07 - Salvos?

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Daisy

Estava sozinha, confusa e preocupada. O quarto onde a mantinham  possuía apenas uma porta que permanecia fechada por fora desde que um guarda Thazan a lançara ali sem nenhuma palavra, o que não adiantaria muito já que não estava usando o tradutor. O cômodo, possivelmente uma cela, possuía uma cama e uma barreira que lhe dava privacidade para usar o sanitário e se banhar, apesar de não ter utilizado nenhuma das "comodidades " de sua acomodação mais preocupada em tentar entender o que tinha acontecido e as consequências  que enfrentariam.

Tudo acontecera muito rápido: o barulho de explosão, a nave monstruosa desaparecendo em um flash na escuridão e o pod  onde ela e Carlos se encontravam sendo atraído por outra espaçonave desconhecida. Sem saber quem eram seus salvadores  ambos tinham se sentido aliviados ao reconhecer os traços Thazan quando o pequeno pod fora aberto, só não esperavam serem separados e tratados como prisioneiros. Ainda podia sentir o horror de ser imobilizada pelo dispositivo prisional estrangeiro enquanto era levada até o quarto que se encontrava.

Certo, tentara reagir, mas não entendera a abordagem agressiva quando eles eram as vítimas. Os guardas não  deveriam estar atrás de Marc e da nave inimiga? Menos agitada depois de algum tempo sozinha em seu "quarto" pôde entender que os guardas não poderiam saber pormenores do ocorrido e agiam sob ordens. O sinal de angústia poderia ser uma armadilha, como bem foram avisados durante o treinamento,  e o modo que foram tratados deveria ser apenas parte de um protocolo para aquele tipo de situação. Apesar de ser uma civil, Daisy tivera um treinamento militar completo e repetidamente lhe era informado a importância de "manter o protocolo". O governo era incisivo nesse aspecto, apesar de ser uma das lições em que  mais falhara para desespero do  seu treinador tirano.

O guarda que a trouxera até ali não pareceu comovido com suas explicações mesmo compreendo suas palavras, já que reconhecera o pequeno dispositivo implantado em um dos ouvidos. Seu semblante era indiferente e se antes já os achara um tanto frios  agora pareciam completamente gélidos.  Andou de um lado para o outro do espaço restrito enquanto especulava a próxima ação. Não podia saber já que não havia nenhum computador de bordo ou escotilha no quarto, mas era possível que estivessem em curso de retorno para a estação Albour onde seriam questionando sobre os últimos acontecimentos, mas então porque ainda  não tinham chegado ao seu destino?  

 Sem Marc como líder da missão o cargo de representante diplomata da Terra naquela enrascada caberia a ela. Teria que solicitar contato urgente com o chefe da agência na Terra, pois era certo que alguém além de Marc os traíra, traíra à todos. Marc não poderia ter mantido contato com alienígenas e tramar um plano daquela magnitude sem a cobertura de alguém interno e influente na agência espacial. Possivelmente descobririam logo o culpado, mas primeiro teriam que saber o que aconteceu e a equipe na Terra não receberia uma mensagem por meses caso a enviasse agora.

O caminho de ação mais óbvio seria entrar em contato imediato com o Conselho Intergaláctico  e os deixar ciente do ocorrido, com certeza teriam o maior interesse em descobrir os traidores entre os humanos e qual espécie alienígena confabulara com eles para para roubar o Darkyn.   Certamente teria uma tecnologia mais avançada do que a disponibilizada à Terra para realizar a comunicação e a investigação. 

Daisy sabia que sua missão mais importante a partir de agora seria deixar claro que toda a transação comercia fora autêntica e não um plano global para enregar o Darkyn nas mãos de outra espécie. A raça humana ainda não tinha uma interação real com os habilitantes de outros planetas e falhar na primeira missão intergalática não seria um  bom começo para abrir a relação comercial .   Com certeza teriam que lidar com a difícil questão de perda de confiança. Maldito Marc!

Daisy e o Príncipe NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora