Descobertas

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- O que foi hein, Elisa? - pergunto para minha atual “peguete” que estava com uma cara azeda de quem havia chupado um limão, desde a hora que entrou na Lan House do meu tio. - Eu que te pergunto Carlos, o que está acontecendo com você?
- Oxe! Comigo? Nada, por quê? - desviei meu meus olhos do dela e fingi prestar atenção na tela do computador na minha frente. Eu não queria que ela percebesse a confusão que estava minha mente desde a festa de ontem a noite.
- Você está tão estranho...
- Estou estranho nada menina, você que está de doidisse aí… Acho melhor você ir embora antes que meu tio brigue comigo… - chateada, Elisa se levantou rapidamente da cadeira ao meu lado, deu dois passos em direção a saída quando a puxei pelo braço. - Deixa de paranóia, viu? Está tudo bem... Mais tarde eu te ligo. - abri um sorriso forçado quando dei um selinho em seus lábios. Ela retribuiu o gesto, concordando com a cabeça e foi embora. Soltei um longo suspiro de alívio, assim que ela atravessou pela porta.
Por mais amigos que fôssemos, eu nunca poderia falar para a Elisa o que havia acontecido na noite passada. Aliás, eu nunca poderia contar aquilo pra ninguém. Eu sabia que Elisa gostava muito de mim e se dependesse dela, nós já estaríamos namorando faz tempo. Eu que não queria iludi-la, nem dar falsas esperanças à ela. Eu não gostava dela dessa forma. A gente trocava uns beijos de vez em quando, mas nada sério. Pelo menos não da minha parte.
Já fazia um tempo que eu vinha sentindo que havia algo errado comigo e eu não sabia o que era. Ontem, quando aquele cara chegou em mim dizendo que eu era a pessoa mais interessante daquela festa dando a entender que o seu interesse em mim ia além da amizade, eu fiquei assustado de início, mas não me afastei.
Ele me chamou para dar uma volta fora da festa para conversarmos num lugar mais tranquilo e eu fui. Eu nunca imaginei que seria capaz de beijar a boca de um homem antes, até ele me pegar de surpresa e me beijar. O mais estranho de tudo aquilo foi que eu devia ter empurrado o cara, ter dito que era hétero e que meu negócio era apenas mulheres, mas eu não fiz nada disso. Pelo contrário, eu retribui o seu beijo. O mais estranho de tudo foi que eu não achei nojento como eu pensava que seria, foi… sei lá, normal. Mesmo assim, após o beijo, fiz a linha macho conservador, fingi certa irritação com sua ousadia e fui embora deixando-o para trás. Graças a Deus, aquele cara que eu não lembro se chamava Rodrigo ou Ricardo, não era da minha Vila e eu não precisaria conviver com a vergonha de olhar pra sua cara no dia seguinte. Porém, o fato de ter beijado um homem na boca e até ter gostado disso, havia despertado minha mente para outras questões que eu tentava a todo custo evitar pensar.

Para Todo Sempre CarluOnde histórias criam vida. Descubra agora