Capítulo 25

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Fora da cidade, a vila de pescadores de Porto Izmael era encantadora em sua simplicidade, as casas de poucos cômodos com cadeiras nas varandas, os pequenos barcos e as redes estendidas davam o charme único daquele pequeno paraíso. A brisa refrescante e o som do mar eram os protagonistas daquela sensação paradisíaca.

A pequena vila era anterior a construção de Porto Izmael, mais antiga que o próprio Izmael. Quando o tal desbravador chegou nessas terras, encontrou um grupo pacato de pescadores que viviam do que encontravam no mar. Alguns anos depois o velho bruxo trouxe consigo mercadores dispostos a usufruir da excelente rota de comércio, o que ocasionou em um desenvolvimento rápido e constante.

Estacionamos o carro na entrada da pequena rua que ligava à rodovia. Algumas crianças se aproximaram para analisar o veículo, eram bons garotos, e como todos por lá, eram gentis e acolhedores, ainda que com certo ar de desconfiança.

Paramos em uma pequena venda, um espaço com pouco mais de cinco metros quadrados, belas cadeiras de bambu próximas a um tradicional balcão, daqueles encontrados em bares e padarias comuns. Uma senhora simpática nos recebeu e nos trouxe um simples, porém delicioso café, que degustamos enquanto repassávamos todas as nossas informações.

— Vamos lá, você acha que pode rastrear o caminho a partir da vila?

— Claro, se for verdade que ele tem uma picape, e caso ele tenha passado por aqui recentemente, na direção da estrada de terra, posso facilmente encontrá-lo.

— Excelente. Antes de você ir, preciso do seu celular. Me empresta. — Disse Eleonor com a mão estendida.

Ela pegou o aparelho e enquanto o analisava, me perguntou:

— Esses arquivos aqui, você tem tudo salvo na nuvem ou em algum cartão de memória?

— Eu não uso cartão, tudo fica salvo na nuvem.

— Perfeito, então vou formatar seu celular com todos os seus arquivos, agenda de contatos, aplicativos... você vai perder tudo, tem problema?

Nesse momento relutei, perder todos os contatos, aplicativos e tudo o que eu tinha no meu celular não parecia ser algo bom, ou melhor, não parecia ter motivo algum.

— Por que você vai apagar tudo?

— Simples, se te pegarem com toda a sua vida salva nesse aparelho, eles te matam sem perguntar nada. Quanto menos souberem sobre você, mais chances você tem de barganhar. Falando nisso, preciso que deixe sua carteira comigo também.

— Meus Deus, amor. Celular, carteira...parece que você tá me assaltando. Que exagero, é só um cara e estou armado, ele é à prova de balas por acaso?

Eleonor eliminou tudo do celular, nada que pudesse me relacionar ao aparelho estava disponível. Além das roupas do corpo, eu só poderia levar ao covil do assassino minha arma e um par de algemas que ela me entregou antes de sairmos do hotel.

A senhora do balcão nos analisava curiosa, seu marido, um senhor de bermuda e um excêntrico chapéu feito de palha, fumava distraído na porta da venda. A mulher se aproximou e nos calamos imediatamente.

— Vocês gostaram do café? Tem bolo e pão se quiserem também. — Disse a mulher com sorriso receptivo.

— Não precisa. Tá tudo bem, a senhora é muito simpática. — Eleonor falou com um sorriso igualmente receptivo. — Qual é o nome da senhora mesmo?

— Eneida, moça. Aquele ali é meu marido, Nestor. Vocês são um casal muito bonito, são da região?

— Não somos não, dona. Estamos aqui apenas para encontrar uma pessoa que mora perto. Para pedirmos ajuda em um serviço. — Eleonor misturava fatos com uma leve mentira.

A Sociedade de Porto Izmael (Mistério/Policial/Aventura)Onde histórias criam vida. Descubra agora