36- Não sou um macho de sorte?

11.8K 1.1K 312
                                    


Daisy

O salão era suntuoso como todas as alas reais que conhecera até então, a arquitetura antiga  e extravagante predominava fazendo um contraste com o design moderno e elegante do restante do Palácio.  A grandiosa mesa  era localizada na posição central do recinto e a iluminação direta fazia com  que fosse o destaque principal do ambiente.  Sua textura assemelhava-se a madeira, bem como sua cor marrom, seus  pés  possuíam  um relevo rebuscado e com detalhes que fariam um escultor do período rococó morrer de inveja. 

As grandes cadeiras eram igualmente trabalhadas e extremamente confortáveis, apesar de faze-la se sentir uma criança comendo junto aos adultos. A equipe de cozinheiros aparentava eficiência e arrogância- realmente acreditava que cozinheiros fossem assim em qualquer lugar do universo. Os pratos  servidos eram diferentes daqueles produzidos pelo replicador - que basicamente era a fonte de toda sua alimentação atual -  e muito mais elaborados. Qualquer um deles teriam alcançado a nota máxima em programas de culinária da TV, os sabores e texturas eram diferente de tudo que ela já provara  até então seja na Terra ou em Thazan.

Cortou e saboreou o último pedaço da iguaria cuja consistência e aparência assemelhava-se a carne e com um leve toque frutado.  

A rainha explicara a origem de alguns dos pratos servidos.  A maioria dos alimentos  proteicos consumidos em Principal eram proveniente de vegetais ou produzidas artificialmente, restando aos animais serem fontes de lazer ou equilíbrio ecológico. Ouvira-a por alguns instantes admirando seu modo calmo e fluído de falar bem como o conhecimento, que todos os Thazans pareciam possuir, da construção histórica, social e ambiental de seu planeta. Apesar do consumo de carne animal na Terra  ter diminuído drasticamente nos últimos anos ainda era grande a demanda. Korus  completara  a explicação informando que em  outras regiões do planeta a caça ainda era comum, necessária e cultural, inclusive de Colis, o que a chocara. Como  podiam caçar seres tão dóceis e carinhosos?

Olhou para os ocupantes da mesa sentindo-se aliviada por suas preocupações iniciais não terem sido concretizadas. Quando Korus confirmara  a presença deles na refeição noturna - certamente uma das intervenções de Liyen - temera  pela recepção que teria no ambiente formal da família .  A tratariam com fria polidez ? Ficariam longas horas em silêncio em torno da mesa tentando aparentar normalidade? Odiava reuniões, encontros sociais e festas, pois nunca sabia o que deveria fazer e na maioria das vezes só desejava voltar para sua casa.

 Liyen não fora uma de suas preocupações, a princesa já dera provas que estava mais do que feliz com sua relação com o irmão. Olhou para  Pax, o príncipe  aparentava estar tranquilo e até um pouco "relaxado" a maioria do tempo, naquela noite exercia um claro papel de  anfitrião mantendo a conversação constante com o conselheiro, sua mãe e seus irmãos. Várias vezes voltara-se para ela explicando alguma palavra ou conceito dentro da conversa ou lhe perguntando sobre a Terra. Respondera de maneira contida, mas ele não parecera pressioná-la para que participasse mais ativamente dos debates sobre políticas sociais ou costumes de algumas regiões ou planetas que parecia ser o assunto em foco. Não que o conselheiro Zaydor parecesse particularmente interessado na conversa enquanto esvaziava seu prato de comida.

 Antes da refeição ser servida  Pax e Korus  discutiram rapidamente com o conselheiro sobre as investigações realizadas, foi uma conversa superficial ou propositalmente vaga. Não, não houvera histórico de ataques a outros planetas e as investigações não tinham evoluído desde da última vez que haviam entrado em contato com o conselho. Quando fizera uma perguntara direta a Korus sobre a situação dos prisioneiros humanos  de posse do conselho ele habilmente desconversara e ela deixara passar, por enquanto. 

Daisy e o Príncipe NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora