39- Vá sem luta

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- Não acredito - resmungou olhando para seu pulso nu e para a divisão de metal que os separava. Para um brutamontes ele era habilidoso e rápido.

Respirou fundo e olhou em torno, podia ter perdido seu comunicador, mas havia outros dispositivos no quarto que serviriam para seu propósito. Analisou o ambiente e seu olhar voltou-se para a tela da "televisão".  O aparelho tinha uma tecnologia  ainda mais simples do que os aparelhos da Terra, basicamente  havia canais de entretenimento , informativos e educacionais. Não tivera tempo de se familiarizar com o dispositivo, mas certamente  uma tecnologia que  permitiria transmissão de dados poderia servir. Só teria que alcançá-lo, já que o aparelho era fixo a cerca de um metro e meio acima dela.

Duas poltronas posicionadas estrategicamente e um frágil equilíbrio a deixavam em uma posição desconfortável, mas ao alcance do painel do aparelho. Suas ferramentas recém adquiridas faziam com que todo processo fosse relativamente fácil . Em poucos minutos o painel estava exposto e os fios adequados encontrados e remedados. O controle foi adaptado a nova função em questão de minutos e por fim ela olhou orgulhosa para sua obra.

- Não foi tão...ai! - a poltrona vacilou abaixo dela fazendo-a dar um grito enquanto despencava no chão com um baque violento. Agarrou o controle nas mãos com medo de danificá-lo e suspirou ao vê-lo intacto. Não podia falar o mesmo de seu traseiro.

- Vamos lá.

Agarrou a poltrona arrastando-a até onde podia ter a melhor visão da tela e hesitou um momento antes de apertar o número que a faria entrar em contato com seus pais. Não saberia se iriam atender já que seria um contato de um número desconhecido. Esperava que a a equipe de segurança Thazan estivesse ocupada o bastante  com - seja lá o que tivesse  ocorrendo - para conseguir uma chamada de alguns minutos. Apesar deles monitorarem a comunicação externa,  estava usando a "linha real" que não costumava ser alvo da mesma prioridade quando se tratava de chamadas que partiam de dentro do Palácio. 

A comunicação se estabeleceu rapidamente e por um segundo vislumbrou o semblante de seus pais. Preocupados. Os olhos de sua mãe estavam vermelhos e inchados, a viu abrir a boca como se fosse dizer algo, mas a comunicação foi cortada imediatamente.  Eles estavam em casa, podia ver a cozinha e a sala de visitas no fundo da tela, mas também vira outra coisa. Três oficiais da agência  posicionados ao lado deles em vigília. Os pais estavam sob proteção?  Há algumas horas atrás tudo parecia normal, seus pais sorriam e faziam até piadas um sobre o outro.  Além do fato deles nitidamente estarem esperando alguma ligação...

Não tinha recursos para saber se a comunicação tinha sido interrompida pela equipe de segurança, mas arriscou-se a nova ligação. Seu coração batia acelerado quando sentou-se no chão recostando na poltrona, um mal pressentimento, que até o momento era apenas uma pequena semente em sua mente, começou a se tomar força. Tensa discou os números que a fariam comunicar com Rose. Fazia algumas horas que falara com ela em seu escritório na Terra, trocavam mensagens com frequência já que estavam realizando projetos para melhorar alguns equipamentos médicos usando IA.  Daisy estivera observando e estudando a tecnologia médica de Thazan e após escrever alguns projetos conversara  com Elijah sobre ser autorizada e enviá-los para a Terra. O médico conseguira autorização de seus superiores para a maioria deles e Rose estivera a frente de conseguir financiamento para a maioria deles.

O dispositivo tentou contato e em poucos segundos a conexão se estabeleceu sem imagens para em seguida cair . Tentou novamente e novamente até que deixou o controle de lado e olhou para a porta. Teria sido uma intervenção local? Tinha esperança que sim. A outra opção é que o dispositivo de Rose estivesse avariado ou inalcançável. 

Poderia arriscar falar com Liyen ou a Rainha, mas descobririam que estava tentando entrar em contato com sua família e a colocariam em um local "mais seguro". Mas a cada segundo que se passava uma certeza crescia em sua cabeça. Algo ocorrera  com Rose.  Suas pernas estavam trêmulas quando levantou do chão, mas talvez não devia te-lo feito, porque a tela imediatamente brilhou para uma imagem que fez seu coração parar por um segundo. Deixou o corpo cair novamente com um baque.

Daisy e o Príncipe NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora