- Você acha que tá legal assim? - pergunto pra Carlinhos ao ajeitar o meu cabelo na frente do espelho.
- Está um pouco esculhambado, mas aí no seu caso só nascendo de novo mesmo para conseguir melhorar... - responde ele com deboche, me fazendo olhá-lo com seriedade. Carlinhos apenas sorri e pisca pra mim. Balanço a cabeça negativamente e sorrio de volta pra ele. Meu coração ainda se derretia todo com aquele jeito de olhar...
- Bem que você gosta do esculhambado aqui... - provoco, presunçoso.
- Gosto não, eu AMO... - Carlinhos responde, se aproximando lentamente de mim. Sinto meu coração disparar. - Te encontro na praça amanhã depois da escola de novo?
- S-sim... - eu ainda me tremia inteiro toda vez que Carlinhos me tocava. Ele segurou minha mão e me puxou ao seu encontro, aproximando sua boca em meu ouvido.
- Eu amo esse seu perfume, sabia? - seus lábios roçam no meu pescoço e eu fecho os olhos completamente rendido.
- É.. al...fazema. - respondo um pouco ofegante. Só de sentir a respiração dele em meu pescoço, já me causa arrepios.
- Virou o meu cheiro favorito a partir de agora... - Carlinhos empurra meu corpo para trás, prensando-o na parede do seu quarto. - Eu preciso te beijar Lucas... - eu estava nervoso, mas cada parte de mim ansiando por aquele beijo. Sem conseguir me mover, Carlinhos aproximou sua boca da minha. Nossos lábios estavam a meio centímetro de se tocarem quando, de repente, senti um afogamento na garganta.
Sufocado, abro meus olhos repentinamente, dando de cara com o teto do meu quarto.
_- A vovó falou pra eu te acordar, preguiçoso! - cantarolou Thiago, o meu irmão mais novo, com um copo d'água na mão. Eu estava suando frio e meu "companheiro de guerra" bem armado para mais uma batalha dentro da cueca. - ACORDAAA!!! - grita ele, tentando arrancar a coberta de cima de mim. Segurei o tecido em meu corpo, como se fosse a minha própria vida. Thiago não podia me vir naquele estado deplorável de jeito nenhum.
- Saia daqui moleque! Eu juro que vou te matar, pirralho... - peguei meu travesseiro da cabeça, acertando a cara dele com força. Ele começou a chorar.
- Eu vou contar tudo pra vovó... - reclamou com a mão no rosto. Meu irmão caçula saiu do meu quarto e eu finalmente, consegui respirar.
- Puta merda! - suspiro alto. Eu estava atordoado. Eu nunca havia tido um sonho tão real em toda minha vida. E nunca havia me sentido tão completo também. Eu continuava bastante excitado e os meus batimentos cardíacos descompassados. Eu estava perdido, confuso e o pior, eu estava sorrindo. Uma parte de mim maior do que eu desejava, queria muito que aquele sonho tivesse sido real. Carlinhos e eu estávamos cada vez mais próximos ultimamente e confesso que cada dia ficava mais difícil negar meus sentimentos. Eu já tinha começado a aceitar que sentia algo diferente por ele, mas ainda não queria acreditar que pudesse ser verdade. Depois daquela discussão que tivemos meses atrás na festa de Nathalia, após eu, propositalmente, ficar com a Adriana só pra provocá-lo, nossa amizade por incrível que pareça ficou mais fortalecida. Nos falávamos quase todos os dias pelo MSN e agora, eu quase sempre era convidado pra sair com meu irmão e com os amigos dele. Eu até aturava as babaquices do Roninho só para estar mais próximo de Carlinhos.
Mês passado, Carlinhos me convidou para uma festa no interior. Passamos a noite toda somente nos olhando. Sabe aquela velha história que um olhar vale mais que mil palavras? Nunca fez tanto sentido pra mim. Tudo o que queríamos dizer era nitidamente expresso na nossa troca de olhares. Eu sabia que uma hora ou outra o inevitável aconteceria, só não estava preparado pra isso ainda. Muitas coisas passavam na minha cabeça, minha família, meus irmãos, minha avó, Deus, o fato de ser pecado... Como eu lidaria com tudo isso? Eu continuava ficando com mulheres e até transei com uma amiga minha na semana passada. Porém, aquela sensação de que faltava algo na minha vida, não mudou. Novamente voltei meus pensamentos no sonho que eu tive com Carlinhos. Qual seria o gosto do seu beijo? A sensação do seu toque, mesmo que em sonho ainda estava em mim. Eu não devia querer tanto experimentá-lo, mas eu queria.
Levantei-me da cama e caminhei até o banheiro. Meu amigão não estava afim de desanimar de jeito nenhum dentro da cueca. Sem muita opção, tomei um banho e acabei fazendo o serviço manual embaixo do chuveiro mesmo para finalmente, poder ir para escola.
_- Como é, Bruno? Tem certeza, que ele disse isso, cara? - minhas mãos estão tremendo e eu não sei dizer se é de raiva ou de vergonha.
- Está todo mundo comentando, Lucas. O Carlinhos está espalhando pra todo mundo que ficou contigo lá naquela festa da Lapera no mês passado.
- Eu não fiquei com Carlinhos, nem na festa da Lapera, nem em lugar nenhum. Que filho da puta, mentiroso! - meu colega de sala me encara rindo.
- Eu achei mesmo que não fosse verdade por causa da quantidade de mulher que você pega, mas sei lá, vocês dois andam tão próximos ultimamente, por isso resolvi te perguntar...
- Não, cara! Mil vezes, NÃO! - afirmo com raiva e ele ri. - Ah, mas eu vou tirar essa história a limpo com ele agora mesmo! - esbravejo saindo da sala de aula, furioso. Nós realmente estávamos mais próximos ultimamente, eu sentia que estava rolando um lance diferente entre a gente, mas eu nunca havia ficado com Carlinhos, eu odiava mentiras e gente mentirosa.
Sai do colégio feito um furacão e fui direto até a praça onde eu sabia que iria encontrá-lo. Meus olhos ferviam com tanta raiva na direção dele que eu nem prestei atenção em quem estava do seu lado. Carlinhos me vê se aproximando e sorri, como se eu fosse a pessoa mais importante da vida dele.
- Oi!
- Oi é o caralho! - Ignoro o seu sorriso sedutor idiota e aponto o meu dedo indicador na sua cara. - Fala agora na minha cara o que você anda espalhando por aí Carlinhos, seu mentiroso de merda! - Carlinhos fica sério e me encara assustado.
- Do que você está falando, Lucas? Está doido, moleque? - indaga ele, se fazendo de sonso. Olho em volta e percebo que ele está acompanhado de Verinha, Vitor, Paulo e mais uma garota que eu não conhecia.
- Não vem bancar o cínico pra cima de mim, Carlinhos! Eu já estou sabendo o que você andou inventando por aí a respeito de nós dois. Eu nunca fiquei com você e NUNCA irei ficar, entendeu? Seu babaca mentiroso!
- Lucas você está doido, velho? Pára de fazer cena na frente de todo mundo, eu não disse nada disso. Está me estranhando? Eu hein? - Carlinhos fica todo sem graça, enquanto os meninos estão rindo da nossa cara. - Quer saber? Eu vou embora, não estou afim de ficar aqui discutindo com você um assunto tão ridículo no meio de uma praça pública e pode ficar tranquilo que eu não vou chegar nem perto de você mais, se foi esse o motivo desse seu showzinho desconexo.
- Showzinho desconexo? - o meu coração está batendo com tanta rapidez que eu sinto que vai explodir no meu peito a qualquer momento. Eu queria esmurrar a cara do Carlinhos por ser tão dissimulado. Ele estava invertendo toda a situação ao seu favor e agora parecia como se eu estivesse errado e ele certo, sendo que quem inventou toda a história de que havia ficado comigo, foi ele. Carlinhos continua com aquele maldito nariz empinado e me encara com um ar de superioridade.
- Tchau Lucas, vá beber um cházinho de maracujá e depois quando estiver mais calminho, a gente conversa se você quiser. - ele se vira de costas pra mim e sai andando, com o sorriso mais presunçoso do mundo estampado no rosto. Eu não entendia como Carlinhos conseguia ser tão cretino e tão envolvente ao mesmo tempo. Eu não sabia se no momento eu sentia mais ódio dele ou de mim, por me sentir cada dia mais atraído por aquele mentiroso cheio de estilo.
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Para Todo Sempre Carlu
FanfictionPara Todo Sempre é uma Fanfic inspirada no romance de Carlinhos Maia e Lucas Guimarães. Porém, apesar de ter me baseado em alguns fatos reais para elaborar a história, é importante frisar que nada aqui é realmente real. Tudo é ficção e obra da minha...