Daisy e o Príncipe Negro

25 - Fuga do quarto, ou quase

Daisy

Irão me manter trancada?

Perguntava-se enquanto encarava com frustração a porta fechada. Depois de inúmeras tentativas, desde comando de voz, leitura  de palma e íris, percebera que ao contrário de seu quarto anterior não recebera autorização de acesso livre . Irritada batera na superfície sólida e gritara  por Toro, diante do silêncio ameaçara iniciar um incêndio, fabricar um bomba caseira e por fim invadir novamente a rede interna do Palácio. Fora completamente ignorada.

O dia começara promissor, sobrevivera a uma mal-sucedida tentativa de sequestro e descobrira que Korus não era tão frio quanto deixava transparecer, depois  conversara com sua família em uma pequena sala de comunicação privada. A conversa se estendera  pelo que parecera mais de uma hora.  Os pais tinham demonstrado alívio e preocupação ao vê-la e ficara surpresa  ao saber que tinham sido mantidos informados constantemente sobre sua condição por Korus, além de Elijah. O pai tecia elogios sobre o "médico azul" e parecia encantado com o príncipe  a quem se referia como uma "pessoa séria e de confiança", a mãe a achara muito magra e sua  irmã,  que iniciara a conversa aos prantos, finalizara  com um sermão, além de ameaçar buscá-la  pessoalmente caso não voltasse logo para casa.  A conversa voltou-se sobre  as últimas notícias da  missão fracassada e o andamento das investigações. Surpreendeu-se ao saber que  o governo exigira o retorno da tripulação o quanto antes para a Terra, mas que o pedido fora negado pelo Conselho Intergalático. Tanto ela quanto seus pais concordaram que não era o melhor momento para voltar.  Ora,  se seus inimigos tinham tecnologia para vencer as proteções de Thazan  seria um alvo fácil na Terra, além disso seu planeta não estava em condições de fazer exigências.  A informação  que viera a público era que pelo menos dois membros da equipe de apoio  haviam sido presos e encaminhados pelo Conselho para uma localização desconhecida.  Como já era tarde da noite na Terra despediram-se com a promessa que ela entraria em contato o mais breve possível. Ao sair da sala tinha os olhos marejados, mas Toro não pareceu tão assustado com a reação quanto Korus.  Em silêncio a encaminhou através  de um interminável corredor  até parar na frente de uma grande porta que ostentava aqueles símbolos reais que admirara dias atrás. Ao entrar no ambiente luxuoso  e ouvir a porta se fechando atrás de si não suspeitou que seria uma prisioneira.

No primeiro momento sentira-se  encantada com o ambiente, era como uma suíte  de cobertura em um hotéis de luxo. Não que já tivesse ficado em uma, mas tinha certeza que deveria ser assim.  O chão era coberto de um carpete creme que afundava os dedos dos pés enquanto caminhava,  a parede lateral era feita do mesmo material transparente de sua antiga acomodação e ao aproximar pode ver um jardim multicolorido e um lago um nível abaixo, a água límpida refletia todas as luzes do céu  noturno de Thazan que nunca escurecia completamente. Junto a parede havia uma piscina vinculada a uma grande banheira de hidromassagem, pelo menos parecia uma. Aproximara-se percebendo que a base da piscina era igualmente transparente e podia ver o lago logo abaixo, deveria ser incrível nadar ali.

Anexo ao quarto havia uma pequena área aberta onde sentara-se em uma confortável poltrona e apreciara as luzes da cidade à distância tomando um chá quente e doce que o replicador automaticamente a oferecera. Interessante como sua configuração anterior migrara para o novo equipamento, pois costumava tomar a bebida com frequência. À distância, possivelmente quilômetros depois da cidade, podia ver Montanhas  delineadas contra o céu e logo acima a parte visível do planeta Thazin , uma visão grandiosa. Na Terra era impossível ver planetas tão próximos. A leste podia ver parte das do que ela  sabia ser duas das três luas de Thazan.  Seu quarto devia estar localizado em um dos últimos andares do Palácio o que a brindava com uma visão privilegiada do horizonte.