruno tinha sido o cara que apertou minha mão com mais força quando chegamos. Confesso que fiquei sem reação. Esse cara estava me dando mole ou era impressão minha?
_- Carlinhos, por acaso você ainda vai… - Lucas surgiu animado na área da churrasqueira, mas logo interrompeu sua frase e animação quando olhou de Bruno pra mim e de mim pra Bruno. - ...demorar muito pra comer? - finalizou a pergunta, com um tom de voz cortante. Ele ainda olhava fixo para Bruno que continuava na mesma posição casual, com sua latinha na mão, debruçado no balcão de frente pra mim.
_ - Opa, voltei meninos! Desculpem, apesar de estar de folga hoje, meu trabalho não me abandona… - o marido de Zoelma sorriu, assumindo seu lugar de volta na churrasqueira.
_- Não, eu já terminei. Você não vai querer comer nada mesmo Lucas? - perguntei para o meu namorado que foi até o cooler pegar uma cerveja pra ele também. - Faz pelo menos um lanche cara, beber de estômago vazio pode ter fazer mal… - Lucas sempre foi um tanto fraco para bebidas, na época que eu tentava conquistá-lo, eu adorava usar isso ao meu favor, mas hoje, não estava me parecendo uma boa ideia.
_ - Ele tem razão, cara. - Bruno se intrometeu na conversa, olhando para Lucas. - Beber de estômago vazio nunca é uma boa combinação... - ele falou isso com um sorriso cheio de dentes… para mim. Bruno com certeza sabia que eu era gay, mas será que ele ainda não tinha percebido que Lucas era o meu parceiro? Como geralmente era eu que estava do outro lado da situação em relação a Lucas, eu realmente fiquei sem saber o que fazer. Meu namorado parecia que ia explodir de tanta raiva. Eu conhecia muito bem aquela cara.
_- Luquinhas, acabou de sair um bife delicioso de picanha quer que eu separe pra você, filho? - perguntou o marido de Zo, completamente alheio a situação. Como Lucas tinha grandes dificuldades em dizer não, acabou aceitando mesmo contra sua vontade. Após Lucas praticamente enfiar o lanche goela abaixo de qualquer jeito, fomos pra piscina. Meu bixim estava puto. Bruno pegou a bandeja que o marido de Zo encheu de carne pra ele e levou para o lado oposto, onde estavam a sua turma de amigos. Sentei na borda da piscina com meus pés dentro da água, esperando pra fazer digestão antes de entrar. Lucas se sentou do meu lado.
_- Ei, que cara é essa? - perguntei me fazendo de desentendido. Lucas só me olhou.
_- É bonito seu amigo novo, né? - eu quis rir, mas me segurei. - Sorriso largo, todo simpático, olhos azuis…
_- Você está falando do Bruno? - indaguei, casualmente.
_- Não sei, é Bruno o nome dele? Que bom que decorou…
_- Ele se apresentou lá na churrasqueira… - eu continuava com o riso preso e confesso que amando esse ciúmes de Lucas comigo.
_- Olha que bacana, vocês trocaram telefone também ou só simpatia mesmo? - o sarcasmo era evidente em cada palavra de sua pergunta.
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Para Todo Sempre Carlu
FanfictionPara Todo Sempre é uma Fanfic inspirada no romance de Carlinhos Maia e Lucas Guimarães. Porém, apesar de ter me baseado em alguns fatos reais para elaborar a história, é importante frisar que nada aqui é realmente real. Tudo é ficção e obra da minha...