37-Amanhã quem sabe...

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Daisy

No cama, Daisy  descansava o queixo sobre as pernas enlaçadas  e acompanhava a movimentação de Korus pelo quarto. Ele tomara banho sozinho, quebrando a rotina das últimas noites, agora vestia um daqueles roupões leves  que sempre estavam disponíveis para eles. Era a primeira vez que o via usando, mas diferente do que se podia imaginar a peça destacava ainda mais seu porte másculo. Talvez pelo contraste entre o tecido vermelho e sua pele negra. Percorreu com o olhar  os ombros largos e os braços fortes enquanto o via realizar pequenas tarefas que provavelmente faziam parte de sua rotina antes de deixá-la dormindo mais tarde, bem mais tarde. 

Acompanhou-o enquanto ele se acomodava em um das confortáveis poltronas do quarto e metodicamente   escovava o longo cabelo, mexa por mexa. Os fios brilhantes deslizavam pelas cerdas da escova que emitia uma intensa luz azul. Era curioso ver um guerreiro cuidar de seu cabelo com o  mesmo empenho com o qual se dedicava a seu uniforme e armas. 

 Seus olhos  escuros encontraram-se com os dela. Era um gesto discreto, não houve sequer mudança de sua posição ou semblante, mas ela sabia que seu foco estava todo nela.

- Durma.

A ordem soou brusca fazendo-a levantar uma das sobrancelhas, mas seu gesto de desafio foi estragado pelo longo bocejo que se seguiu.

- Durma - o tom de voz tinha mudado para um mais gentil.

- Não sou uma criança.

- Eu sei. Sua idade na Terra equivale a um adulto jovem.

- Não é isso -suspirou e afastou um cacho que caia sobre os olhos enquanto tentava reprimir mais um bocejo- Na Terra apenas as crianças são mandadas dormir.

- Não tive a intenção de tratá-la como uma criança - ele parecia tão sério e - paciência- ela o achava tão atraente daquele modo. 

Por fim Korus levantou-se e se aproximou. Enquanto a distância entre eles diminuía seu coração disparava. A despeito do que Liyen dissera, seu corpo parecia reagir a Korus como  se ainda borbulhasse de HEVA. Seria sempre assim entre eles?  

- Vire-se.

Pensou em repreende-lo novamente, naquela noite seu modo general   estava mais presente do que nunca. Ainda segurava a escova e pressentiu seu propósito. 

- Para alguém que afirma não ter intenção de me tratar como criança parece bem perto disso - resmungou, mas se sentou-se na beirada da cama de costas para ele cruzando as pernas e tentando ficar confortável com a posição.

O sentiu desfazer  a trança que fizera a momentos atrás parecendo atento a não puxar os fios enquanto separava os cachos.  Seus dedos percorreram delicadamente  seu couro cabeludo e o leve arranhar de suas garras a fez estremecer.  A reação fora nítida demais para ser ignorada e o toque parou por um segundo antes de prosseguir. Pelo canto do olho o viu pegar a escova e um pensamento veio a sua mente.

- Isso não alisará meu cabelo para sempre, certo?

- Não-  sua entonação foi firme, descartando a mera possibilidade- Gosto de suas molas.

Sua voz soou rouca e baixa  fazendo com que seus mamilos subitamente  se tornasse sensíveis ao toque do tecido do pijama. O material  leve  e de cor creme assemelhava-se a seda  deixando sua reação nítida.

- São cachos - corrigiu e dobrou as pernas contra o peito enlaçando-as com os braços tentando disfarçar o efeito obvio. Fechou os olhos e concentrou-se em sentir a carícia dos dedos masculinos e a sensação da escova percorrendo seus cabelos mexa por mexa...

Abriu seus olhos assustada.

-Calma, Laha. 

Percebeu que a luz do quarto tinha perdido a intensidade e as paredes não estavam mais transparentes, bloqueando parcialmente a claridade do ambiente externo. Korus a  ajeitava sobre a cama de forma que deitasse de lado para em seguida enlaçá-la com os braços pressionando-a contra si. Quanto tempo ela tinha dormido sentada? Seus cabelos pareciam flutuar em torno de seu rosto macios e lustrosos.

Daisy e o Príncipe NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora