Capítulo 30

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Acordei com meu corpo dolorido, principalmente a face, Ygor fez um bom trabalho com aqueles socos. Céus, meu corpo estava destruído, mais do que saber onde estava, só queria um remédio para dor.

Minha visão gradualmente começava a se adaptar à escuridão do local, estava acorrentado como as garotas na casa do psicopata gigante, mas não era uma cela. A goteira, alguns barris, tudo me lembrava uma adega.

Beber um bom vinho seria maravilhoso, mas acreditei que meu anfitrião não me presentearia com tal mimo. Após alguns segundos, percebi que dois homens estavam lá para me vigiar. Quando um deles percebeu que eu estava acordado, tratou de exclamar:

— Acordou, heim! Achei que um cara pra matar o Ygor seria mais durão, se bem que você tava armado.— Com um sorriso ele gritou para o colega na porta.— Chama o Boris, o "fodão" acordou!

Quem diabos era Boris? Naquele momento não conseguia me lembrar do nome. Boa coisa não deveria ser, com certeza ele não me entregaria o troféu matador de gigante do ano, ou uma medalha de honra ao mérito.

A porta abriu, e com ela, a luz de fora invadiu a adega, um roedor correu para dentro de um buraco qualquer, foi quando me deparei com a falta de higiene da pequena adega que servia de masmorra. O homem que apareceu na porta era familiar: um sujeito alto, magro e discreto que estava na Assembleia da cidade.

Me deparei com a porcaria do contador que estava sentado na primeira fila.

Era o sujeito que Eleonor disse ser o responsável por organizar o dinheiro sujo daquela sociedade.

O homem ajeitou os óculos e desceu as escadas na minha direção, o semblante sério, quase vazio, só não me assustou porque não tinha o olhar assassino de Ygor. O tal, Boris, se agachou e segurou meu queixo, era como um fazendeiro analisando o gado antes de uma compra. Cheguei a pensar que abriria minha boca pra ver se faltava algum dente. Detalhe: O Ygor, incrivelmente não me arrancou nenhum.

— Nosso anjo fez um belo estrago em você, meu amigo. Já bebeu água? Deve estar com sede.

Apenas permaneci calado e o encarei nos olhos.

— Jonas! Pega um copo de água para o nosso, convidado. Não aquela porcaria da torneira que vocês tomam, pode ser gelada, vai lá em cima pegar.

Um dos homens que me vigiava, correu pelas escadas. Abri um sorriso e provoquei meu anfitrião:

— Acho que prefiro vinho,"amigo".

Ele sorriu de volta.

— Não posso arriscar que você fique bêbado, preciso te perguntar algumas coisas antes.

— Perguntar? Esse é seu eufemismo para tortura? Você não deve ser bom nisso então.

— Sim. Confesso que não sou o melhor nessa antiga arte, afinal, você matou nosso Van Gogh da tortura. Alguns minutos com você e ele faria você lembrar de coisas que aconteceram no ventre da sua mãe.

Meu sorriso de provocação caiu por terra nesse momento. Ygor era um monstro, e pensar o que aquelas mulheres podem ter passado na mão daquele sádico me dava enjoo. Pobre Fátima, ela tinha razão em dizer que eu não voltaria, não existia cenário em que esses sujeitos tenham poupado aquelas mulheres.

— Possivelmente, não vou conseguir tirar nada de você, mas vou gostar disso mesmo assim, "Heitor". — Ele tirou do bolso meu celular. — Seu nome é Heitor e sua esposa é uma mulher chamada Eleonor, correto? Seu irmão Alexandre prestou alguns serviços para a Ordem, mas depois bancou o espertinho. Isso é tudo que eu consegui descobrir sobre você até agora.

O homem trouxe minha água e Boris me ajudou a beber, estava refrescante.

— Você sabe por que ainda está vivo? — Ele me perguntou.

Eu sabia. O motivo era evidente: esses sujeitos fuçaram meu celular e a única coisa que encontraram foi um conjunto de fotos e uma ligação para um telefone desconhecido, Eleonor tinha um aparelho especifico para nossa investigação, alguma coisa, nas fotos mandadas para minha esposa, incomodaram esse sujeito.

— Tenho certeza que você sabe. Eu preciso encontrar a pessoa que recebeu essas fotos que você enviou, tudo indica que foi sua esposa. Poderia mentir pra você e dizer que estamos com ela e que se você não contar tudo vamos matá-la, essa baboseira de sequestrador, entretanto não vou ofender sua inteligência. Sua mulher sumiu, ninguém sabe onde ela está.

Não resisti, uma leve risada escapou da minha boca. Ah, Eleonor! Só conseguia pensar que tipo de coelho ela tiraria da cartola naquele momento, para salvar nossas vidas precisava ser um gigantesco coelho.

Seja lá, qual plano estranho e absurdo fosse, minha parte ficava claro: resistir. Esses caras fariam comigo o serviço completo com socos, choques e afogamentos. Meu único consolo era que eu realmente não fazia a menor ideia de onde encontrar Eleonor ou do que ela estava planejando.

— Em algumas horas você vai participar de um evento único, então preciso torturar você logo, ninguém vai querer que você não tenha força para sua grande festa.

Grande festa? O que diabos esse sujeito estava insinuando?

— O homem que você matou tinha uma ligação importante com uma pessoa poderosa, e gente assim costuma agir por impulso em alguns momentos. Não se preocupe, não vou deixar ninguém te matar assim de graça, amigo. Lembre-se disso quando a dor começar, eu só quero o seu bem.— Me presenteou com sorriso falso.

Tudo naquele homem da contabilidade me irritava, a roupa formal, o jeito arrogante carregado de falsidade, e claro, as duras horas que ele passaria me torturando. Ele me perguntaria sobre meu irmão, meus empregos, minha esposa e outras coisas, obviamente não respondi quase nada, e quando falei era alguma mentira sem sentido, não importava.

Não importava porque depois de alguns minutos ele nem fez mais perguntas, ficava apenas me batendo, sorrindo como o psicopata que ele escondia por trás daquela máscara de homem formal.

Ainda naquela noite, Boris me levaria para a verdadeira face da cidade de Porto Izmael: a reunião da Ordem que controlava aquela cidade, estaria na frente daquela seita desagradável.

Seria uma reunião para escolher meu destino.


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Voltei da cirurgia bem e animadão para escrever! Obrigado pelos votos de melhora, orações e carinho!^^

Aquele Abraço e uma ótima semana pra ti!!!

A Sociedade de Porto Izmael (Mistério/Policial/Aventura)Onde histórias criam vida. Descubra agora