34- Ele é muito persuasivo...

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Daisy


- Por que  esta  abrindo a boca e  emitindo esse  som estranho?

Observou Liyen guardar um dos tubos, fruto das novas coletas feitas naquela manhã. A análise mostrara que  seus  níveis de HEVA estavam estáveis- para os padrões Thazan - e que seus hormônios humanos estavam aparentemente  normais - esperava que o "aparentemente" fosse apenas uma escolha de palavra inadequada do tradutor.

A fêmea fora buscá-la em seu quarto diante dos primeiros raios do Lux e esperara pacientemente  até que estivesse minimamente acordada e pronta para a nova bateria de exames. Aproveitara também para insistir que  comparecessem  ao jantar daquela noite  afirmando que era indelicado ignorarem os sucessivos convites. O que poderia dizer?   Korus ocupava suas noites e Zador seus dias, realmente suas últimas refeições   eram apressadas e em intervalos cada vez mais irregulares.

-  Fazemos isso quando não dormimos o suficiente- disse por fim  respondendo a  pergunta.

- Mas humanos dormem tanto!

Daisy revirou os olhos ao comentário enquanto descia da mesa de exame.  Assumia parcela  de culpa pelo estado sonolento que se encontrava, uma pequena parcela dela.

- Como sua família reagiu a notícia?- Liyen olhou rapidamente em sua direção antes de voltar a atenção à tela a sua frente.

Daisy  ergueu a mão onde o solitário brilhava e sorriu. Apesar do óbvio aborrecimento de Korus  ainda usava a jóia. Sua reação fora tentar cobrir sua mão sempre que estavam na presença de outras pessoas- um gesto que na opinião exercia o efeito ao contrário chamando mais atenção do que o necessário para eles- mas não reclamaria, era agradável andar de mãos dadas.  

-  Acho que ficaram um tanto surpresos- respondeu sucinta.

Um tanto "surpresos" era eufemismo.  Diante do pedido formal de Korus seus pais ficaram  estáticos por longos segundos  até  sua mãe gaguejar uma resposta inaudível e o pai apenas repetir algo como "Ah...certo",  depois de olhar rapidamente para ela que só abaixara  e sacudira a cabeça entre as mãos.  A reação de sua irmã  fora estreitar os olhos em sua direção,  uma promessa velada de retorno pelo que - tinha certeza - interpretava como uma traição.  Sim, devia ter lhe contado antes.

-  Não esperavam que sua filha fosse  se vincular a um macho de outra espécie há anos luz de sua casa.

-  Acho que eles não esperam que eu me "vinculasse" a macho  algum - corrigiu - Mas acredito que o discurso de Korus explicando que já somos um par  geneticamente vinculados  e formamos uma unidade familiar de acordo com as regras de Thazan tenha sido um tanto atordoante para meus pais. Principalmente a parte onde dizia que  me manteria   independentemente da autorização deles para realizar a cerimônia humana arcaica onde os genitores entregam a posse da descendência - franziu o cenho - Minha mãe entrou em contato comigo  isoladamente e me  questionou se eu estava sendo mantida como escrava sexual - estremeceu com a lembrança da conversa- O pior? Acho que meu pai pediu para que perguntasse. 

- Não entendo a preocupação  deles, abolimos a escravidão há milhares de anos e Korus é um macho impressionante  e muito  dedicado, apesar de um pouco carente de habilidades diplomáticas.

Daisy ergueu uma sobrancelha.   

-  Muito carente - a princesa corrigiu parecendo reconhecer seu gesto de descrença - Seu ambiente de conforto é  junto a seus homens dando  ordens, definindo treinamentos e estratégias, mas sempre quis formar uma unidade familiar, ao contrário de Pax.

Daisy e o Príncipe NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora