A Sociedade de Porto Izmael (Mistério/Policial/Aventura)

Capítulo 32

O senador e o descendente do velho Izmael mantinham o semblante fechado, por mais que Eleonor tenha os pegado de surpresa, os dois homens tinham muito a perder, mais do que os outros membros.

— Não faz diferença alguma, e daí que ela tem seu número? Matamos ele e dizemos que está vivo, não muda nada. — Disse Ricardo Gorin.

— Faz sim, faz toda diferença. Essa mulher não vai aceitar um encontro sem ter certeza de que o marido está vivo. Ela me deu duas horas.— Retrucou a mulher.

Ricardo e Tobias encararam o ex-marido de Catarina esperando alguma posição.

— Não me olhem assim, eu dei a ideia da votação e mantenho minha opinião. — Olhou para Catarina. — Catarina, ela disse que ligaria em duas horas? Quanto tempo falta pra isso?

— Dez minutos. Vamos esperar e saberemos qual atitude tomar. Ainda não sabemos o que ela pode oferecer, se for uma bobagem ele é todo seu Ricardo.

Foi o que fizeram, todos os membros da seita e seus respectivos guarda-costas aguardaram sentados o horário que minha esposa estipulou, sem dúvida era uma forma de Eleonor tomar o controle da situação. Nenhuma atitude podia ser tomada pelos membros presentes até que o celular tocasse. Aquelas pessoas poderosas e influentes estavam, e talvez pela primeira vez em suas vidas, totalmente à mercê de uma pessoa.

Aguardamos os dez minutos mais demorados de minha vida. Nenhuma palavra, o único barulho escutado no local eram os dedos ansiosos de Ricardo batendo contra a mesa, ele me encarava com ódio. Imagino que Ygor era um membro importante da família dele, sorte minha ter sido capturado por Boris, depois de Catarina ele sem sombra de dúvida era o mais racional.

O celular sobre a mesa começou a vibrar, todos trocaram olhares até que Catarina atendeu o aparelho. Estava no viva-voz logicamente:

— O que você tem pra mim, Eleonor? — Usou a única informação que tinha sobre ela, o nome, para parecer um passo à frente.

" Olá Catarina, também vou cortar algumas formalidades e ir direto ao ponto: Tudo que estava na casa do Ygor foi registrado, os símbolos da Ordem, as mulheres, tudo."

— Não está me dando nada de mais, Eleonor. Seria mais produtivo me dizer como conseguiu meu número particular.

"Não vou dizer ainda, mas tenho algo mais produtivo pra te avisar: a foto, Catarina. Estava na sala dele, três homens estavam lá. Sabe do que estou falando? "

Catarina ficou muda, com um semblante furioso encarou Ricardo. Alguma coisa naquela foto era um fator importante.

"Alô? Catarina? Você está aí?"

— Sim, estou aqui. Que foto é essa? Por que isso deveria me importar?

"Eu dei uma pesquisada e parece que temos naquela foto Diego Marutto, possivelmente ele era pai do Ygor. Temos também Solano Gorin, pai de nosso querido empreendedor hoteleiro e traficante de mulheres. Ele deve estar bem do seu lado, não? Olá, Ricardo."

O homem estava furioso, suas veias só não se destacavam mais que seu rosto vermelho. Parecia que teria um infarto à qualquer momento. Ele levantou da cadeira e esbravejou para o celular:

— Escute aqui, garota! Quem diabos você pensa que é? Você já está morta, entendeu? Eu vou explodir a cabeça do seu marido e depois vou...— Todo o momento de fúria de Ricardo para o aparelho foi interrompido por Eleonor.

"Catarina, você ainda está aí?"

— Sim.

"Por favor, peça para o Ricardo não atrapalhar nossa negociação."