11- Uma refeição agradável

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Daisy

Piscou uma vez, duas e gemeu sentado-se na cama.  Observou as paredes de tom neutro e piscou uma vez, duas e suspirou. Não, não estava em seu quarto confortável, nem viajando pelas estrelas como romanticamente imaginou há alguns meses atrás. Não. Estava presa em uma planeta alienígena com habitantes coloridos  pouco amigáveis e sem comunicação com a Terra, fracassara em sua missão diplomática,  perdera a matéria negra e a única chance de seu planeta se proteger de ataques  com nível de destruição em massa  e por fim fora acusada de  traição interplanetária. Tudo em...que? Menos de um dia?

 Não soube dizer exatamente como chegara ali, sua última lembrança é de ter discutido sobre não querer ser imobilizada com o príncipe Korus e preferir ser  batida desacordada, pelo que ela podia verificar possivelmente era o que ele tinha feito, mas curiosamente não sentia nenhum tipo de desconforto ou dor. Tocou cautelosamente a cabeça e rosto esperando algum tipo de tumefação ou região dolorida ao toque, nada. O que ele fizera?

Analisou o quarto sem janelas e portas. Insegura colocou um dos pés no chão, mas a tontura que a acometera a primeira vez que fora imobilizada não voltou. Agradecida por pelo menos se sentir bem  respirou fundo e estabeleceu prioridades.

Havia duas urgências, ir ao banheiro e comer, não saberia quanto tempo não se alimentava  mas pelo barulho que vinha de seu estômago fora ele que a acordara do sono profundo. Andou pelo quarto e logo descobriu um pequeno espaço que era isolado para suas necessidades, basicamente parecia um equipamento semelhante aos banheiros da Terra. Aproveitou para tomar banho, mas o chuveiro pareceu mais complexo, por um momento ela duvidou que aquela parafernália na parede fosse realmente um chuveiro.  Mas logo jatos de água surgiram de vários buracos na parede fazendo-a dar um grito ao sentir a água fria, mas sem que ela tentasse ajustar o equipamento a água subitamente pareceu aquecer até uma temperatura agradável. Sensores térmicos? Respirou fundo sentindo o cheiro agradável que vinha do líquido, como não via nenhum sabonete ou shampoo imaginou se a própria água fazia todo o serviço. Desfez a trança e esfregou o cabelo vigorosamente e ficou vários minutos sob os jatos se perguntando o que faria em seguida. Seu estômago a lembrou. Comer, precisava comer e depois pensaria no resto.

Ao desligar o água do chuveiro, depois de algumas tentativas e botões estranhos, olhou para os lados procurando uma toalha mas quase imediatamente o vento morno a atingiu por todos as aberturas que antes saiam água. Deu um grito de surpresa e em poucos segundos estava seca. Realmente interessante.

- Bem que isso é...- arregalou os olhos quando uma dispensa se abriu mostrando um tecido que possivelmente era o que devia usar. O tecido era leve  e transparente, nada que ela vira alguém vestindo naquele mundo e na Terra, parecia algo como seda derretendo e escorregando pela sua mão. Vestiu-o  e suspirou com o toque delicado em sua pele. Não fazia frio nem calor dentro do quarto assim os braços e pernas nus não a incomodaram.

Partiu para sua próxima necessidade. Comida.Olhou em torno lembrando-se do replicador que vira na nave, possivelmente teria um no quarto. Lembrou-se da palavra usada e esperou que desse certo.

- Comida.

O replicador apareceu discretamente em uma das paredes bem como bandejas e utensílios que pareciam pequenos copos cônicos e redondos de vidro e ganchos. Franziu o cenho, não era tão moderno quanto o que tivera acesso na nave mas mesmo assim era um dos poucos que tivera em mãos.

- Bem...O que...

Uma parede abriu-se imediatamente ao seu lado a fazendo dá um pulo para trás quando dois guardas entraram, um deles, a mulher, ela lembrava de ter encontrado na estação, já o outro era desconhecido para ela. A cor da mulher parecia um tanto diferente do que lembrava, mais rosada e com um tom mais escuro. O homem era totalmente verde. 

- Você será escoltada até  o salão real. - a mulher observou seu traje por um momento,pareceu demorar alguns segundos em seus seios e ela quase pode ver curiosidade em seu olhar e por fim seus olhar firmou-se em seus olhos parecendo avaliá-la. - Você deve se vestir para encontrar a rainha e os príncipes.

- Esqueci meu traje de gala la Terra - replicou cruzando os braços quando o guardo ao lado dela parecia não desgrudar os olhos de seus seios que deviam estar pouco cobertos pelo tecido transparente.

- Bem, não pode andar pelos corredores vestindo roupas de baixo.

Certo, se o termo que ela esta usando é o correto ela estava em trajes íntimos na frente de dois completos estranhos.  Do que adiantaram aquelas aulas de diplomacia se  aquela cultura era quase desconhecida e ela conseguia cometer gafes atrás de gafes?

-Irei pedir que tragam algumas roupas para você- sem parecer afetada pela ironia de sua resposta a guarda falou rápido por um bracelete que possivelmente era um comunicador e voltou a olhar para ela.

-Vamos esperar no corredor, vista-se e prenda seu cabelo. - a mulher frisou a última frase - Não somos tolerantes com outras culturas em nosso planeta. Aqui não é a Estação Espacial.

- Se  você não me contasse eu nunca perceberia - resmungou enquanto os guardas fechavam a porta atrás de si.

- Finalmente - olhou para o replicador e deu dois passos em direção ao equipamento antes da porta se abrir novamente.

Não é possível.

- Uma mulher com uma estrutura baixa e de tom de pele cinzenta estava em sua porta. Vestia roupas simples, de pano branco e baixou o olhar servil enquanto estendia o que parecia um traje preto com detalhes em prata em sua direção. Falou algumas palavras baixas que ela mal ouviu e deu as costas saindo rapidamente pelo corredor, antes da porta fechar em sua cara pode ver os dois guardas esperando no corredor. Seria um escravo? Pelo que lera os Thazan não tinham escravos, provavelmente  possuíam empregados domésticos treinados para serem servis e discretos.

Olhou para o traje preto e depois para o replicador.

-  Onde uma garota pode fazer uma refeição agradável em Thazan? - perguntou-se enquanto se preparou para  encontrar as pessoas que tinham seu destino nas mãos.




Daisy e o Príncipe NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora