Daisy e o Príncipe Negro

14 - No mínimo interessante

Korus

-Eu poderia pensar que esta um tanto quanto obsessivo, irmão.

A voz de Liyen o surpreendeu, só anos de treinamento e controle o fizeram dar a volta para encarar sua irmã enquanto lentamente  apertava o botão do dispositivo e a imagem da fêmea humana dormindo desaparecia da projeção.

- Apenas precaução. - sim, precaução e o fato de não consegui tirar  sua imagem de seus pensamentos.

- Claro- ela concordou docemente e sentou-se sob um dos equipamentos utilizados para treino muscular dos soldados e guardas. Não era sempre que sua irmã aparecia no centro de treinamento físico, então observou-a atentadamente enquanto esperava.  

- Não esta aqui para treinar ou para questionar minhas ações quanto aos prisioneiros.

- Convidados inoportunos. - ela corrigiu e balançou a cabeça lateralmente em um gesto que era tipico  e quase sempre representava  demandas futuras que dificilmente seria autorizadas. Como a única filha da rainha Liyen sempre fora vigiada de perto. Sua natureza um tanto emotiva, como a rainha gostava de chamar, sempre acarretava problemas - Conversei com mamãe a respeito da viagem que pretendo fazer.

Sabia  que essa era mais uma de suas ideais quanto a promover mais interação social entre a família real e os habilitantes de todas as partes de Thazan. Isso passara ser tema de suas conversações depois que estudara sobre as tribos que viviam no extremo do planeta. Sua irmã queria que todos tivessem a chance de viver de maneira cômoda e moderna e achava que era um absurdo ainda ter pessoas que arriscavam sua vida sem a tecnologia Thazan tão "próximas".

-  Ela não a gostaria ouvindo chamá-la de "mamãe" - observou - E eu já conversei com a rainha sobre essa viagem. Os perigos não justificam. - disse simplesmente inserindo as correias metálicas em torno dos braços enquanto se preparava para uma luta com o androide. Colocaria no nível mais elevado assim descarregaria a tensão que parecia tomar conta de si há várias horas.

- Serão cinco dias, no máximo uma semana - Liyen levantou e o ajudou a prender  os fechos que cruzavam seus braços e que levariam a leitura de seus movimentos para  computador e mais tarde geraria uma avaliação de performasse. - É importante para mim e levarei parte da guarda real. Eles não são violentos, são apenas rústicos.

Ela apertou seu braço suavemente enquanto seus olhos o fitavam brilhantes. Korus desviou o olhar sabendo que o quanto era vulnerável as demandas da irma mais nova. Pax, possuía um controle maior que o seu quando  se tratava da Liyen .

- Seus costumes são diferentes, muitos você não entenderia.

- Li sobre todos eles.

-Liyen. - parou e a segurou pelos braços enquanto encarava a irmã atentamente - Não é o momento de eu me preocupar com você, estamos em meio...

- Eu sei - parecendo realmente desapontada ela se afastou - Mas teremos essa conversa novamente.

- Liyen.

- Não agora, mas terei. Irei acompanhar a equipe humana durante a refeição - ela sorriu e os dentes brancos relampejaram. - Estou curiosa em conhecer a fêmea humana que anda deixando meu irmão aborrecido.

- Não estou aborrecido.

- Claro  que não - ela concordou docemente.

Korus era tudo sobre família, como a maioria da sua sociedade quando criava laços  emocionais, o que poderia parecer fraqueza aos olhos do inimigo  na verdade fazia os guerreiros mais ferozes  em proteger sua planeta e sua casa onde seus familiares viviam . 

A conexão forte entre  os irmãos tinha algumas desvantagens, como não conseguir esconder deles que não agia normalmente em relação a humana. Seu irmão não lhe questionara quando perdera o controle e gritara para os guardas chamarem a equipe médica ao ver que a pequena humana chamada Daisy desmaiara. Fora instintivo tentar segurá-la e o som de sua queda parecia tê-lo afetado a nível celular, seu corpo reagira como se estivesse se preparando para batalha. Fazia anos que isso não ocorria.  A quem queria enganar, ão apenas seus irmãos, todos todos ali presente ficaram surpresos com sua reação.

- Apesar de sua aparência  esquisita, ou talvez por sua aparência ela ativa meu instinto protetor. - disse por fim, sabendo que a irmã esperava algum comentário de sua parte.

-A espécie humana não tem nenhum tipo de mecanismo de defesa ou ataque. - a princesa concordou -  Nós nunca suprimimos esse instinto protetor de nossa genética por que nos faz mais forte na guerra.  Pensamos em nossos familiares e filhos, em nosso povo e lutamos mais bravamente. Mas nossa "fraqueza" são as espécies menos evoluídas.- ela se afastou em direção a saída mas parou virando-se em sua direção - Mas talvez sua reação a humana seja mais que isso, Korus. Geneticamente somos muito semelhantes, compatíveis até pelo que verifiquei - pausa- Há alguma chance de sua reação ser seu instinto de acasalamento?   A aparência física nem sempre atua a nível químico, somos geneticamente melhorados para que sejamos atraídos para o par que tem maior probabilidade de nos fornecer uma prole...

- Não irei falar sobre meu instinto de acasalamento com você e nem sobre minha futura suposta prole - declarou, seu tom de voz nitidamente alterou e ele olhou em torno para ter certeza que não tinham espectadores. - É uma espécie...medíocre.

- Há vantagens no cruzamento inter espécies e genes poderiam ser modificados, selecionados  e alterados para que...

- Não há a mínima chance de eu formar uma unidade familiar com uma espécie inferior de outro planeta! - sua voz cresceu dois tons agora.

- Eu poderia pedir que não fosse esnobe arrogante, mas penso que seria inútil.- A irmã  virou a cabeça para observá-lo com o canto dos olhos e fez um som que o fez estremecer .Era o típico resmungo das fêmeas de Thazan de desprezo. -Bem, eu sou especialista em fisiologia reprodutiva e manipulação genética de embriões e por sua sorte sua irmã, com quem mais falaria? 

- Com qualquer um,menos você- voltou a retrucar  se preparando para iniciar a sessão de treinamento- Se não tem mais ada a dizer estamos terminados.

- Certo - a irmã  deu os ombros e continuou se afastando, mas continuo o diálogo - Mas seria no mínimo interessante.  Lembre-se que nossa espécie esta longe de ser "pura" .- ela observou fazendo-o lembrar de todos os anos de pesquisa genéticas que tinham modificado os habilitantes do planeta a nível celular - Se quiser se juntar a nós estaremos tendo uma refeição, irei conhecer melhor nossos hóspedes.

- Prisioneiros. - murmurou sabendo que ela podia ouvi-lo.

-  Que seja, mamãe acredita que são inocentes. Ela tem melhores instintos que você quando se trata de avaliar pessoas, mesmo de outra espécie. - a irmã olhou para trás e ficou com a última palavra quando a porta se fechou deixando-o sozinho.

- Então ela devia ter ido a Estação recepcioná-los e não eu! - resmungou e  sendo pego distraído pelo primeiro golpe do androide foi lançado há metros com o impacto da arma de treino.