A Sociedade de Porto Izmael (Mistério/Policial/Aventura)

Capítulo 23

A mulher, agora com a atenção de todos, prosseguiu:

— Gostaria de começar nossa assembleia com a leitura da carta de nosso estimado fundador Izmael Gorin, que sua lembrança continue sendo o farol de honestidade, dignidade e humanidade guiando nosso desenvolvimento.

As pessoas bateram palmas, o famoso velho Izmael era realmente querido, ou pelo menos temido. Ela pegou um antigo manuscrito preservado junto a um livro igualmente velho, que indicava que a tal assembleia acontecia há anos.

Durante o tempo em que permaneci fora da cidade, busquei algumas informações sobre o fundador de Porto Izmael, todas eram muito vagas e enalteciam seu brilhantismo. Percebi que tudo o que se sabe sobre a vida e a morte dele foi escrito pelo próprio ou por seus descendentes.

de acordo com suas palavras, ele era apenas um viajante simples que se deparou com um vilarejo pouco desenvolvido. Seus conhecimentos em química básica, física e medicina o transformaram em um líder local rapidamente. Com algumas décadas atraiu riqueza ao litoral e ajudou a expandir o que seria um dos maiores portos nacionais, assim nasceu a cidade de Porto Izmael.

Após essas décadas fundou uma assembléia de bons cidadãos para administrar sua amada cidade e seu legado, seus documentos dizem que ele deixou sua fortuna com os filhos e viveu até o dia de sua morte em uma fazenda, isolado de tudo.

Viveu 94 anos, o que sinceramente deve ter colaborado com sua fama de bruxo que fora aumentada ao longo dos anos, já que em suas memórias nada tenha sido mencionado sobre magia ou algo do tipo. Pelo contrário, o homem era um forte adepto da igreja local, ajudando financeiramente na criação de duas das quatro igrejas mais antigas da região.

A mulher continuou seu monólogo:

— Queridos cidadãos, durante minha vida lutei pelo amor, o sentimento que sinto por essa gente do mar, que recebeu desde muito cedo aqueles que chegaram atrás de comida e trabalho honesto...— e assim a mulher prosseguia a carta extremamente clichê e antiquada de um homem que morreu no século passado, ou antes.

Eleonor aproveitou para me atualizar dos acontecimentos:

— Essas quatro pessoas sentadas naquele palco, são o grupo "Cavalheiros e Damas por Porto Izmael", são os cidadãos mais ricos e poderosos da cidade. A mulher alta e elegante, que discursa com eloquência, essa carta entediante, é Catarina Parezz, proprietária de uma frota marítima que distribui e recebe produtos pelo mundo inteiro. Ela tem uma vida tranquila, sem processos ou escândalos comprovados, mas seu filho o jovem Victor Parezz é o calcanhar de Aquiles dela, ele é um jovem suicida que adora três coisas: Festas, drogas e mulheres.

Não é de se surpreender que o filho de uma família rica e poderosa tenha seus caprichos perigosos, o tal Victor deveria ser uma versão "filho único" do Alexandre.

— Puxa, parece que você fez o dever de casa mesmo, heim? — Cochichei com um sorriso moderado.

— Obviamente, meu querido.

Os outros três homens sentados na mesa, também eram dignos de atenção. Um homem de cabelos castanhos e um terno bem alinhado, um senhor de cabelo grisalho, baixo e com um nariz pontudo, além de uma cara de poucos amigos, e por fim um homem careca de óculos e ar de extrema indiferença.

— O homem de terno, nesse calor, é o ex-marido de Catarina, Felipe Parezz. Influente no setor da soja e conhecido por sua boate, a Parezz, um dos pontos mais movimentados na noite de Porto Izmael. Ele tem um fraco por jogos ilegais, apostas ilegais, eu diria. O velho, mal-encarado, é Tobias Mackenzie, um senador que representa os interesses da cidade em âmbito nacional. Tobias tem tantas coisas envolvendo seu nome, que gastaríamos um ano investigando o que é mentira e o que é verdade, o mais importante sobre ele é seu envolvimento com os negócios que acontecem no porto e seu parentesco com a justiça local.