06 - Traidor

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Daisy

Enfim o contrato fora assinado e com isso Marc parecia menos tenso, apesar de estar digitando freneticamente em seu note e ignorando todos a volta, as vezes ostentava um sorriso  um tanto artificial e forçado parecendo lembrar que estavam ali.  Já no interior da nave se preparavam  para partir em poucos minutos deixando a Estação para trás, o que para Daisy não era motivo para comemoração, além do fato de estar mais próxima de reencontrar a família. Os  vídeos  que assistira mostrara seus pais e sua irmã saudáveis, felizes e ansiosos pela sua volta, Rose parecia mais envolvida  com a agência de relação intergalática do que quando a deixara a Terra há alguns meses atrás e programava uma viagem até uma galáxia próxima, pelo menos  tão próxima quanto poderia ser outra galáxia.

Tocou o vidro transparente com a ponta dos dedos enquanto observava  a movimentação lá fora e suspirou como uma criança em uma vitrine de doce.

- Ainda restam três horas de autorização para permanência, seria tempo suficiente para alguns comércios pessoais. Daisy daria seu pé esquerdo por um replicador -  como ambidestra não teria coragem de sacrificar nenhuma das mãos - conhecia o produtor apenas por vídeos e o potencial da tecnologia era incrível, inclusive para solucionar o problema de segurança alimentar que ainda era presente em alguns países da Terra . Era simplesmente massante que Marc fosse o chefe, poderia até enfrentá-lo em demandas injustas ou sem sentido, mas não poderia ir contra sua ordem de partirem imediatamente sem começar um motim e realmente não estavam autorizados para outras aquisições além do objetivo da missão. 

Lembrou-se da última reunião que ocorrera momento atrás em um clima nada agradável, era claro que Marc e o príncipe não queriam que a transação demorasse mais que necessário, com isso Daisy fora ignorada até que parecendo finalizar o acordo o Thazan real estendera a mão  em sua direção sem uma palavra. Daisy devolveu o pequeno  tradutor a contra gosto, dessa vez sem tocar nem um milímetro da pele reluzente.

Darkyn  fora conferido por ambas  as equipes no compartimento de carga da nave  e fechado de modo que apenas a leitura da íris de Marc daria acesso ao local . A segurança do transporte e armazenamento do produto era uma exigência do contrato, inclusive na Terra a logística para receber e mante-lo tivera que ser comprovada perante o Conselho Intergaláctico.

 O material precioso era tratado com deferimento pelos Thazans que exigiam o mesmo das espécies a quem o forneciam. Se Daisy não tivesse o prévio conhecimento da capacidade energética do Darkyn poderia tê-lo desdenhado ao ver a pequena quantia fornecida, talvez não mais que cinco quilos, mas sabendo que apenas duas miligramas poderia manter uma espaçonave durante mais de dez horas em movimento, tinha conhecimento da enorme potencial energético que agora estava nas mãos de sua equipe. Teriam energia suficiente para manter o escudo protetor em torno da Terra e  Lua durante dezenas de anos. O contrato também estipulava que o produtor não poderia ser repartido, distribuído ou doado sob hipótese alguma e só poderia ser usado para o destino ao que se propusera. 

Teve um pequeno vislumbre do material antes da porta do compartimento ser fechada, uma placa negra e brilhante que  a fez lembrar a pele do príncipe alienígena. Seria aquela sua  cor natural ou a mantinha assim para parecer mais poderoso e mortal aos seus inimigos?  Eles até podiam escolher a cor da pele que permaneciam?  Sua curiosidade  a tentara a enche-los de perguntas e só a lembrança dos treinamentos e estudos a contivera.   O que comiam? Que tipo de tecido cobriam seu corpo? Eles pediam ver cores? Por que as orelhas pontudas e altas?  Que tipi de vegetação e animais tinha em seu planeta? Como era os equipamentos? Qual material era usado para...

- Mais alguns instantes e estaremos prontos - Carlos sorriu enquanto desviava sua atenção dos controles para ela - Eu também preferiria rondar por aqui por mais algum tempo. Já viu essa galáxia? Há mais dois planetas sólidos que são habitados, isso que é uma visão - ele inclinou-se e suspirou olhando para a janela transparente acima deles onde os planetas podiam ser vistos alinhados. O maior possuía uma cor  azul escura com brilhos laranjas e vermelhos, o outro era esverdeado e um tanto menos colorido. Em torno deles também podia ser visto o mesmo brilho que observara na estação que se assemelhava a aurora boreal da Terra. 

Daisy e o Príncipe NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora