20 - Príncipes suam?

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Daisy

Há exatamente cinco dias não via Korus. No terceiro dia ela questionara Toro que reagira como sempre reagia, com absoluta indiferença.  Não saberia dizer como sentia. Um tanto decepcionada? Sim. Magoada? Aparentemente. Com saudades?  Definitivamente.

Acordara aquele dia  resoluta em não pensar nele, resolvera o desafio em poucos minutos, mandando uma mensagem irônica para Zador - descobrira que o dispositivo de pulso era capaz de se comunicar com qualquer outro dispositivo de pulso bastava ser "autorizado" pelo destinatário.   O macho tinha uma personalidade divertida, para um  Thazan, e era a pessoa mais inteligente que já conversara em sua vida. Podiam passar horas discutindo sobre os erros e acertos do código de seu último desafio. Desconfiava que a usavam  para aprimorar algumas tecnologias, mas não se sentiu ofendida, ao contrário.

Sentada em um dos bancos da área livre ela procurava algum livro interessante para passar o tempo até o próximo desafio, mas conseguiu manter o príncipe fora de sua mente por mais de dois minutos. Korus poderia ter se comunicado através do dispositivo e não o fizera.  Poderia ter mandado"oi". Não que esperava realmente um "Oi" da parte dele. Várias vezes quase o contactara, mas falaria o que?  Que achava que tinha acontecido "algo mais" naquela sala de simulação? E por que estava pensando no macho quando decidira que aquele dia não iria faze-lo?

- Já entediada com o novo brinquedo? - Carlos sentou-se ao seu lado parecendo absorto em seu próprio dispositivo. 

- Não, apesar do último desafio ter sido risível.

- Risível - Carlos só riu da palavra estranha - Pelo menos temos uma distração.

-  Não consegui acesso a vocês da sala de simulação - ela tentou convencer Toro a levá-los juntos, mas ele simplesmente não saiu do lugar. A mensagem era clara, ela estava autorizado, seus colegas humanos não.

- Talvez convença seu príncipe da próxima vez.

- Ele não é meu príncipe. Não quero falar sobre Korus.

- Claro -disse fazendo uma careta engraçada - Mas tenho certeza que não seríamos tratados assim se fossemos apenas eu e Sean.

Ela não saberia dizer, mas nos últimos dias eles tinham recebidos mais roupas e outros itens que eram semelhantes aos que usavam na Terra, inclusive escovas  e produtos de higiene. Seu cabelo nunca estivera mais brilhante e macio em toda a sua vida e sua pele estava como veludo, com certeza contrabandaria aqueles produtos quando voltasse pra casa. 

Sean aproximou deles, era seguido pelo seu guarda e por mais dois novos machos. A barba já tomava conta de parte de seu rosto amenizando sua aparência austera. Pela primeira vez o via quase animado.  Prendeu a respiração imaginando que teriam alguma novidade sobre o Darkyn.  Iriam voltar para  casa? Mas porque em vez de alegria sentiu seu peito apertar e sua respiração quase falhar? Conversara com sua família todos as noites e sentia saudade de casa, mas...

- Novidades, iremos a cidade visitar a feira itinerante.

Daisy deixou escapar a respiração presa.

- Feira? - lembrou-se do comércio na Estação e como sentira vontade de andar  em meios as lojas e barracas.

- Sim- Sean realmente parecia animado , bateu levemente nos ombros de seu guarda impassível  diante do gesto amigável, mas ela já aprendera a perceber as sutis mudanças na fisionomia de alguns Thazans, o guarda parecia igualmente satisfeito. - Vamos todos!

- Não a fêmea.

A voz era desconhecida e mesmo assim ela sabia que pertencia a Toro. Virou-se com os olhos arregalados.

Daisy e o Príncipe NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora