18- Quente e frio

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Daisy

Havia uma nova roupa esperando por ela na área privada do quarto, aproveitou que acordara era cedo - Lux ainda não nascera - e tomou um longo  banho lavando abundantemente o cabelo para depois experimentar o conjunto de calça azul - que lembrava jeans- e blusa  em tons de azul e verde com pequenos bordados em torno no decote.  Não havia um espelho no quarto, na verdade parecia fazer anos que ela não se observava em um, mas a roupa parecia  nova e ter sido feito na medida para seu corpo.  Com certeza alguém copiara algum modelo da Terra depois que vira como o vestido do dia anterior ficara  terrivelmente grande nela, várias vezes tropeçara no tecido que arrastava entre seus pés. 

- Terei que agradecer a seja lá quem.- murmurou enquanto trançava o cabelo ao lado do rosto - E quem  sabe pedir que faça sutiãs e calcinhas novas.

Correu até o replicador e hesitou antes de pedir algo que ela desconfiava ser um suco ou algum tipo de chá frio. Em poucos segundos a luz amarela se tornou azul e um leve "click" destravou a máquina. Curiosa abriu a portinhola e pegou o copo com o líquido âmbar. Inspirou profundamente o odor e bebericou de leve antes de comprovar que realmente era a bebida que tomara na "noite" anterior. Experimentou mais um botão e fez  uma careta quando algo parecido com um mingau encaroçado apareceu em um prato, pelo menos o gosto não era ruim e possivelmente era bem saudável. Curiosa,  tentou analisar o interior do equipamento, aparentemente não havia um orifício de saída, mas como já estava se acostumando a tecnologia de Thazan começou a apertar delicadamente a superfície interna do aparelho até encontrar uma pequena diferença na textura. Inclinou-se adiante para ver de perto, não havia uma lupa, o que a frustava, mas com uma unha pressionou a superfície e essa cedeu sem rasgar. E se ela...?

-  O que esta fazendo com a cabeça dentro do replicador?

- Droga! - tentou retirar a mãos rapidamente de dentro e bateu no próprio rosto enquanto sua cabeça batia na parte superior do equipamento com um baque duro - Droga! - repetiu novamente levando as mãos até onde fora "atingida".

- Hum...creio que esse modelo não faça esse tipo de iguaria.

- O que?! - percebeu  a confusão e  balançou a cabeça  tentado explicar- É apenas um xingamento.

Korus, com todo aquele grande e brilhante corpo negro e aquele cabelo que faria inveja a qualquer blogueira de moda da Terra, se aproximou vestindo mas uma vez  um uniforme negro que parecia se misturar a sua pele. Não seria como se ele estivesse nú? Com certeza se ela vestisse ago tão justo e da cor de sua pele por ai as pessoas comentariam. Deus, olhe para seus olhos Daisy, seus olhos, por favor.

- Xingamento?

- Sim, algo que falamos quando estamos nervosos ou bravos, ou apenas para descontar quando se bate a cabeça em um replicador pro culpa de pessoas que não conseguem simplesmente fazer barulho quando se aproximam das outras.

- Suas piadas não são engraçadas.

- Deve ser por isso que ninguém aqui rir.

Daisy poderia estar enganada, mas por algum momento ela achou que a comissura de boca masculina inclinou-se alguns milímetros em um quase sorriso.

- Vamos - ao toque leve da mão do príncipe o painel abriu-se silencioso . Ele esperou que ela passasse antes de comentar - Esta diferente. 

Inconscientemente passou as mãos pela calças.

- É ainda mais magra do que a avaliamos, precisa se alimentar melhor, falarei com o cozinheiro sobre sua nutrição.

Certo, não era exatamente o que esperava. Não devia ter esperanças que sua aparência fosse não mais que "estranha" para aquela sociedade. Bobagem se sentir ofendida, Korus já deixara bem claro que não se sentia atraído por ela.

Daisy e o Príncipe NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora