Conseguia ouvir com clareza as batidas do meu coração, ele batia com velocidade. Nunca nos deparamos com o som do nosso coração, com a intensidade da nossa respiração, é insignificante, a não ser quando se está com falta de ar, após levar um grande susto ou uma grande notícia e também quando se está com medo, e medo era o que eu mais sentia agora.
Eu não sabia quanto tempo havia se passado, eu não sei onde e como estava Amandha, e pelo fato de não saber, pela falta de informação eu ia me afundando mais ainda nos meus pensamentos escuros. Amandha não merecia isso, a culpa foi minha, completamente minha. Não sou Jessica Jones como Amandha falou, não vivo em uma série como disse o meu pai, porque eu simplesmente não aceitei que nada disso era problema meu, que a distância entre eu e Ashley é mais que importante, é obrigatório.
Ela vai ficar bem, dentro dela existe algo bem mais forte do que qualquer mão humana, do que qualquer pensamento ruim, de qualquer maldade. Dentro de Amandha existe fé, infelizmente isso faltava dentro de mim, mas, eu sou apenas mais uma mal informada, mal orientada sobre quem realmente é Deus, o que realmente é a fé e o que realmente é um milagre.
Controlei minha respiração, me concentrei o máximo que pude e fechei os meus olhos.
— Eu não sei fazer isso direito, mas, Deus se está aí, se pode me ouvir por favor nos ajude, nos livre das mãos de pessoas com pensamentos impuros, nos livre deste cativeiro, tenha misericórdia de nós Senhor, coloco o Senhor no comando desta situação e sei que o que acontecer será da tua vontade, Amém!
Depois de alguns minutos Amandha foi jogada quarto adentro. Eu não conseguia vê-la.
— Amandha? Fala comigo, como você está, está machucada?
— Não — disse a mesma em prantos — Emma, Ashley está aqui, ela conseguiu sair, como eu não sei, mas, ela está aqui. Me ouça, se não sairmos daqui vivas eu quero que você...
— Ora ora, que prazer recebê-las aqui em minha humilde...— Ela riu — Não vou dizer residência, não trago lixo para casa.
A luz se ascendeu e lá estava ela, Ashley, o pesadelo dos meus sonhos agora estava ali, solta, sem ninguém para colocar um freio em suas maldades.
— Como você conseguiu sair? Como você? — Eu estava indignada.
— Ah Emma, é tão fácil fugir de uma cadeia feminina, mas eu não tenho muito tempo antes que eles me encontrem. Amandha você ficou bem mais bonita assim — ele segurou firme sobre o rosto de Amandha, a levantando de forma brusca. Amandha estava completamente ferida.
— Amandha! — Tentei me soltar — O que fizeram com ela, porque está fazendo isso? Eu já não te dei tudo o que queria?
— Vocês ainda estão vivas, e isso não fazia parte do meu plano.
Ashley sacou a arma que estava em sua cintura e veio apontando ela para mim. Senti que minha vida havia passado sobre os meus olhos, assim como um filme. Pensei que era mito, que era mentira, mas não, a vida realmente passa sobre os nossos olhos quando estamos em um momento como estes, ouvi o gatilho e estava pronta para ouvir o disparo, eu ouvi, mas não senti nada. Com os olhos extremamente fechados com força o abri rapidamente.
— Mas que merda é essa! — Ashley foi até a porta — Não sai daqui!
Ela saiu correndo para fora do quarto onde estávamos.
Ouvi a voz de meu pai de relance, Amandha me olhou quase implorando para que eu concordasse que era realmente a voz era dele. Mas, não era somente a voz de papai que se sobressaia, Edward gritava meu nome entre os corredores.
— Aqui! — Gritou Amandha — filho estamos aqui! — Amandha chorava e se apoiava sobre as paredes até chegar a porta.
Edward adentrou a abraçando, ele a beijou e a olhou com dó, com dor e com pena, mas, doeu bem mais quando o olhar dele veio de encontro ao meu. Eu sei, tudo isso era culpa minha.
— Amor — ele começou a me desamarrar.
Um tiroteio tomou conta da situação, logo meu pai veio em minha cabeça então só pensei em correr, eu buscava o som dos tiros, mas, aquele galpão era maior do que eu imaginava.
— Emma não! — Ouvi Edward gritar meu nome, mas, naquele momento eu só conseguia pensar em meu pai.
Havia uma escada, observei algumas luzes que mudavam de cor, do vermelho ao azul e do azul ao amarelo, era uma viatura de polícia.
Os policias estavam tentando um acordo para que Ashley se entregasse, mas Ashley, Dave e outros três homens disparavam tiros contra a polícia. Assim que papai me viu gritou o meu nome com desespero, Ashley desviou o olhar e também a sua arma em minha direção.
— Ashley abaixe sua arma agora — disse um dos polícias.
Em poucos segundos ela atirou contra mim, mas o tiro não pegou, tudo acontecia muito rápido, me abaixei e ainda no chão busquei proteção contra os disparos de Ashley, uma troca de tiros começou novamente entre o bando de Ashley e os policiais. Um deles atirou contra Dave que caiu no chão.
— Não! — Ashley gritou. Um grito de desespero, pausado saiu de seus lábios. Ela se jogou contra o corpo de Dave, aquela mesma cena se repetia mais uma vez, mas, em vez de ser eu lutando pela vida do meu pai, agora era Ashley que implorava pela vida do próprio filho.
Amandha e Edward desceram as escadas. Ao ver o corpo de Dave estirado pelo chão e Ashley aos prantos, Edward parou assustado, completamente sem reação, e sem nenhuma proteção. Me levantei rapidamente para puxa-lo, mas Ashley se levantou primeiro apontando sua arma para ele.
— Se eu perdi o amor da minha vida, você também vai perder o seu.
Corri para frente de Edward jogando meu corpo contra o dele, o disparo de Ashley que eu havia esperado minutos atrás aconteceu. Senti minhas pernas perderem o movimento e eu caí sobre os braços de Edward. Meu corpo queimava, sentia a bala passear sobre o meu peito.
— Emma não! — Edward me deitava lentamente.
Em questão de segundos de um disparo para o outro, um dos polícias atirou. Ashley ainda de pé caiu de joelhos sobre o chão. Seu macacão que ainda era laranja, se encheu de sangue. Me desculpa Ashley, mas, se eu vou morrer está noite, você também vai.
Agora tudo isso ganha um fim. Ali naquele chão, sentindo minha respiração já falhar, coloquei a mão sobre o rosto de Edward e com a mesma velocidade que sentia a vida deixar o meu corpo, me permiti dar minhas únicas é últimas palavras.
— Diga para o meu pai que eu o amo mais que tudo neste mundo, cuide do bebê de Hadaleine e por favor, sigam suas vidas, vocês merecem ser felizes.
Meus olhos já se fechavam quando papai se jogou ao meu lado, abraçando meu corpo já quase sem vida, eu já não tinha mais forças para abrir os olhos, minha respiração que já era fraca foi parando e então...
Continua...🍃
Será que continua mesmo? Nunca senti tanto medo desse "Continua" no final dos capítulos.
E aí amores, o que estão achando do livro? Quero a opinião de vocês ♥️
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Através Do Seu Olhar
RomansaA vida de Emma nunca foi muito interessante, aos quatro messes de vida sua mãe á abandonou junto de seu pai para morar fora do país. Depois de quase quinze anos ela voltou, rica, poderosa e cheia de segredos. Para Emma tudo bem, ela só não sabia que...