Capítulo 8

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Morta? Helena estava morta? Tudo naquela cidade acabava assim? Desastre e morte? Um milhão de pensamentos tomavam minha mente, mas o que mais me aterrorizava era a falta de informações sobre minha sobrinha.

A delegada não tinha sido nem um pouco objetiva nas informações por telefone, era como se quisesse dizer tudo pessoalmente, ou pior, ela poderia não saber nada. Isso não me surpreenderia levando-se em consideração o péssimo trabalho feito pela polícia local nas mortes recentes.

Imediatamente nos vestimos e partimos correndo para o estacionamento do hotel. Quando ligava o carro, me preparando para ir até à delegacia, fui alertado por Eleonor:

— Não vamos para a delegacia, precisamos ir até à casa da Helena e rápido.

— Mas a delegada...

— Não, não tem nada de importante lá. Vamos para a casa da Helena, Heitor.

Não vi motivo para questioná-la.

— Tudo bem, então.

A delegada Thábata disse que os vizinhos ligaram às duas da madrugada, por volta das três horas retornei a ligação e em vinte cinco minutos chegamos na casa de Helena.

A polícia ainda estava no local e uma ambulância estava parada na rua com um corpo coberto em uma maca, era Helena. Nenhum sinal de minha sobrinha, isso me preocupou muito. Descemos apressados e para minha surpresa minha esposa disse:

— Vai até lá sozinho, eu preciso conferir uma coisa aqui na rua. Penso que ainda temos algum tempo.

Acenei com a cabeça e corri na direção dos policiais. Me identifiquei como parente próximo para um homem fardado, aparentemente um investigador experiente, deveria ter na casa dos quarenta e poucos anos.

— Sinto muito, amigo. Quando chegamos, encontramos a moça caída na escada da sala, alguém a enforcou com uma corda. Desenharam aquele maldito pentagrama na parede com um batom da pobre mulher.

— Mas e a filha dela? Cadê minha sobrinha?

— Não encontramos mais ninguém no local. Estamos trabalhando com a ideia de um sequestro.

Era absurdamente inacreditável. Trabalhavam com a ideia de sequestro, todavia ninguém sabia de nada. Diversos assassinatos com o mesmo padrão e eles só têm isso para dizer, me senti extremamente frustrado.

Os policiais continuaram conversando entre eles, me distanciei para olhar a casa de fora, eles me impediram de entrar na residência e não pude nem ao menos ver Helena. Percebi que a porta foi brutalmente derrubada com um chute, provavelmente o barulho chamou a atenção de algum vizinho. Também notei pegadas de barro na entrada da casa. Era tudo que consegui observar sem entrar no recinto.

Foi quando Eleonor ofegante, retornou:

— Rápido, vamos entrar na casa — ela disse ao me puxar.

— Não podemos, os policiais não deixaram.

Minha esposa olhou para os homens que conversavam, dirigiu-se imediatamente na direção deles acenando. Eles pareciam sérios, quando chegamos perto o investigador sisudo fez uma cara de surpresa e com um semblante entusiasmado afirmou:

— Por Deus, é você mesmo? A moça do caso Manuel Lobo? A loba?

Eleonor sorriu triunfante.

— Sou eu mesma, Eleonor. Você deve ser o investigador Sérgio!

O policial animadíssimo cutucou os colegas que o olhavam curiosos.

— É ela! A moça que descobriu que o velho Manuel Lobo escondia 50 quilogramas de cocaína e dinheiro do tráfico na caixa d'água. Rapaz, eu fiquei horas revirando a casa daquele bosta, nem os cães acharam nada, quase tive que soltá-lo. Então, essa moça aqui viu uma foto da casa no grupo da policia e matou o mistério na hora! Até hoje eu não sei como ela pensou nisso!

A Sociedade de Porto Izmael (Mistério/Policial/Aventura)Onde histórias criam vida. Descubra agora