29 - Conversa entre fêmeas

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Daisy

Quanto Toro fechou a porta ficando do outro lado do corredor não sabia o que esperar, talvez  um aposento pessoal ou uma sala de reunião, mas  encontrava-se em um moderno laboratório. Havia mesas, microscópios, telas e toda gama de equipamentos conhecido e desconhecidos, além de material médico que pode identificar melhor agora. Moldes de partes de animais estavam posicionadas aqui e ali e até peças que modelavam partes muito privadas da anatomia, tentou não demonstrar seu embaraço diante das peças que pareciam preencher parte do ambiente focando seu olhar na fêmea que  se aproximava.

 A irmã de Koro não se parecia nada como ele ou o resto da família,  seu tom de pele azul metálico era diferente do que percebera ser padrão familiar, um tom mais homogêneo. As cores pareciam mais brilhantes em alguns pontos e mais escuras em outros, mas se harmonizavam  perfeitamente. A cabeça nua acentuava a beleza de seu rosto e apesar de ser tão alta quanto os irmãos era menos volumosa. Trajava um vestido branco que flutuava em torno de si enquanto se aproximava, suas botas também brancas eram visíveis por uma fenda lateral.

 - Fico feliz em vê-la saudável - a fêmea disse como saudação enquanto estendia sua mão.

Hesitou apenas um segundo antes de responder ao cumprimento amigável.

- Ofereço sua saudação como um sinal de confiança e amizade, estamos em meu laboratório privado e pelo que eu soube os humanos agora tem uma certa flexibilidade em relação as regras sociais Thazan.

- Soube há alguns minutos- disse quase como uma desculpa.

Os olhos azuis cintilantes baixaram para observar suas mãos unidas.

- Realmente não é possível sentir suas emoções.

Trocou os pés desconfortável e instintivamente recolheu a mão.

- Desculpe, a ofendi? Sou conhecida por minha diplomacia e aceitação de outras culturas e costumes, mas creio que não tenho todo conhecimento necessário da espécie humana  para evitar ser indelicada.

Pensou em sua própria missão como diplomata e sua dificuldade de socialização.

-  Não foi indelicada- afirmou a fim de tranquilizá-la- Apesar de meu treinamento diplomático sou o que se pode chamar de introvertida na Terra, trabalho essencialmente com computadores  e evito todas as reuniões da empresa. Essa missão esta sendo um desafio pessoal em vários aspectos.

- Oh, em Thazan não temos esse tipo de categorização das pessoas. Somos basicamente sociais.

Sob seu olhar de descrédito a princesa completou:

-  Temos festas, boates, encontros sociais e reuniões familiares. O contato social  é essencial para manutenção de nossa civilidade . Um Thazan nunca poderia se manter solitário. O que estou fazendo obrigando-a permanecer de pé ainda convalescente? Venha se sentar.

Ambas se acomodaram em um pequeno sofá, a frente delas havia uma mesinha com uma tela plana, um Note e algumas anotações feitas à mão, olhou curiosa a caligrafia Thazan, era a primeira vez que via seu idioma escrito daquele modo.

- Estudo evolução e genética, especializei-me em aspectos sociais e reprodutivos de diversas  raças e espécies . Algumas anotações tem centenas de anos, gosto de como as palavras eram desenhadas, tenho um carinho especial pela nossa antiga cultura .

A fêmea passou os dedos pelo material parecendo distraída e em seguida virou em sua direção parecendo tomar uma decisão. 

- Serei sincera com você, Daisy,  e gostaria que entrássemos em comum acordo. Não se preocupe em ofender minha sensibilidade que eu não preocuparei  com sua sensibilidade humana.  Não irei julgá-la e  espero que faça o mesmo.

Daisy e o Príncipe NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora