- Este lugar está ocupado?
Voltei a cabeça rapidamente para trás, vendo Brandon, em pé, dirigir um olhar calmo e carismático para mim, muito diferente do que vi lá fora, quando seus olhos eram apenas escuridão e o sangue em suas veias, mais parecido com piche naquele momento, pulsava como se o seu coração pudesse bombeá-lo três vezes mais rápido e forte do que o normal pelas suas veias.
- O quer de mim? - perguntei, desconfiada me preparando para levantar, percebendo que perdi Alarik de vista.
- Aquele homem com quem esteve a falar...
- Alarik!? - questionei.
- Não confie nele.
Brandon puxou a cadeira e sentou ao meu lado. Seus dedos tamborilaram sobre a superfície metálica da mesa por algum tempo antes de, decidir se ia ou não, voltar a falar comigo. Fiquei observando isto e então pigarreei.
- Se essa era a sua preocupação, saiba que não confiarei. Mas saiba também que não é porque um garoto que, eu nem sequer conheço, me disse para não fazê-lo.
- Era apenas um conselho. - Ele sorriu de lado, levantando as mãos. - E não, não estou preocupado. Na verdade estou interessado.
Aquela escolha de palavras me deixou confusa e intrigada.
- Eu sei que não está! - Confrontei, mudando a postura na cadeira em inclinação para sua direção. Brandon me encarou com o cenho franzido. - Ouvi dizer que você tem uma queda pela Robertta.
- Fique tranquila, não é esse o tipo de interesse que tenho em você.
- Então você não nega?
Arqueei uma sobrancelha, o garoto não esboçou muito ânimo em responder. Percebendo isso, engatei em outra pergunta.
- Então rapaz, qual o seu interesse em mim?
- Sua mãe levou uma coisa consigo depois de ser banida da Ordem.
Engoli em seco. É claro que em algum momento a Ordem descobriria onde eu estava e mandaria alguém vir me buscar. Só não imaginava que seria tão rápido.
- Você é bem direto. Mas eu posso afirmar que minha mãe não é uma ladra.
- Arabella Hollunya, a feiticeira-rebelde? A que se apaixonou por um não-guer sabendo que era proibido? Sua mãe enfrentou as consequências de sua escolha e isso é louvável. Mas, propositalmente ou não, ela acabou levando um mecanismo de controle para portais entre mundos e dimensões.
Meus olhos vagaram pelo refeitório, ganhando tempo. Alexandra estava encostada na parede ao lado de uma das saídas. Seus braços cruzados sobre um uniforme-armadura, bem ajustado ao corpo, feito de metal reluzente e polido na parte de cima e nos braços, contrastando com a saia longa de tecido encorpado na cor preta. Com certeza era muito diferente e mais chamativo do que aquele que o Comando havia disponibilizado quando chegamos. Ela notou que a olhávamos e veio, com passos decididos e postura altiva, até nós.
- Nossa teoria é que se este artefato cair em mãos erradas não teremos nem chance de lutar contra a extinção da raça.
Desviei os olhos para ele. Os fechei e respeirei.
- Eu perguntaria "como descobriu sobre mim e meus pais", mas isso seria tolice. Então, em que posso ajudar?
- Fui eu! - Sinalizou a feiticeira, ao que Brandon e eu olhamos ao mesmo tempo. - "Siér vëra racherye irrah" é um feitiço antigo de acesso à mente. Não foi minha intenção, mas em meio às lembranças eu vi seu pai e o reconheci. Me desculpe.
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Legado e Ascensão
FantasyLizlee Deskran é uma garota que nasceu e viveu em Leeland - a capital do novo mundo, conhecido como Lizma - até o ano 6240 (4.180 anos após um fenômeno global, desencadeado por uma sucessão de cataclismos, resultado de armas biológicas e nucleares q...