35- Príncipe Dourado

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Korus

Encontrar Daisy sozinha - a guarda tinha sido deixada do lado de fora da sala de segurança e Toro estava em avaliação médica regular - debruçada sobre um macho o deixava um tanto aborrecido. Observar as mechas vermelhas de seu cabelo caírem sobre o ombro desse mesmo macho lhe causavam reações involuntárias - contraiu os dedos para impedir a exposição das garras - mas observar a delicada mão que vestia o anel estendida sobre a mesa o fazia querer colocá-la sobre o ombro e levá-la dali.

Não saberia dizer como uma simples autorização de contato de repente se transformara em rotinas diárias com sua equipe de segurança cibernética. Sentimentos contraditórios o dominavam, mas a satisfação em vê-la feliz e adaptada á suas pessoas era maior do que o ciúmes da atenção dispensado a eles. Além disso,  seu próprio trabalho ocupava grande parte do seu tempo. Observou-os em silêncio por alguns instantes enquanto falavam sobre uma função complexa que tinham conseguido fazer funcionando corretamente.

Zador sabia de sua presença na sala desde do momento que entrara, mas como sempre não aparentava preocupação com o fato de ter uma fêmea vinculada debruçada sobre si, mesmo que essa fêmea fosse vinculada ao seu superior. Daisy agora apontava algo na mesa percorrendo o painel responsivo com os dedos ligeiros enquanto discorria sobre os últimos testes antes de implantar a armadilha no sistema. Percebeu quando notou sua presença um segundo antes dela levantar o olhar para se encontrar com o dele. Sua resposta não o decepcionou, aquele sorriso misto alegria e timidez que sempre o fascinava e o impedia de se sentir um completo intruso na sala.

Viu o olhar desviar rapidamente para o comunicador, possivelmente conferindo se havia mensagens sem visualização, mas naquele dia não a avisara antes de comparecer a sala. Viu seu olhar questionador e sabia que devia estar pensando nos motivos dele aparecer mais cedo do que era seu costume buscá-la. Tinham estabelecidos uma rotina nos últimos dias, a deixava na cama antes do nascer do Luxy e a buscava na sala de Zodar assim que terminasse seu trabalho.  Dali iriam direto para o quarto que agora dividiam para um longo e satisfatório tempos a sós . Um rubor encantador coloriu sua pele fazendo-o se perguntar se já era tão previsível a direção que tomara seus pensamentos ou se sua expressão deixara transparece-los.

- Oi, Korus.

- Iremos participar do jantar com a rainha- respondeu a óbvia pergunta em seu olhar - Temo que não podemos mais ignorar essa demanda.

- Oh- ela piscou e pareceu...decepcionada?- Sim, Liyen me falou a respeito, eu já estava terminando- virou-se para o macho que permanecia em silêncio observando-os - Continuamos amanhã, chefe? Acho que podemos testá-lo.

- Claro, Nerd.

Ah, e aquilo. Agora eles se chamavam por nicknames. Pensou no gesto humano de "revirar os olhos" naquele momento. Combinaria com seu humor. Só não deu a satisfação a Zodar de vê-lo reagindo apesar de ter certeza que o macho possivelmente se divertia com a situação.

Enquanto caminhavam pelo corredor Korus fingiu não percebeu alguns olhares lançados para suas mãos unidas. Sabia que perdera aquela batalha, por isso não insistia mais que Daisy retirasse o anel, mas não conseguia simplesmente não reagir a imagem de sua mão delicada ornada com a jóia, não era uma visão que queria dividir com outros machos. Sabia que ela não compreendia inteiramente sua reação mesmo quando explicara que jóias eram adornos  usados apenas na intimidade para agradar aos parceiros. Além disso notara que sua mãe e irmã usavam jóias em suas orelhas e pescoço durante as comunicações sem parecer preocupadas pelo fato.

Levantou o olhar e a viu sorrindo em sua direção, não parecia mais tão feliz. Apertou instintivamente sua mão querendo poder saber o que se passava por sua mente e frustou-se mas uma vez por não pode-la sentir.

Daisy e o Príncipe NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora