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Dulce

Ao nascer do sol, levantei de minha cama e já fui direto para a venda antes de minha mãe. Preferi deixá-la dormindo mais um pouco.

Ela era uma mulher cansada, muito atarefada e trabalhava demais. Por mais que ela fosse boa fazendo os tecidos, era também uma mulher de idade.

Depois do falecimento do meu pai, minha mãe precisava trabalhar em dobro, já que a venda dos tecidos agora era a única renda que tínhamos para nos alimentarmos e pagarmos nossos impostos.

Tínhamos sorte de viver em um bom reino, com um rei bondoso e que amava o seu povo. Não havia lugar melhor que Seráfia. Eu era uma garota feliz, sem muitas preocupações, vivendo em um lugar agradável com pessoas simpáticas.

Eu ia cumprimentando todos da aldeia no caminho. Os moradores gostavam muito de mim e sempre eram gentis comigo.

— Bom dia, senhora Anastácia, como vão seus filhos? — perguntei à velha senhora que sempre nos comprava tecidos na venda.

— Estão muito bem, minha querida. E sua mãe, como vai? — perguntou-me com um sorriso no rosto.

— Vai muito bem.

— Estou precisando de alguns tecidos para costurar. Mais tarde irei até sua venda.

— Que ótimo! Estarei à espera.

Me despedi da velha senhora e continuei meu caminho. Eu carregava uma cesta de palha com alguns outros tecidos que eu e minha mãe havíamos finalizado na noite passada.

Todos compravam conosco, até mesmo as pessoas do palácio. Sempre mandavam algum dos serviçais pegar dezenas de tecidos toda semana. E o rei era tão gentil que sempre nos pagava a mais.

— Ei, Dulce! — ouvi uma voz vindo em minha direção.

— Ei, Christian! — sorri e o abracei.

— Que bom que te encontrei. Agora tenho um grande motivo para ir trabalhar. — falou me fazendo rir.

— Quanta preguiça!

— Sorte que a padaria de meu pai é bem em frente à sua venda de tecidos, pelo menos não me chateio tanto.

— Trabalhar não é tão ruim assim. — suspirei. — Eu gosto bastante.

— Você gosta de tudo e de todos, se não te conhecesse, diria que é quase uma princesa.

— Não diga besteiras. — dei risada.

— Mas é sério. Não é verdade que todas as princesas são sempre muito adoráveis? Pra mim você é bastante. — sorriu.

— Só falta o sangue real, que não tenho. — dei de ombros.

— Quem precisa de sangue real pra ser feliz?

— Concordo. Aposto que somos bem mais felizes livres na nossa pequena aldeia, do que se estivéssemos presos atrás dos muros daquele palácio.

— Nem consigo imaginar a vida severa que o príncipe Christopher e a princesa Anahi têm. — fingiu um arrepio ao dizer aquilo.

— Viu só? Melhor trabalhar. — ele riu.

— Nunca vai me fazer dizer isso.

Chegamos até nosso destino e cada um foi para um lado. Christian para a padaria e eu para a venda se tecidos.

Ele era meu melhor amigo, fomos criados praticamente juntos, desde que nos entendemos por gente.

Desde criança, Christian sempre foi muito preguiçoso, desde para ir à escola, ou a igreja, até para ter que trabalhar na padaria com seu pai. No fundo, ele sabe que aquilo é importante e faz tudo com bastante gosto (e alguns sermões, confesso).

Seráfia Onde histórias criam vida. Descubra agora