Daisy
- Por que esta abrindo a boca e emitindo esse som estranho?
Observou Liyen guardar um dos tubos, fruto das novas coletas feitas naquela manhã. A análise mostrara que seus níveis de HEVA estavam estáveis- para os padrões Thazan - e que seus hormônios humanos estavam aparentemente normais - esperava que o "aparentemente" fosse apenas uma escolha de palavra inadequada do tradutor.
A fêmea fora buscá-la em seu quarto diante dos primeiros raios do Lux e esperara pacientemente até que estivesse minimamente acordada e pronta para a nova bateria de exames. Aproveitara também para insistir que comparecessem ao jantar daquela noite afirmando que era indelicado ignorarem os sucessivos convites. O que poderia dizer? Korus ocupava suas noites e Zador seus dias, realmente suas últimas refeições eram apressadas e em intervalos cada vez mais irregulares.
- Fazemos isso quando não dormimos o suficiente- disse por fim respondendo a pergunta.
- Mas humanos dormem tanto!
Daisy revirou os olhos ao comentário enquanto descia da mesa de exame. Assumia parcela de culpa pelo estado sonolento que se encontrava, uma pequena parcela dela.
- Como sua família reagiu a notícia?- Liyen olhou rapidamente em sua direção antes de voltar a atenção à tela a sua frente.
Daisy ergueu a mão onde o solitário brilhava e sorriu. Apesar do óbvio aborrecimento de Korus ainda usava a jóia. Sua reação fora tentar cobrir sua mão sempre que estavam na presença de outras pessoas- um gesto que na opinião exercia o efeito ao contrário chamando mais atenção do que o necessário para eles- mas não reclamaria, era agradável andar de mãos dadas.
- Acho que ficaram um tanto surpresos- respondeu sucinta.
Um tanto "surpresos" era eufemismo. Diante do pedido formal de Korus seus pais ficaram estáticos por longos segundos até sua mãe gaguejar uma resposta inaudível e o pai apenas repetir algo como "Ah...certo", depois de olhar rapidamente para ela que só abaixara e sacudira a cabeça entre as mãos. A reação de sua irmã fora estreitar os olhos em sua direção, uma promessa velada de retorno pelo que - tinha certeza - interpretava como uma traição. Sim, devia ter lhe contado antes.
- Não esperavam que sua filha fosse se vincular a um macho de outra espécie há anos luz de sua casa.
- Acho que eles não esperam que eu me "vinculasse" a macho algum - corrigiu - Mas acredito que o discurso de Korus explicando que já somos um par geneticamente vinculados e formamos uma unidade familiar de acordo com as regras de Thazan tenha sido um tanto atordoante para meus pais. Principalmente a parte onde dizia que me manteria independentemente da autorização deles para realizar a cerimônia humana arcaica onde os genitores entregam a posse da descendência - franziu o cenho - Minha mãe entrou em contato comigo isoladamente e me questionou se eu estava sendo mantida como escrava sexual - estremeceu com a lembrança da conversa- O pior? Acho que meu pai pediu para que perguntasse.
- Não entendo a preocupação deles, abolimos a escravidão há milhares de anos e Korus é um macho impressionante e muito dedicado, apesar de um pouco carente de habilidades diplomáticas.
Daisy ergueu uma sobrancelha.
- Muito carente - a princesa corrigiu parecendo reconhecer seu gesto de descrença - Seu ambiente de conforto é junto a seus homens dando ordens, definindo treinamentos e estratégias, mas sempre quis formar uma unidade familiar, ao contrário de Pax.
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Daisy e o Príncipe Negro
Ciencia FicciónKorus: Pelos sóis de Thazan, isto é a espécie feminina da Terra? Pálida, pequena, magra e com estranhos cabelos vermelhos. E onde estão suas orelhas? Algumas espécies realmente quiseram procriar com eles? Só podiam estar desesperados atrás de fême...